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Docente da Ufam ganha Prêmio Samuel Benchimol na categoria Iniciativa de Desenvolvimento Local (IDL)

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A professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Farmacêutica Fernanda Guilhon-Simplicio, vinculada a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), ganhou o Prêmio Samuel Benchimol de 2025, na categoria Iniciativa de Desenvolvimento Local (IDL), com o projeto “Obtenção de quitosana a partir de resíduos da agropecuária: geração de renda de modo ecossustentável”. A cerimônia de entrega do prêmio ocorrerá dia 5 de dezembro, em Palmas (TO).

Trata-se de uma premiação nacional, que tem como objetivo incentivar ideias inovadoras, sustentáveis e de relevância econômica, ambiental e social para a Amazônia. Podem concorrer pessoas, empresas, instituições públicas e ONGs de qualquer parte do Brasil e do exterior, desde que suas propostas estejam diretamente relacionadas com o desenvolvimento da Região Amazônica.

De acordo com a professora e diretora de Gestão da Inovação da Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica (Protec), Fernanda Guilhon-Simplicio, é desafiador destacar-se nesse prêmio porque há uma concorrência muito qualificada. “Isso me deixa ainda mais orgulhosa e feliz, pois venci com uma proposta oriunda de minhas atividades acadêmicas, cujos primeiros passos foram dados como um projeto de Iniciação Tecnológica do PIBITI-Protec há alguns anos. Considerando que hoje sou diretora de Gestão da Inovação da própria Protec, sinto-me particularmente feliz em poder demonstrar o quanto esse Programa é importante para nossa Universidade”, contou a premiada.

A professora falou ainda da relevância da premiação no contexto de COP30, que está ocorrendo em Belém (PA). “Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil e para a Amazônia na busca de soluções para o desafio climático, por meio do desenvolvimento sustentável e da bioeconomia. Nesse contexto, esse prêmio na categoria “Iniciativa de Desenvolvimento Local” ganha um significado ainda maior, e sinaliza que os projetos desenvolvidos pela Ufam não têm só objetivos acadêmicos ou de realização pessoal dos seus pesquisadores, mas dão atenção aos problemas reais da nossa sociedade, em alinhamento com as ODS da ONU. Como Universidade, devemos sim acompanhar e nos apoderar dos avanços tecnológicos, fazendo uso deles para promover o bem-estar social. Contudo, enquanto o mundo discute freneticamente os avanços da Inteligência Artificial em todos os campos da ciência, como amazônidas temos outros desafios mais fundamentais, como a geração de renda de modo sustentável para as populações vulnerabilizadas da nossa região, e é nosso dever olhar e buscar soluções para isso”, enfatizou.

Sobre a pesquisa premiada

A professora explicou que o projeto “Obtenção de quitosana a partir de resíduos da resíduos da agropecuária: geração de renda de modo ecossustentável” volta-se para a síntese desse polissacarídeo, que é atóxico, biodegradável e biocompatível, a partir de substância extraída de resíduos de ração animal. A quitosana pode ser aplicada em agricultura (mecanismos defensivos e adubo para plantas), tratamento de água (floculante para clarificação, remoção de íons metálicos, polímero ecológico e redução de odores), indústria alimentícia (fibras dietéticas, redutor de colesterol, conservante para molhos, fungicida e bactericida, recobrimento de frutas), indústria de cosméticos (esfoliante para a pele, tratamento de acne, hidratante capilar, creme dental), e indústria farmacêutica (suplemento para auxiliar no emagrecimento, controle do colesterol, cicatrização de feridas, liberação controlada de fármacos). Outras aplicações importantes são suturas cirúrgicas, implantes dentários, reconstituição óssea, lentes de contato e encapsulamento de materiais.

“A quitosana é um derivado da quitina, principal componente do exoesqueleto (carapaça) de insetos, aracnídeos e crustáceos, além de outros apêndices como unhas e escamas, sendo também um componente majoritário da parede celular de fungos. Em específico, desenvolveu-se um método para extração de quitina a partir do exoesqueleto da Mosca Soldado Negro (MSN), e sua posterior conversão em quitosana. A MSN é usada como fonte proteica de alimentação animal, na forma de farinhas, farelos e outras rações para peixes, aves e pets. A tecnologia desenvolvida é de baixo custo, pois todo o processo foi pensado como uma tecnologia social, para que pudesse ser aplicado nas plantas mais simples, incluindo estruturas rurais, onde grande parte dos materiais necessários pode ser reaproveitada em vários ciclos”, elucidou.

Mesmo sendo um recurso considerado sustentável, a criação de Mosca Soldado Negro (MSN) não está livre de gerar resíduos. As toneladas de exoesqueleto geradas no seu cultivo são descartadas de forma não racionalizada, sem qualquer tratamento ou reaproveitamento.“Com a implantação da tecnologia desenvolvida neste projeto, esse resíduo que hoje é apenas lixo, será convertido em um produto de alto valor agregado, bastante requisitado pela indústria farmacêutica, de cosméticos, entre outras”, disse.

A professora aprofundou lembrando que a aquacultura é bem estabelecida na Região Amazônica, que tem na criação de peixes um ponto forte da sua economia, devido a questões culturais. “O objetivo principal do cultivo da Mosca Soldado Negro (MSN) é justamente a produção de uma farinha usada como fonte de proteína em ração animal. Essa produção é barata e sustentável, já que as larvas também podem ser usadas em sistemas de compostagem. Assim, a implementação da cultura da MSN como alternativa de alimentação animal para agricultores e aquicultores da região amazônica, apresenta inúmeras vantagens econômicas, sociais e ambientais, baixando os custos de produção de peixes para fins alimentícios e ornamentais, por exemplo, com a vantagem de ser inofensiva aos seres humanos. Para além disso, o que este projeto proporciona é mais um incentivo a esse cultivo. Por meio de uma tecnologia muito acessível, os exoesqueletos de MSN gerados serão convertidos em um subproduto cujas aplicações são extensas em vários processos industriais, tornando-se mais uma fonte de renda para os criadores de MSN e/ou agricultores e aquicultores da região”, detalhou a pesquisadora.

O próximo passo é transferir o know-how para organizações ou empresas para que ela possa ser efetivamente aplicada em larga escala, beneficiando as cadeias produtivas citadas. “A tecnologia já foi desenvolvida, necessitando de poucos ajustes, e a própria PROTEC poderá fornecer o suporte necessário para os próximos passos", finalizou.

Sobre o Prêmio

O Prêmio Professor Samuel Benchimol busca reconhecer iniciativas e trajetórias pioneiras à compreensão da Amazônia e desvendar novos caminhos em prol do desenvolvimento sustentável da região. Está dividido em duas categorias. A primeira categoria, intitulada Personalidades Dedicadas ao Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica, homenageia personalidade do meio empresarial ou acadêmico, que se destacou em prol do desenvolvimento na região.

A segunda categoria busca fomentar propostas com suporte financeiro para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Intitulada Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica, tem como objetivo incentivar pequenos e médios empresários, microempreendedores e startups a apresentarem solução aos principais desafios amazônicos. A iniciativa busca fortalecer o empreendedorismo regional, oferecendo suporte para iniciativas que promovam impacto positivo, permitindo que empreendedores testem e implementem soluções inovadoras para superar obstáculos críticos ao desenvolvimento da região.

O Prêmio Professor Samuel Benchimol é realizado com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federações de Indústrias da Amazônia Legal, Banco da Amazônia e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).

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