Países da América Latina e do Caribe trocam experiências sobre programas de alimentação escolar na Amazônia
Representantes de 15 países da América Latina e do Caribe participaram de um encontro internacional em Manaus para conhecer de perto os desafios e oportunidades dos programas de alimentação escolar na Amazônia, trocar experiências e fortalecer a cooperação regional.
Por: Comunicação FAO/FNDE
Manaus, Amazonas, Brasil, 21 de agosto de 2025 – Representantes de 15 países da América Latina e do Caribe conheceram de maneira mais profunda e prática a realidade da execução dos programas de alimentação escolar na Amazônia, durante um evento internacional realizado nesta semana em Manaus. Com o título “Programas de alimentação escolar implementados na Amazônia: desafios e oportunidades”, o encontro aconteceu de 18 a 21 de agosto.
A iniciativa foi organizada pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), em conjunto com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Além disso, contou com o apoio da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Manaus (SEMED), da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar do Governo do Amazonas (SEDUC) e do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Durante a semana, as delegações internacionais visitaram escolas, creches, cooperativas e agricultores, além de dialogar com comunidades indígenas e representantes do programa de alimentação escolar dos municípios de Manaus, Presidente Figueiredo e Tonantins, no Amazonas.
Participaram do evento representantes dos governos de Belize, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, Paraguai, República Dominicana, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, Suriname e Uruguai, países membros da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES). Essa rede foi criada pelo governo do Brasil em 2018, com apoio da FAO, para fortalecer e consolidar os programas de alimentação escolar na América Latina e no Caribe.
Na abertura do encontro, Máximo Torero, economista-chefe, subdiretor-geral e representante regional ad interim da FAO, afirmou que a fome na região foi reduzida nos últimos três anos e que a alimentação escolar desempenha um papel importante nesse cenário. “Esses programas beneficiam cerca de 85 milhões de estudantes e contribuem para garantir o acesso a alimentos saudáveis, particularmente para populações em situação de maior vulnerabilidade. A FAO reconhece a política de alimentação escolar como uma oportunidade-chave para garantir o direito humano à alimentação, promover ambientes alimentares saudáveis e impulsionar o desenvolvimento territorial local por meio das compras públicas”.
Em sua fala, a presidenta do FNDE, Fernanda Pacobahyba, destacou a importância de iniciativas como essa, pois possibilitam a imersão nas diversas realidades e regiões do Brasil. “Ao promover a inclusão das comunidades indígenas e tradicionais na cadeia produtiva da alimentação escolar, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na Amazônia mostra que é possível conciliar segurança alimentar, respeito cultural e economia local. Este encontro abriu espaço para intercâmbios fundamentais e transforma essa experiência em uma inspiração para outras regiões com desafios semelhantes”, afirmou.
Tanara Lauschner, reitora da UFAM e presente na mesa de abertura, comentou que foi importante poder contribuir com o intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre a assistência técnica oferecida pelo Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane). “O trabalho do CECANE tem sido essencial para a promoção da segurança alimentar e nutricional na região, e durante a missão técnica no Brasil apresentamos sua estratégia de apoio ao PNAE. É motivo de orgulho para a UFAM, pois sabemos que também colaboraremos no fortalecimento dos programas de alimentação escolar na América Latina e no Caribe”.
A experiência de compras públicas de comunidades tradicionais foi destacada na conferência do procurador Fernando Soave, representante da Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos no Amazonas (Catrapoa), uma iniciativa criada e coordenada pelo Ministério Público Federal (MPF). Ele detalhou o processo de aquisição de produtos de pequenos agricultores, incluindo indígenas, para abastecer as escolas públicas. Uma ação que melhora a qualidade nutricional, respeita a cultura e os hábitos alimentares locais e aumenta a renda dos produtores, estimulando a economia de forma sustentável em regiões vulneráveis.
Cecilia Malaguti, responsável pela cooperação Sul-Sul trilateral com organismos internacionais da ABC/MRE, afirmou que o intercâmbio de experiências permitiu aos visitantes conhecer de perto os programas de alimentação escolar do Norte do Brasil e suas particularidades. “Além disso, no dia final do encontro, os países seguiram construindo juntos a agenda regional de alimentação escolar sustentável, tão estratégica para a região”, afirmou.
A secretária de Estado de Educação do Amazonas, Arlete Mendonça, reafirmou o compromisso do governo local em fazer com que a alimentação escolar chegue a todos os estudantes do estado, que conta com 62 municípios, 380 mil alunos e uma extensão territorial maior que a de muitos países. “Nos motiva compartilhar nossas experiências em eventos como este, já que é necessário discutir e conhecer as particularidades amazônicas e nossos desafios diários para garantir uma alimentação escolar de qualidade em toda a nossa rede de ensino”, disse.
Júnior Mar, secretário municipal de Educação de Manaus, afirmou que a alimentação escolar deve ser vista como parte essencial do processo de aprendizagem e que há cerca de 250 mil estudantes na rede municipal, uma das maiores do Brasil. “É com alimentos de qualidade, preparados com responsabilidade e respeito às nossas crianças, que garantimos mais atenção em sala de aula, mais saúde e mais dignidade. Com o apoio do governo federal, estamos ampliando investimentos, valorizando os fornecedores locais e fortalecendo o papel da escola como espaço de cuidado e desenvolvimento. Alimentar bem é educar com excelência”.
Najla, secretária executiva da Rede RAES e especialista em alimentação escolar da FAO, afirmou que, a partir de sua experiência de 16 anos na região, com atividades presenciais e de campo, como essa em Manaus, seja no Brasil ou em outros países, “os gestores vivenciam diálogos mais profundos sobre uma determinada realidade, ampliam a visão do programa a médio e longo prazo e contam com mais elementos para a tomada de decisões com maior segurança e eficácia em seus países”.
Cooperação internacional
Desde 2009, o governo do Brasil, por meio da ABC e do FNDE, e a FAO trabalham juntos na região para potencializar a implementação de boas práticas e experiências em programas de alimentação escolar, por meio do Programa de Cooperação Internacional Brasil–FAO, tomando como referência a experiência acumulada de 70 anos do PNAE, que atende diretamente a quase 40 milhões de estudantes por dia, em parceria com os 27 estados e 5.570 municípios brasileiros.
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