Festa da Ciência na Amazônia - Premiação reconhece os melhores teses e dissertações da Ufam
Reconhecer os trabalhos que se destacaram no âmbito dos Programas de Pós-Graduação institucional e celebrar a pesquisa científica do Amazonas e da região Norte foi o objetivo da Ufam ao realizar a cerimônia de Premiação de Melhores Teses e Dissertações de 2024. A solenidade, que contou com a presença de autoridades do meio científico local e nacional, ocorreu no Auditório Eulálio Chaves, a partir das 9h, da sexta-feira, 10.
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A reitora Tanara Lauschner destacou em seu pronunciamento o esforço coletivo que deve haver em torno da ciência na Amazônia dadas as características da região. “Temos aqui o resultado de pelo menos um ano de pesquisa. Claro que tem pessoas, pesquisadores, pesquisadoras e estudantes que estão há bem mais tempo debruçados nas suas pesquisas. E esse é um momento de reconhecimento da gestão superior, da Propesp, para as pesquisas que são realizadas na nossa Instituição. A gente sabe que fazer pesquisa na nossa região é diferente do que fazer pesquisa de repente no Sudeste. A gente sabe que os recursos que a nossa região recebe, que o nosso Estado recebe, são inferiores a, por exemplo, os recursos que o Sudeste recebe. E mesmo assim, nós temos excelentes pesquisadores, pesquisadoras e excelentes pesquisas. E é nosso dever valorizar esse trabalho e reconhecer toda a importância da pesquisa que é realizada aqui na nossa Instituição”, declarou. “Quero dizer o quanto é importante que a gente apoie e faça o acompanhamento dos nossos programas de pós-graduação para que a gente tenha os nossos índices, como falou bem o nosso vice-reitor, para que a gente tenha as nossas notas na Capes, que a gente possa ter mais programas com nível 4, com nível 5, com nível 6, conquistar pela primeira vez um programa nível 7, acho que a gente precisa trabalhar para isso, mas eu acho que registrar que independente da nota dos nossos programas, todos os programas que são realizados na Universidade Federal do Amazonas, nos seus seis campi, tanto em Manaus quanto no interior, são programas de extrema importância para a formação no nosso estado, para a formação de professores, para a formação de pesquisadores, para a inovação na nossa região, porque aqui nós também estudamos, pesquisamos, inovamos em cima dos problemas da nossa região e a gente pensa em soluções para a nossa região”, expressou.
O vice-reitor, professor Geone Maia, em sua fala, ressaltou a importância da pesquisa e da pós-graduação na região e a necessidade de mais investimentos em ciência na Amazônia. “Agora, acho que cabe também refletir, como foi bem falado aqui, que hoje é um dia de reconhecimento e de muito reconhecimento. Por que eu falo isso? Porque nós fazemos pesquisa na Amazônia, onde muitas vezes os recursos que nós recebemos para fazer pesquisa são insuficientes para que a gente alcance ainda melhores resultados para essa divulgação. Nós temos pesquisadores de excelência, mas precisamos sim de investimento, porque fazer ciência na Amazônia, a gente tem, como a gente cita, deslocamento, isso tudo encarece muito mais das nossas pesquisas”, disse. “Portanto, hoje realmente é um dia de bastante reconhecimento da nossa produção científica. Então, parabenizo a todos os docentes e a todos os discentes dos programas de pós-graduação por esse momento. E agradecer de forma especial também à Fapeam, que sempre tem dado apoio à realização das nossas pesquisas aqui no estado do Amazonas. Então, agradeço mais uma vez a todos e que nós tenhamos um excelente evento de premiação”, completou.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufam, professora Adriana Malheiro, abordou o protagonismo da Ufam na produção científica de excelência. “É uma alegria para a gente estar aqui com vocês. É com muito orgulho que a Universidade Federal do Amazonas realiza essa cerimônia de premiação das melhores teses e dissertações de 2024. Esse é um momento em que celebramos o mérito acadêmico, o rigor científico e a dedicação dos nossos pesquisadores e pesquisadoras. Este evento não é apenas uma homenagem aos resultados, mas também a trajetória de vocês. Cada tese e cada dissertação aqui reconhecida representa anos de trabalho, de descobertas, de noites sem dormir e, sobretudo, de comprometimento com o conhecimento, com o desenvolvimento da nossa Amazônia”, iniciou. “Nos últimos anos, a pós-graduação da Ufam tem vivido um período de crescimento e consolidação. Temos ampliado os nossos programas de pós-graduação, aumentado a produção científica qualificada e contribuindo de forma decisiva para a formação de mestres e doutores comprometidos com o desenvolvimento sustentável da região. Esse avanço é fruto de trabalho coletivo, de servidores e servidoras, professores, e é claro, os nossos estudantes de mestrado e doutorado, que são a razão de existir da nossa Universidade e que, com coragem e perseverança, enfrentam os desafios da pesquisa em nossa região. A todos e todas, o nosso reconhecimento e a nossa gratidão, celebrar as melhores teses e dissertações, é também reafirmar o papel da Ufam como protagonista da ciência na Amazônia, comprometida com a produção de conhecimento de qualidade, com a inovação e com a transformação social”, completou.
O diretor da Diretoria de Acompanhamento e Avaliação da Pós-Graduação da Capes, professor Antônio Gomes de Souza Filho, participou da solenidade e destacou o papel da universidade pública brasileira. “É emocionante presenciar e ter a oportunidade de participar desse evento na Ufam, com esse auditório lotado e entusiasmado. Celebrar é preciso e é muito bom celebrar a ciência, é muito bom celebrar a pesquisa. Mas, mais do que isso, como eu vou ter a oportunidade de conversar com vocês na palestra, eu gostaria de dizer para todos e todas que, além de celebrar a excelência, além de celebrar os bons resultados que foram obtidos, esse também é um momento de reafirmação em que nós devemos celebrar, acima de tudo, a universidade pública brasileira. O único lugar desse Brasil que todos os Brasis se encontram, que todos os Brasis sonham juntos. Então, eu acho que esse momento é também um momento de darmos um grande viva à educação pública brasileira e um grande viva às universidades pelo o que estão fazendo. Parabéns a todos e todas pelo dia de hoje”, disse.
Representando a Fapeam, a professora Simone Baçal exaltou a qualidade das pesquisas feitas na Ufam. “Nesse momento de festa, a gente percebe que, a partir dessas premiações que serão feitas, os resultados do trabalho de excelência e qualidade realizado pela Universidade Federal do Amazonas são evidentes. A Fapeam se sente muito honrada em estar aqui na mesa, a partir do momento em que a gente percebe que esse nível de qualificação também é fruto de um trabalho coletivo e só é possível chegar a essa excelência quando trabalhamos de forma diretamente ligada aos interesses também que são das comunidades da nossa região”, salientou.
O representante da Associação de Pós-Graduandos e Pós-Graduandas da Universidade Federal do Amazonas, Carlos Eduardo Silva celebrou a conquista e a resiliência dos estudantes e profissionais premiados. “É uma honra estar aqui hoje, representando a todos, sobretudo nesse espaço que é muito importante, muito especial e muito significativo para a nossa comunidade acadêmica, que é esta solenidade de premiação das melhores teses e dissertações da nossa Universidade. Penso que esse é um espaço não só de celebração da produção dos nossos conhecimentos e dos resultados das nossas pesquisas, mas também um espaço para reafirmarmos a nossa resistência enquanto pesquisadores e pesquisadoras do Amazonas. Não é fácil pesquisar aqui, porque nós temos muitos atravessamentos que só nós entendemos, que só nós quando estamos no campo, no laboratório, nas escolas, nas comunidades, entendemos”, expôs.
Palestra - “O Futuro da Pós-Graduação”
O professor Antônio Gomes de Souza Filho, diretor da Diretoria de Acompanhamento e Avaliação da Pós-Graduação da Capes, proferiu a palestra sobre a pós-graduação brasileira, na qual apresentou dados passados e presentes sobre o desempenho da pesquisa científica no País. “Enquanto em 1970, quando a Ufam criava o seu primeiro programa de pós-graduação, um dos únicos na região, o Brasil só ofertava pós-graduação em 23 cidades. E hoje nós ofertamos pós-graduação em 350. Então, é preciso, quando a gente olha aquele mapa da pós-graduação capilarizado agora, em 2025, é preciso pontuar e deixar marcado claramente o que levou a essa expansão. E é preciso dizer e reafirmar, porque isso também é resultado de um projeto político. E nós conseguimos fazer essa expansão, o Estado brasileiro conseguiu fazer essa expansão, porque em algum momento, ali no primeiro governo Lula, o Brasil decidiu que ia investir 30% dos recursos dos editais nas regiões Norte e Nordeste. Isso é decisão política. Sem essa decisão, nós não teríamos aumentado os números da pesquisa em todo o Brasil. Sem uma outra decisão muito importante também do governo Lula e que depois continuou com o governo Dilma: a expansão das universidades federais. Sem a expansão das universidades federais, a gente não teria criado diversos campi que hoje são universidades e, portanto, a gente não tinha uma situação capilarizada”, pontuou. “Isso é muito importante. Mas, mais do que isso, é importante olhar a qualidade do que é feito e a relevância do que é produzido. E eu trago dois indicadores, poderia trazer uma dezena deles, mas eu trago dois. E trago dois recortes da produção científica brasileira observada e inserida no mundo e a relevância que essa produção tem. E quando a gente olha esses dois mapas e olha para os estados que estão marcados com uma linha em destaque, eu estou me referindo aos cinco primeiros estados da federação no recorte de um indicador que olha os artigos mais citados. No outro recorte, que olha os artigos mais discutidos, e aí a gente tem a mágica e a grata satisfação de perceber que, nesses dois indicadores, a gente tem os cinco primeiros estados de todas as regiões do Brasil, com destaque, inclusive, para o estado do Amazonas. Isso era inimaginável há 20 e 30 anos atrás e hoje é uma realidade. E também merece celebração. Se a gente olhar outro dado, numa outra base, numa outra perspectiva, a gente encontra o mesmo resultado. Quando a gente olha a relevância da produção de cada estado da federação brasileira, rapidamente a gente encontra estados da região Norte e da região Nordeste entre os que mais se produzem com relevância e com relevância internacional, porque esse dado e esse indicador é um olhar e um reconhecimento da comunidade do mundo”, argumentou.
Premiações
Dissertações
A Ufam, por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), procedeu a homenagem aos atores e orientadores dos melhores trabalhos de dissertações e teses de todos os programas de pesquisa da Instituição referentes a 2024. Foram, ao todo, 53 trabalhos premiados entre as duas categorias. Vitória Farina Azzolin e Rita de Cássia Saraiva Nunomura são, respectivamente, autora e orientadora da dissertação “Indicadores de segurança e eficácia de extrato de guaraná e castanha do Brasil, transportado em nanopartículas de coenzima Q10, evidências em células imunes, humanas e minhoca vermelha”, eleita a melhor de 2024 do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. “Para mim tem um significado muito grande esse momento porque voltar para a pesquisa depois de sair da universidade e ir ao campo industrial e voltar para a pesquisa é um desafio muito grande. Depois que a gente sai do estudo para voltar é muito difícil. Por mais que a minha família esteja longe, eu estou aqui, eles estão no Rio Grande do Sul, mas, para mim, eles foram primordiais e é um destaque muito gratificante. Então, para mim é uma grande satisfação e com a orientação da professora Rita, então foi melhor ainda”, comentou Vitória, uma das 18 mulheres premiadas em nível de mestrado, do total de 35 de trabalhos.
A professora Rita de Cássia Saraiva Nunomura ressaltou a importância das parcerias institucionais para o melhor resultado dentro do campo da ciência. “Para mim é um orgulho porque o trabalho foi dela, por estar fazendo uma valoração do nosso produto, da nossa região, da região amazônica. E a gente poder mostrar a importância dessa matéria-prima que nós temos aqui para manter a nossa floresta em pé. E ainda tem a participação, porque isso não é um trabalho só meu e dela, tem participação da professora Ivana, principalmente, que foi a co-orientadora dela, a professora Ivana Cruz é a vice-reitora da Funat [Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade] agora, no momento, no período, ela era professora ainda na Universidade de Santa Maria. Então, isso mostra também como a pesquisa, em colaboração e parceria em rede, pode levar a resultados promissores para a nossa Instituição e para a nossa região também. Então, isso é muito importante. E no Programa de Biotecnologia, a gente desenvolveu o produto a partir da matéria-prima da região. O produto de plantas nativas da nossa região, para que possa melhorar e ter um impacto ambiental, ter um impacto social, no sentido de melhorar a saúde da população, ter um impacto também na geração de um produto que pode ser desenvolvido para gerar emprego posteriormente. Então, tudo isso a gente pensa no momento que começa a desenvolver um projeto de pesquisa, não só para formar pessoas, mas também gerar conhecimento e gerar um produto que venha trazer algum resultado para a sociedade”, expôs.
Teses
Em relação às teses que se destacaram em 2024, das 18 no total, nove foram pesquisas realizadas por mulheres e nove por homens. O trabalho de Josué Cordovil Medeiros, sob a orientação do professor Evandro Luiz Ghedin, foi o melhor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Amazônia, com o título “No banco da canoa, mas correntezas do Solimões: travessias que nos (re)fazem professoras e professores em territórios líquidos do interior do Amazonas”.
Professor do Instituto Federal do Amazonas, em Coari, Josué quis abordar em sua tese o processo de constituição identitária dos professores que atuam em escolas ribeirinhas do interior do Amazonas. “Eu sou professor ribeirinho, então, o meu desejo desde sempre foi pesquisar o processo de constituição identitária desses professores que atravessam rios diariamente, que atravessam florestas, que atravessam cheias, grandes secas para fazer a educação acontecer no interior do estado do Amazonas. A pesquisa se debruça sobre duas comunidades ribeirinhas do interior do Amazonas, mais especificamente do município de Anamã, que tem uma peculiaridade em relação a outros municípios do interior do Amazonas. O município frequentemente fica 100% alagado em épocas de grandes cheias. Então, essa característica, essa especificidade, dificulta muito o trabalho dos professores naquela região, e também dos alunos. Portanto, é um trabalho que homenageia os professores do interior do Amazonas e também os alunos do interior do Amazonas”, contou. “Fazer pesquisa é um trabalho bastante difícil, que exige sacrifício, empenho, dedicação, disposição para você se deslocar até as comunidades ribeirinhas, enfrentar os obstáculos, as correntezas dos rios, mas também que demanda muito recurso financeiro. Infelizmente, os programas não têm recursos financeiros suficientes para custear as despesas, principalmente com viagens, e essas viagens acabam comprometendo, às vezes, parte do nosso salário de professor, de educador, mas nós nos propomos a ir até essas localidades, fazer essas pesquisas e, graças a Deus, conseguimos”, revelou.
Reconhecimento
Pela primeira vez, foram homenageados também os coordenadores dos novos cursos de pós-graduação da Ufam, os professores pesquisadores pela aprovação no Programa Fapeam Produtividade em CT&I e na Chamada CNPq Nº 18/2024, bolsas de produtividade em pesquisa, entre os quais, está a professora Flávia Kelly Siqueira de Souza. “Eu acho que a Ufam celebra no dia de hoje um evento muito importante, configurando o apoio que a gente tem das instituições, tanto a nível de pós-graduação; tivemos hoje os reconhecimentos dos trabalhos produzidos no mestrado, no doutorado, e também o nosso papel como pesquisador, orientador desses alunos. Então, acho que é super simbólico, representativo mesmo. E até aproveitando a oportunidade, acho que a gente reconhece o potencial, o papel, melhor dizendo, do professor, do pesquisador, e a gente também evidencia o papel da mulher, cada vez mais presente, cada vez mais atuante, no conjunto das pessoas que foram aprovadas agora com a Bolsa Produtividade. A gente teve um número muito pequeno ainda de mulheres sendo reconhecidas e a gente sabe que tem um potencial muito grande. Eu espero aqui nesse momento que todas as minhas colegas tenham a oportunidade de serem reconhecidas e que a Ufam galgue cada vez mais esse reconhecimento a nível nacional”, concluiu.
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