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Revista Science publica artigo de pesquisadores indígenas em Antropologia  

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Justino Sarmento Rezende, João Paulo de Lima Barreto, Silvio Sanches Barreto, Francy Baniwa, Clarinda Sateré-mawé e  João Biehl são os pesquisadores indígenas que assinam a autoria do  artigo “Indigenizing Conservation Science for a Sustainable Amazon” (traduzido: Indigenizando a ciência da conservação para a sustentabilidade da Amazônia) publicado recentemente em um  periódico mais conceito no mundo, a Revista Science.

Por Sebastião de Oliveira, equipe Ascom

Revisão Rozana Soares

Os pesquisadores indígenas vinculados ao Projeto Brazil LAB, da Universidade de Princeton e ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/UFAM) trazem no artigo suas experiências e conhecimento próprios. Eles acreditam que a Ciência Indígena possui pressupostos diferentes da ciência ocidental e ambas devem dialogar para o futuro sustentável da Amazônia.

Acesse AQUI ao artigo.

Processo decolonial

Para o professor Thiago Mota Cardoso, coordenador do PPGAS/Ufam, ainda há muito o que fazer para que as ciências indígenas, como assim definem os autores do artigo, sejam reconhecidas e levadas a sério enquanto uma perspectiva sobre a realidade. “Estamos falando de séculos de predomínio da versão colonial sobre o mundo, sufocando a diversidade ontológica e epistemológica dos habitantes da Amazônia. Entretanto, o processo de descolonização dos conhecimentos vem sendo tocado à risca e com muita energia por coletivos e indivíduos indígenas em diversas partes da América Latina. A Ufam é um locus importante de atuação destes pesquisadores indígenas e a antropologia vem sendo um laboratório de excepcional criatividade para a atuação dos mesmos, possibilitando a fermentação de outros modos de fazer ciência e de dialogar com a ciência ocidental, na busca de compreender e atuar num mundo em constante transformação”, completou o coordenador.

Nova forma de olhar o mundo

Os autores pertencem a várias etnias da Amazônia e apresentam uma nova forma de olhar o mundo. Cardoso acredita o que eles apresentam é uma nova forma de olhar o mundo, mas anunciam um mundo outro. Ele explica que “um mundo, por exemplo, em que divisões como natureza e sociedade, ou sujeito e objeto não fazem sentido conceitual e prático. Anunciam um mundo senciente, comunicativo e ativo, em que os coletivos humanos devem coexistir de forma parcimoniosa e com sabedoria com os diversos seres das águas, das matas e do céu.”

Luta ancestral

O docente conta que o convite para os pesquisadores indígenas da Ufam para serem autores de um artigo na Science é o reconhecimento de mais de uma década de formulação conceitual, de dedicada produção metodológica, de um intenso esforço de diálogo e tradução intercientífica e intercultural e de produção de livros e artigos, que vem sendo levado a cabo por pesquisadores do curso de PPGAS, e que, ao mesmo tempo, reconhece décadas ou até séculos de luta ancestral dos povos indígenas para existir e ter seus conhecimentos respeitados e escutados, o qual enfatiza que se trata de algo inédito no Brasil que ressoa em todo país e para fora dele, de uma ciência nova, que se alimenta criativamente dos modos indígenas e não indígenas de investigação e que convida outros pesquisadores, como da Universidade de Santa Catarina (UFSC) e de Princeton a aprender junto.

Protagonismo

O protagonismo da Ufam nesse processo vai na contramão de um cenário que seria impossível o ingresso de estudantes na Universidade. Cardoso acredita que, “devemos reconhecer e celebrar os avanços que possibilitam o ingresso de estudantes indígenas na pós-graduação previstos na Política de Ação Afirmativa da Universidade. Ainda há muito o que se realizar para termos avanços mais consistentes, inclusive estamos, agora, em um processo de atualização desta mesma política. Porém, é bom ressaltar que os avanços se deram com muita pressão e de intensas lutas de lideranças indígenas e professores da instituição, que foram criando experiências de ingresso e permanência dos estudantes indígenas, o que de certa forma possibilitou o acolhimento pelas instâncias superiores.

Publicações

O esforço da Ufam em apresentar pesquisa de qualidade no âmbito da decolonização, tem sua importância, uma vez que, o estado do Amazonas concentra a maior população indígena do Brasil. Para o coordenador, no PPGAS/Ufam destaca a ativa atuação dos professores do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena  (NEAI) e de outros grupos de pesquisa como o NEPTA, Maraká e Colar. “A formação de mestres e doutores indígenas deve muito a atuação de docentes, como do NEAI, que de forma extremamente delicada, minuciosa e sensível atuam desde 2008 para proporcionar um espaço de investigação aberto e acolhedor às ciências indígenas. Os resultados são as publicações em revistas consagradas, premiações e participação em debates globais e regionais e, principalmente, o reconhecimento que a ciência indígena não é apenas “cultura menor”, mas um modo de conhecer tão relevante como qualquer outra ciência.

 

 

 

 

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