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Ufam comemora os 60 anos de instituição da Universidade do Amazonas, sua precursora

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Faculdades de Engenharia, Farmácia, Medicina e Odontologia, além da Seção de Letras, foram regulamentados em 1965, marcando o início do funcionamento da UA, que se tornou Ufam em 2002

Na manhã de hoje, 17 de dezembro, em Sessão Especial do Conselho Universitário (Consuni), foram festejados os 60 anos de instituição da Universidade do Amazonas (UA), entidade que deu origem à Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em 20 de novembro de 1965, foi publicada a Resolução n. 06/1965, cuja finalidade foi a de regulamentar o funcionamento das Faculdades de Engenharia, Medicina, Odontologia e Farmácia. A Seção de Letras foi criada pela Resolução n. 02/1965, e todas elas foram integradas à estrutura da UA. A solenidade ocorreu no auditório Rio Amazonas da Faculdade de Estudos Sociais (FES).

 

Ao reunir membros do Consuni e dos Conselhos de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) e de Administração (Consad), a sessão comemorativa possibilitou a retrospectiva aos marcos históricos que ajudaram a criar e a consolidar cursos de graduação e unidades homenageadas, mas também a própria Universidade do Amazonas e, em 2002, tornou-se Ufam. Cada diretor/a de unidade expôs o histórico, os desafios em cada contexto, as conquistas ao longo das décadas e as perspectivas. Além disso, um diploma foi entregue pela reitora, professora Tanara Lauschner, aos gestores das cinco Unidades precursoras.

Em seu discurso, a reitora fez o retrospecto a respeito da instituição desta Universidade, ainda sob a sigla de UA, a partir de duas principais normas: as já mencionadas Resolução n. 06/1965 e, antes dela, de março daquele ano, a Resolução n. 02/1965. Esta última já havia autorizado o funcionamento da Seção de Letras, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em março. A segunda, de novembro, foi aquela que definiu o início das atividades dos cursos de Odontologia, Farmácia, Medicina e Engenharia. No entanto, a professora Tanara enfatizou que, para além das normas, a contribuição histórica, política e social da Universidade foi o ponto alto da celebração.

“A história de uma universidade pública é mais do que revisitar datas e atos normativos, é reconhecer que instituições como a Ufam são construídas a partir de um diálogo profundo com os processos políticos, sociais e culturais. A Universidade do Amazonas, como nós conhecemos hoje, nasceu em 1962, num momento absolutamente singular da história brasileira. Era o ano da primeira experiência parlamentarista do País, com João Goulart como presidente da República e Tancredo Neves como primeiro ministro. O Brasil vivia intensos debates sobre o futuro, entre os quais a necessidade de modernizar o Estado, reduzir desigualdades e implementar reformas estruturais [...] de forma muito especial, a reforma educacional. Não é coincidência que uma Universidade tenha sido criada exatamente nesse contexto”, disse a professora Tanara Lauschner. Ao concluir a fala, ela lembrou sob emoção o lugar onde funcionou a Reitoria em  1996: “Há uma antiga planta do terreno onde foi construído o nosso campus. Nela aparece um pequeno sítio, que foi desapropriado e que definitivamente deu lugar à Universidade [...] o nome desse sítio era Liberdade”.

Pioneirismo no Amazonas 

Diretor da Faculdade de Tecnologia (FT), a qual propôs a sessão especial, o professor João Caldas do Lago Neto mencionou as conquistas da Unidade hoje dirigida por ele, reconhecendo o esforço dos precursores e daqueles que fortalecem a Unidade há várias décadas. “Hoje a FT  tem 12 cursos de graduação e oito pós-graduações. Nós temos muito a comemorar”, disse o docente. “Foi com aquela Resolução que um antigo sonho se tornou realidade: a criação da Faculdade de Engenharia, com um único curso inicialmente, o de Engenharia Civil. [...] Havia sim desafios monumentais, mas tinha algo maior que isso: coragem. A coragem de professores pioneiros, de servidores comprometidos e de jovens estudantes que acreditaram que a Engenharia poderia ser a ponte entre o Amazonas e o futuro. No início de 1966, sob a direção do professor Vilar Fiúza da Câmara, foi quando a primeira turma de Engenharia Civil da UA ingressou”, disse o professor João Caldas.

Já o professor Edson de Oliveira Andrade, diretor da Faculdade de Medicina (FM), fez um discurso livre, embora tenha sido acompanhado de imagens. De saída, ele falou sobre a própria experiência - e as dos irmãos - como estudantes das primeiras turmas dos cursos. “Eu poderia aqui fazer uma lista de coisas que foram feitas nesse período, e são muitas. Hoje temos quase seis mil médicos formados [...]. Eu poderia listar aqui todos os diretores, todos os chefes de departamento… e isso seria merecido. Mas eu prefiro trazer aqui aqueles que são anônimos ou quase anônimos. O prédio onde isso começou ainda existe, é uma biblioteca hoje, e leva o nome do professor Manuel Bastos Lira. Olha, para abrir o curso obviamente seria necessário ter livros, mas a UA não tinha nem um livro da área da saúde, nem livro e nem dinheiro. A biblioteca que foi mostrada ao MEC era a dele e a do professor João Lúcio Pereira Machado”, ressaltou o diretor da Medicina, sobre os precursores.

Representando a Faculdade de Odontologia, a professora Carina Toda, diretora, foi a única mulher no rol de cinco gestores que participaram da homenagem às respectivas Unidades. Ao longo de uma exposição firme e sensível, a docente veio às lágrimas quando lembrou de como a FAO se uniu para atravessar a pandemia de covid-19, sobretudo porque o curso demanda atividades de aproximação. O discurso resumiu tanto os aspectos históricos, com registros fotográficos e documentais, quanto a forma como a Unidade vem se consolidando no ensino, na pesquisa e na extensão ao longo dessas décadas. Conforme a professora analisou, partiu-se de uma demanda da sociedade amazonense por profissionais da Odontologia para uma atuação pioneira que articula as especificidades regionais na formação em nível de graduação e pós-graduação. Sobre o início dessa trajetória, uma curiosidade: “O estudo prático das componentes do curso era realizado em gabinetes odontológicos dos próprios professores e no hospital da Santa Casa de Misericórdia de Manaus. Esse fato foi modificado quando houve a  inauguração dos laboratórios de próteses e clínicas odontológicas”.

Diretor da Faculdade de Farmácia, o professor Antônio Batista da Silva iniciou parabenizando aqueles que contribuíram para a construção da UA. “É uma grande satisfação ser parte nesta comemoração de 60 anos de instituição da UA. Quero dar os parabéns aos representantes das Faculdades de Odontologia, Medicina, Letras e Tecnologia. […] O farmacêutico é alguém cuja formação abrange várias áreas, desde a biologia, a física, a matemática e a química até as ciências sociais. Ele quem promove a saúde e a qualidade de vida das pessoas, junto de outros profissionais”, enumerou, ao relacionar o rol de competências acumuladas pelos/as farmacêuticos/as. Depois de traçar um breve histórico da profissão no País, o diretor da FCF passou a falar dela no Amazonas. Segundo ele, em 1910, já havia a formação no estado, com alunos matriculados nos cursos de Odontologia, Medicina e Farmácia, com 22 vagas preenchidas neste último. “Em 1925, a congregação geral da Universidade de Manaus aprovou o estatuto que resultou na transformação da universidade em associação vulgarizadora do ensino […]. Mas foi em 62 que foi criada a antiga FUA, mantenedora da nossa universidade. Contabilizando desde a sua primeira turma, a Faculdade de Farmácia já formou mais de mil profissionais, e entregará a sua turma 121 em breve. Atualmente, a Faculdade funciona no setor Sul do campus, com 100% do seu quadro composto por doutores, todos os TAEs graduados e 42 vagas anuais para a graduação”, afirmou o docente, ao listar conquistas recentes, como a consolidação de uma pós-graduação regionalizada.

Diretor da Faculdade de Letras, o professor Robert Langlady Lira Rosas rememorou o histórico da Unidade, ao mesmo tempo em que reconheceu os principais artífices dessa trajetória e projetou os objetivos a serem alcançados pela Flet. “Com a resolução que autorizou o funcionamento da Seção de Letras na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UA, ali não se criavam apenas cursos, mas o compromisso de formar professores de línguas capazes de ler a realidade antes mesmo de decifrar signos. Uma missão que, no Amazonas, sempre foi atravessada por distâncias e desigualdades e por desafios históricos. […] Ao celebrar 60 anos, celebramos menos uma estrutura e mais a comunidade. Uma comunidade de docentes e técnicos administrativos que sustentam com o trabalho cotidiano a pertinência dos cursos, e aqueles que se aposentaram ou já não estão entre nós, mas que permanecem na memória institucional da Flet e inscritos nas palavras que deixaram, nos gestos que ensinaram e nas práticas que formaram gerações. Celebramos sobretudo os estudantes e egressos, as pessoas que dão sentido último a essa história. Cada professor formado, cada pesquisador e profissional que passou pelos cursos de Letras leva consigo um fragmento dessa trajetória e a projeta para além da universidade. Este aniversário se celebra também sob o signo do futuro concreto, a iminente conclusão do novo bloco da Faculdade de Letras, obra em andamento. Mais do que um edifício, trata-se de um gesto de continuidade institucional de reconhecimento da história construída e de aposta no que ainda virá”, discursou o diretor da Flet.

Breve Histórico

A Lei Federal n. 4069-A, que criou a Fundação Universidade do Amazonas, foi assinada no dia 12 de junho de 1962. A Universidade do Amazonas nasceu em 1962, quando o Brasil vivia uma experiência política parlamentarista e o presidente da República era João Goulart. Depois da retomada do presidencialismo por plebiscito, em 1963, a reação conservadora recrudesceu e a consequência disso foi o Golpe Civil-Militar de 1964. Goulart foi deposto e o intento golpista se concretizou com a implantação da ditadura no País.

Essa norma federal estabeleceu a UA como instituição de ensino superior sediada em Manaus, assegurando-lhe autonomia e estrutura administrativa. Além disso, definiu o principal objetivo da entidade: promover o ensino, a pesquisa e a divulgação científica e cultural. Desde então, a UA passou a ter patrimônio próprio, isso porque, além dos bens pertencentes à União, inclui o conjunto daqueles utilizados pela Faculdade de Direito e a Faculdade de Ciências Econômicas, à época sob a gestão do estado do Amazonas.

A nova Universidade integrou ainda a Faculdade de Engenharia, a de Farmácia e Odontologia, a de Medicina, a de Filosofia, Ciências e Letras. Ao todo, seis faculdades já existiam de forma independente. Ao longo dos anos, outros cursos foram incorporados à estrutura universitária, visto que já existiam de forma independente e tinham trajetória própria. É o caso do Serviço Social, criado em 1941 e integrado no ano de 1968. Nessa trajetória, a inclusão mais recente ocorreu em 1997, quando a Escola de Enfermagem de Manaus foi integrada à Instituição.

Ainda na década de 1960, a Resolução n. 02/1965 autorizou o funcionamento da “Seção de Letras, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade do Amazonas, a partir de 1º de janeiro de 1965, fixando o respectivo currículo”. No mesmo ano, a Resolução n. 06/1965 estabeleceu as “normas de funcionamento das Faculdades de Engenharia, Medicina, Odontologia e Farmácia”. Essa é a data celebrada no dia 20 de novembro de 2025, quando se comemoram os 60 anos de vigência dessa norma legal. O local onde passou a funcionar o Gabinete da Reitoria no ano de 1966 era um sítio chamado Liberdade, o qual tinha sido desapropriado, conforme uma planta da época.

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