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Estudantes da Ufam destacam-se no 27º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem com projeto de adereço tecnológico para monitorar saúde indígena

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Ao combinar tecnologia, sustentabilidade e respeito à cultura ancestral, o projeto apresenta solução para promover acesso equitativo à saúde em comunidades multiculturais remotas e obtém terceiro lugar na competição estudantil

Dispositivo vestível para coleta e armazenamento de parâmetros vitais que auxilia a tomada de decisões de enfermeiros e médicos. Um produto com essas características não é exatamente uma novidade – por isso mesmo que a equipe formada por estudantes de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foram muito além do básico, agregando diferenciais que vão desde o material usado até um conjunto de funções desenvolvidas especificamente para pacientes indígenas em áreas isoladas na Amazônia.

Chamado “Matü Health”, o adereço de pulso feito com sementes e outros elementos regionais emprega as tecnologias NFC (do inglês Near Field Communication, cuja tradução é Comunicação por Campo Próximo) e LoRa (do inglês Long Range, uma tecnologia sem fio e de baixo consumo energético) com o objetivo de armazenar e acessar o histórico de saúde do usuário. O dispositivo é acessível por smartphone e pode fazer o registro de dados off-line e a tradução simultânea dos atendimentos.

Esse último diferencial facilita a interação entre o profissional de saúde e o paciente e aumenta as chances do diagnóstico mais assertivo em cada caso. A ênfase no aspecto cultural, tanto pela aplicação dos elementos presentes na floresta na concepção do dispositivo quanto pelo respeito à diversidade linguística dos pacientes indígenas, trouxe mais competitividade ao projeto, o qual conquistou o terceiro lugar no NurseHack4Health™ (NH4H) Brasil, realizado entre os dias 8 e 11 de setembro, em Salvador (BA).

O evento é promovido pela Johnson & Johnson, Sonsiel: Sociedade de Enfermeiros Cientistas, Inovadores, Empreendedores & Líderes e Microsoft e teve o apoio, no Brasil, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). De acordo com a orientadora do trabalho, professora Maria Alex Sandra Costa Lima Leocádio, a conquista do terceiro lugar pela equipe da EEM garante a participação na próxima fase da competição, agora em nível internacional, e quando o prêmio de 385 mil dólares estará em disputa.

“Acreditamos que esse é o caminho para transformar a saúde por meio de conhecimento, tecnologia e compromisso social. A enfermagem é pioneira em inovação, propondo soluções viáveis e impactantes para transformar a vida das pessoas”, destaca a orientadora. Além dela, a equipe medalhista é composta pelos seguintes discentes: Amanda Figueiredo Barcelos, Amanda Valente da Silva, Beatriz Chagas de Castro, Isabelle Vitória Ribeiro Viana de Freitas e Janderson da Silva Barros.

Cultura, Tecnologia & Saúde

O Matü Health se distingue por ser uma tecnologia inclusiva para a saúde de comunidades em áreas remotas e multiculturais, e que foi pensada com foco nos povos originários da Amazônia. O projeto surgiu como forma de solucionar problemas específicos, a exemplo das barreiras de comunicação decorrentes de diferenças linguísticas, da ausência de sistemas integrados e da existência de prontuários médicos precários e desatualizados.

Ao modo de um adereço indígena usado no pulso, esse dispositivo conecta, de um lado, como pacientes-padrão, as pessoas indígenas que residem em comunidades isoladas; e, de outro, como responsáveis por extrair, organizar e interpretar o conjunto de dados, os profissionais da enfermagem atuantes nessas áreas remotas e pouco alcançadas pelas ações de saúde pública.

Em linhas gerais, o processo de atendimento tem início com um enfermeiro fazendo seu login em um smartphone e lendo o dispositivo do paciente. O aplicativo permite que se crie um novo prontuário ou que seja acessado o histórico daquele paciente, quando há um prontuário no sistema. Os dados coletados são salvos off-line e, quando o profissional retorna à base e faz a conexão à internet, esses dados são sincronizados para compor o prontuário unificado. A proposta é, portanto, parametrizar os dados com o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Siasi).

Segundo a equipe, devido à sua natureza flexível e culturalmente sensível, o projeto tem potencial de se expandir para alcançar um conjunto amplo de populações em condições vulneráveis de acesso à saúde, como ribeirinhos e imigrantes. Para tanto, os idealizadores pensam em formas de financiar esta iniciativa e as que dela decorrerem, considerando o impacto desse projeto.

Alguns fomentos estratégicos podem ser aportados, segundo eles, podem ser oriundos de entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os criadores falam ainda da possibilidade de parcerias interinstitucionais com o Sistema Único de Saúde (SUS), com governos regionais e locais, além de ONGs e fundos de impacto.

“Ainda estamos na fase de projeto, mas já estamos planejando os próximos passos, como a institucionalização da iniciativa nas pró-reitorias da Ufam e a criação de startup, que será financiada com o valor desse prêmio, além da incubação do produto, a busca por bolsas de fomento à pesquisa e a participação em editais”, resume a orientadora do Matü Health, ao contar da mais recente conquista dos criadores do produto, aprovados no edital internacional “Ocean Lab #9 2025”, processo seletivo para o programa de pré-aceleração de startups do Samsung Ocean.

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