Pesquisadores da Ufam debatem discriminação linguística em congresso internacional
Professores e alunos apresentaram 13 trabalhos, abordando temas como discriminação linguística, educação intercultural e línguas indígenas amazônicas

Professores e estudantes de pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) participaram do IV Congresso Internacional “Llamado contra la discriminación lingüística desde el Perú en el marco del Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas en Iberoamérica”, realizado de forma virtual entre os dias 10 e 12 de dezembro.
Os pesquisadores da universidade apresentaram, ao todo, 13 trabalhos que abordaram temas da discriminação linguística e da educação intercultural, com destaque para as línguas indígenas amazônicas. Confira a lista dos trabalhos apresentados ao final da matéria.
“Todos colaboraram com reflexões sobre o desaparecimento das línguas amazônicas, a educação intercultural bilíngue, o envolvimento dos professores no ensino, a aprendizagem e a transmissão de valores na promoção da manutenção das línguas vivas”, explicou a professora Elizabeth Tavares Pimentel, coordenadora do Mestrado Acadêmico em Ensino de Ciências e Humanidades (PPGECH), do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA/Ufam).
A Ufam também colaborou na organização do evento com a divulgação, a transmissão ao vivo da programação nas redes sociais e a moderação de mesas centrais.
Debate para a preservação
Com expositores da América Latina, África e Europa, a quarta edição do evento buscou debater o uso, a revitalização e a proteção das línguas indígenas diante da discriminação linguística. Realizado durante a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), instituída em 2019 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o objetivo é manter a realização do congresso durante dez anos para promover a luta pelas línguas indígenas no Peru e na Ibero-América.
O congresso foi organizado pelo Instituto de Investigações de Linguística Aplicada (Cila), da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, do Peru. Também integraram a organização do evento, além da Ufam, a Universidade Federal do Pará, a Universidade de Antioquia, a Universidade Pedagógica Experimental Libertador da Venezuela e instituições peruanas como o Júri Nacional de Eleições.
Discriminação linguística
A professora Elizabeth Pimentel explica que a discriminação linguística se caracteriza pelo tratamento desfavorável das línguas, das variedades linguísticas e dos falantes, os quais perdem oportunidades e sofrem situações de injustiça sociolinguística.
“Alguns exemplos de discriminação linguística ao longo da história da humanidade foram o acesso à educação da população que fala uma língua indígena ou a demissão ou não contratação de mulheres e homens que se comunicam em uma língua nativa diferente das línguas estrangeiras e hegemônicas, ou porque não pertencem a uma classe social específica”, exemplificou a coordenadora do PPGECH/Ufam.
Confira os trabalhos apresentados pelos pesquisadores da Ufam:
| Título | Autor(es) |
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La amenaza de extinción de las lenguas indígenas de la |
José Maciel (Universidade Federal do Amazonas) |
| Inclusão da leitura de histórias ancestrais em línguas amazônicas como recurso didático na Educação Infantil do Amazonas - indicador de qualidade e valorização da interculturalidade da região |
Marcos Bezerra de Sousa (Universidade Federal do Amazonas) |
| A consciência da valorização das línguas locais como identidade cultural inalienável a ser preservada: uma perspectiva comparada, Amazónia e Moçambique |
António Alone Maia (Universidade Rovuma) |
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Inclusão de histórias narrativas ancestrais das culturas fula e mandinga no currículo escolar da Guiné-Bissau – fator de valorização cultural e qualidade de ensino |
Ussumane Baldé (Universidade Federal do Amazonas) |
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Línguas maternas indígenas em uma Universidade no Sudeste e Sul do Amazonas/Brasil |
Gilvânia Plácido Braule (Universidade Federal do Amazonas) |
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Por uma educomunicação do povo Sateré-Mawé |
Jousefe Oliveira (Universidade Federal do Amazonas) |
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O uso de línguas originárias nas redes sociais: barreiras na comunicação e o preconceito linguístico no Amazonas, Brasil |
Wesley Campos (Universidade Federal do Amazonas) |
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A voz dos povos originários da Amazônia no ciberespaço: resistência à discriminação linguística em mídias virtuais |
Patrícia Gaspar Ferreira da Silva (Universidade Federal do Amazonas) |
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Política linguística como política pública em escolas indígenas no contexto amazônico |
Jessica Diana da Cruz Carvalho (Universidade Federal do Amazonas) |
| Revitalización de las lenguas indígenas en peligro mediante la traducción | Adriano Da Silva (Universidade Federal do Amazonas) |
| Preconceito Linguístico e Desafios Curriculares em Contextos Africanos Lusófonos |
Elton Júlio Valentim (Universidade Federal do Amazonas) |
| Línguas maternas indígenas em uma Universidade no Sudeste e Sul do Amazonas/Brasil |
Gilvânia Plácido Braule (Universidade Federal do Amazonas) |
| Clausura |
Johanna Rivero Belisario (Universidad Pedagógica Experimental Libertador - Instituto Pedagógico de Caracas) |
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