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Professora da Ufam defende doutorado na UFRGS com tese sobre a interface entre comunicação e saúde pública comunitária na cidade de Manaus

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A pesquisadora argumenta que a comunicação entre os Agentes Comunitários de Saúde e os pacientes de tuberculose deve ser possível, sensível, analista e resolutiva

“Produzir ciência que reverbere nas políticas públicas sobre a tuberculose (TB) na capital amazonense” e inspire mudanças na atuação da saúde comunitária em outras cidades brasileiras. Essa foi a motivação para a pesquisa de doutoramento da professora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Judy Lima Tavares. A tese, intitulada ‘O diálogo do dia a dia deles: perspectivas comunicacionais na mediação de Agentes Comunitários de Saúde com os pacientes de tuberculose em território manauara’, será defendida nesta terça-feira, 6, às 9h (horário de Brasília), de modo presencial, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A docente de Relações Públicas da Ufam está entre os servidores aprovados para cursar o Doutorado Interinstitucional (Dinter) firmado entre a Ufam e a UFRGS, cujo edital foi lançado em 2019. A parceria foi concretizada durante a gestão da então pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufam, professora Selma Suely Baçal, falecida em 2023. O Dinter surgiu como uma estratégia para qualificar docentes e técnico-administrativos da Ufam e incrementar os quadros com doutores atuantes na própria Instituição, formando mais pesquisadores em Comunicação com residência no estado do Amazonas. “No texto final, ainda que In memorian, eu quis expressar toda a minha gratidão à saudosa professora Selma Baçal, que sonhou com uma Universidade com docentes pós-graduados na área, me possibilitando realizar um antigo sonho meu através da realização do sonho dela”, explica a doutoranda.

Na seletiva, os candidatos realizaram entrevistas virtuais com os docentes para os quais aplicaram as propostas de investigação, todos eles vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Federal gaúcha, que manteve o conceito 5 na última avaliação quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A então candidata Judy Tavares escolheu como possíveis orientadores os professores Rudimar Baldissera e Elisa Reinhardt Piedras. “Ter sido orientada pelo professor Baldissera, que é uma das grandes referências na minha área, tanto em ensino quanto em pesquisa e extensão, me possibilitou um crescimento consolidado na pós-graduação. No papel de coorientadora, a professora Elisa Piedras ajudou em questões metodológicas, contribuindo para a elaboração do estado da arte da pesquisa”, pontua.

Comunicação & Saúde

Ainda que nos últimos anos se tenha falado mais sobre a interface entre comunicação e saúde, seja por conta da pandemia de covid-19 e a infodemia (nome dado pela OMS à enxurrada de informações sobre o tema), seja de movimentos anti-vacina e o consequente retorno de patologias que já haviam sido erradicadas, como poliomielite, rubéola e difteria, segundo o Instituto Butantan, o fato é que a escolha desse tema pela professora Judy Tavares foi orientada sobretudo por uma experiência pessoal. Em 2016, após os exames de rotina, ela recebeu o diagnóstico de tuberculose extrapulmonar. Durante o tratamento, realizado por nove meses na Policlínica Cardoso Fontes, a então paciente de TB decidiu aprofundar seus conhecimentos sobre a doença, deparando-se com inquietações que se tornaram, mais tarde, seu problema de pesquisa do doutorado.

“A tese começou quando recebi o diagnóstico, há quase oito anos. Naquele momento, eu não sabia que já me encontrava diante do tema que iria me acompanhar durante os quatro anos do doutoramento. Como investigadora iniciante, que ainda necessita ter um contato mais exploratório com o tema, fui colocada pelos acontecimentos inesperados da vida, diretamente em um processo empírico, no qual eu era simultaneamente a pesquisadora e uma participante, envolvida num assunto que até então parecia existir, para mim, apenas nos relatos distantes sobre artistas que haviam morrido precocemente vítimas da TB, como Castro Alves e Noel Rosa”, relata a docente.

A vivência como paciente de TB possibilitou um olhar sensível e aguçado sobre o tema, sobretudo ao descobrir que a doença leva a óbito mais de um milhão de pessoas no mundo a cada ano. “Trago minha lupa de pesquisadora para o sistema público, através das unidades básicas que trabalham na perspectiva da Estratégia Saúde da Família (ESF), com sua equipe multidisciplinar, com protagonismo para o Agente Comunitário de Saúde (ACS). Dele, reconheço a importância da voz, por isso a trouxe para discutirmos acerca da dimensão comunicacional que permeia suas práticas como mediador, no território de tratamento dos pacientes de TB”, complementa.

Agentes Comunitários de Saúde: comunicadores

Uma prática que é velha conhecida dos pesquisadores é a delimitação, seja do tema, do objeto ou do universo a ser investigado. Não é uma tarefa fácil, mas, longe de ser uma mutilação da proposta inicial, é a lapidação do projeto – e a etapa que torna o trabalho exequível, diante de todas as limitações do processo, sobretudo o tempo. Ao procurar uma forma de aproximação efetiva entre os dois campos, capaz de mostrar a realidade comunicacional ali na ponta, quando o Sistema Único de Saúde (SUS) – a partir da capilaridade que o caracteriza – encontra o paciente de TB em tratamento, a doutoranda compreendeu o papel central dos ACS nessa comunicação cotidiana.

“Partindo do contexto de atuação do ACS no que se refere ao acompanhamento dos pacientes de TB, percebemos o agente como sujeito da comunicação a partir de suas incumbências institucionais. Daí fizemos a opção por investigar sua atuação como mediador da comunicação entre o SUS e os interlocutores do processo de tratamento da TB, principalmente o paciente, como interlocutor do processo”, explica a investigadora. Segundo ela, o enfoque foi para a atuação dos ACS e a percepção deles sobre o processo comunicacional, não tendo sido entrevistados pacientes na pesquisa de campo.

“Como reflexão final, indicamos qual seria a comunicação possível nesse contexto, o que nos conduziu a um direcionamento que abandona os modelos idealizados e normativos, adentrando na adoção de uma perspectiva na qual o ACS, em seu agir comunicacional, nas interações, que é de onde localizamos nosso olhar, necessita ter a capacidade de reconhecer o paciente em suas vulnerabilidades, seja de alimentação, de cuidados, de tempo necessário no acompanhamento, de atribuição de sentidos que o paciente produz em relação ao que significa um longo e desafiador tratamento de TB”, finaliza a professora, que pretende dar continuidade às investigações sobre esse tema.

 

Defesa

Título: O diálogo do dia a dia deles: perspectivas comunicacionais na mediação de Agentes Comunitários de Saúde com os pacientes de tuberculose em território manauara.

Data e hora: Dia 6 de fevereiro de 2024, terça-feira, às 8h (horário de Manaus)

Local: Sala multifuncional da Fabico/UFRGS.

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