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Davi Kopenawa compartilha cosmovisão dos Yanomami em relação às mudanças climáticas durante o IV ENTIS, na Ufam

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Com programação até esta quinta-feira, 21, o IV Encontro Nacional de Trabalho Interdisciplinar e Saúde (ENTIS) tem como tema central “Mudanças Climáticas, Saúde e Trabalho: Para onde caminha a humanidade”. Um dos momentos mais importantes do evento foi a participação do líder indígena, escritor e xamã do povo Yanomami Davi Kopenawa, que falou na mesa de abertura, realizada na tarde de terça-feira, 19, no auditório Rio Amazonas da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), localizada no setor Norte do campus Sede.

Representando a reitora, professora Tanara Lauschner, a pró-reitora de Assistência Estudantil da Ufam, professora Sandra Helena da Silva, exerceu a função de recepcionar os participantes dos três dias de evento. “Este encontro é fundamental para mater a reflexão acadêmica e científica sobre dois temas tão relevantes hoje, as mudanças climáticas e a saúde, mas também para nos proporcionar momentos como este, em que ouvimos e aprendemos com Davi Kopenawa. Desejo que sejam dias de muita inspiração e que sejam fortalecidas as alianças firmadas no âmbito da pós-graduação da Ufam”, disse a titular da Proae na mesa de abertura do IV ENTIS.

“É um momento muito especial, porque estamos discutindo um assunto inserido nos ODS [Objetivos do Desenvolvimento Sustentável], e trazer isso para a pauta também fortalecendo o nosso Programa de Pós-Graduação de Serviço Social. Hoje estamos aqui com a primeira turma de doutorado. Então, quando olhamos para trás, vemos o claro esforço coletivo para que pudéssemos chegar até aqui”, comemorou a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufam, professora Adriana Malheiro, ao garantir que o esforço mencionado terá continuidade no âmbito da política institucional de pós-graduação para fortalecer os programas e as iniciativas como esse encontro nacional.

Cosmovisão Yanomami

Atual presidente da Hutukara Associação Yanomami e autor de “A queda do céu”, entre outras publicações, Davi Kopenawa tem defendido a riqueza dos conhecimentos e a firmeza da luta dos povos das florestas, sobretudo a partir de relatos autobiográficos e do compartilhamento das experiências de seu povo. Os Yanomami são conhecidos como aquele povo indígena cuja função cosmológica é a de sustentar o firmamento, daí o nome da obra literária mais famosa de Kopenawa.

Nesse intuito, eles realizam o enfrentamento das ações humanas com potencial de desfazer o equilíbrio cósmico. Assim, a agenda de lutas de Kopenawa passa tanto pela questão espiritual, com a atividade xamânica, quanto pelo embate no campo político, com a pressão exercida sobre as instâncias decisórias nos temas do meio ambiente, indo desde o nível local ao internacional. Segundo explicou o convidado, há interligação entre ambos os aspectos, pois “o trabalho feito [pelas lideranças indígenas e representantes dos povos originários da região] é para proteger a alma da Terra, para proteger a floresta, para proteger a água, as montanhas, e tudo o que está na Amazônia”.

Ao abordar mais detidamente o tema das mudanças climáticas, ele fez uma provocação à plateia: “O homem branco fica reclamando, reclamando sobre o impacto das mudanças climáticas, mas eu pergunto se vocês conseguiriam ficar aqui neste auditório se não tivesse ar condicionado”. “Todos esses problemas, de muito calor, de secas ou enchentes, tudo isso é causado pelas coisas que são feitas pelo homem branco”, pontuou Davi Kopenawa, ao afirmar que a mudança não é só de postura diante dos eventos extremos cada vez mais comuns. Trata-se, segundo ele, de criar uma relação mais profunda com a natureza, com as outras formas de existir no mundo – e, claro, de assumir responsabilidades diante dos acontecimentos ao redor no planeta.

“Os destruidores estão deixando sofrer a nossa mãe terra. A terra está doente”, disparou em certa altura de sua fala, após mencionar o “Topano”, termo da língua Yanomami que significa “a casa coletiva”, e que também é conhecido como “yano” ou “xapono”. De modo simplificado, é o lugar onde vivem várias famílias vinculadas por aspectos compartilhados da vida comunitária. Kopenawa prosseguiu dizendo que, nos dias atuais, as pessoas têm vivido na iminência de desastres, queimadas na Amazônia, nos Estados Unidos, na Europa – florestas queimando em todos os lugares do mundo, e este mundo-casa que era pra ser cuidado pelas pessoas segue como seu alvo de destruição.

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