Ufam celebra primeira defesa em Dinter com UnB
“Yãkoana Tesauro dos Bens Culturais do Amazonas: organização e recuperação da informação do patrimônio cultural amazonense” esse é o título da primeira tese do curso de doutorado interinstitucional (Dinter) entre Ufam e a Universidade de Brasília (UnB) defendida por sua autora, Thais Lima Trindade, na terça-feira, 22. Iniciado em 2021, o Dinter se confirma como uma alternativa positiva para oferecer formação de qualidade na pós-graduação de profissionais do Amazonas.
Um Dinter é um curso de doutorado oferecido em parceria entre duas instituições de ensino superior, uma universidade com curso de doutorado (UnB) leva o curso para outra instituição (Ufam) onde não há o curso. Os professores da instituição promotora ministram aulas e orientam os alunos na instituição receptora. Os alunos são servidores ou profissionais da região onde o doutorado será ofertado. As aulas, orientações e defesas podem ocorrer na instituição receptora ou em formato híbrido. O objetivo é formar doutores em regiões onde não há oferta desse curso. Por isso, a defesa de Thais Trindade representa a melhor qualificação de profissionais do Amazonas.
“O Dinter funciona com as mesmas exigências do curso presencial. Tivemos algumas disciplinas no primeiro ano que foram remotas por conta da pandemia, mas foram ofertadas nessa modalidade para todos os alunos do curso (inclusive cursamos junto com a turma presencial). No ano seguinte, quatro professores da UnB vieram e ministraram as disciplinas restantes presencialmente aqui na Ufam. Quanto às demais exigências para formação, são as mesmas do curso presencial: quantidade de créditos, publicações, estágio docência, qualificação etc. O maior desafio foi o fato de não ter nenhum tipo de bolsa ou auxílio por parte da Ufam e da Fapeam, mas foi muito enriquecedora a troca de experiências com colegas, profissionais e professores. Sou muito grata por essa vivência”, disse Thais Trindade.
A professora Guilhermina de Melo Terra, coordenadora do Dinter, destaca a importância da iniciativa. “A parceria firmada entre a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Universidade de Brasília (UnB), por meio do Doutorado Interinstitucional (Dinter) em Ciência da Informação, representou não só o fortalecimento da cooperação acadêmica entre duas grandes instituições de ensino, mas também a oportunidade de concretizar a qualificação tanto dos docentes da Ufam, quanto de pesquisadores locais que, igualmente, tiveram a oportunidade de realizar o doutoramento, em prol de sua formação pessoal e profissional.E a ͏defesa da primeira tese do Dinter, além de representar um marco histórico e simbólico que demonstra o sucesso dessa parceria, trouxe um diferencial importante para o contexto museal, pois a comunidade ganhou de presente um Tesauro sobre o patrimônio cultural material e imaterial da região amazônica, sanando uma lacuna tão necessária”, expressou a coordenadora.
Além de Thais Trindade, que é professora substituta da Ufam, dois profissionais da Casa e dois da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) completam o número de alunos do Dinter. Segundo a coordenadora, todos estão cumprindo satisfatoriamente o cronograma do curso e devem incluí-lo no tempo devido. “A parceria inicial se destinou aos quatro anos, mas nada impedirá a permanência dessa junção entre Ufam e UnB, pois o trabalho desenvolvido pelas duas instituições demonstrou que a continuação representará resultados significativos para todos os envolvidos”, expôs a professora Guilhermina.
Primeira defesa
Orientado pela professora Ana Lúcia de Abreu Gomes (PPGCInf/UnB), o estudo se constitui na elaboração de um tesauro (uma ferramenta de organização da informação) que busca facilitar o acesso ao conhecimento sobre bens culturais reconhecidos oficialmente pelo Governo do Estado e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O resultado desse trabalho, um modelo de tesauro específico para o contexto amazônico, o Yãkoana Tesauro dos Bens Culturais do Amazonas, consiste em uma ferramenta que reúne termos e categorias relacionados ao patrimônio cultural do estado. “O trabalho surgiu da constatação de uma série de lacunas no estado: a escassez de fontes oficiais sistematizadas sobre o tema, o desinteresse institucional de alguns órgãos e a falta de profissionais especializados nas áreas de patrimônio e museologia. Pois, muitas vezes, esses bens culturais estão sob responsabilidade de órgãos públicos, mas são negligenciados por falta de políticas específicas, estrutura técnica ou mesmo desconhecimento”, declara a autora. “A pesquisa foi desenvolvida com base em análises qualitativas e quantitativas, explorando documentos públicos e obras acadêmicas sobre o tema. Entre os resultados, destaca-se o mapeamento de bens culturais reconhecidos, a identificação das principais categorias patrimoniais e a proposta de estruturação de um vocabulário controlado adaptado à realidade regional. Mais do que um trabalho acadêmico, a pesquisa tem impacto direto na sociedade: contribui para a valorização da cultura local, fortalece a identidade regional e pode servir de base para ações educativas e políticas públicas. Além disso, ao tornar esse conhecimento mais acessível, o tesauro beneficiará pesquisadores, profissionais da informação, educadores e o público em geral,” completou.
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