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Movimento estudantil na Ufam é marcado por muitos desafios e luta por direitos desde os anos 1970

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Por Juscelino Simões

Equipe Ascom

Nesta quinta-feira, dia 11 de agosto, comemora-se o ‘Dia do Estudante’ no Brasil. A comemoração acontece desde 1927 quando o advogado Celso Grand Ley propôs a criação da data em um evento que celebrava o centenário dos cursos de Direito no Brasil. O dia é celebrado em 11 de agosto por ter sido nesta data, no ano de 1827, que o imperador D. Pedro I instituiu os dois primeiros cursos de Ensino Superior nas áreas jurídica e social a serem oferecidos no Brasil.

A representatividade estudantil formal data de 1938 com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE). As outras entidades representativas são: o Grêmio Estudantil, nas escolas de ensino Fundamental e Médio, os centros acadêmicos dos cursos de graduação nas universidades brasileiras e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) que representa todos os estudantes do Ensino Superior. O movimento estudantil na Universidade Federal do Amazonas se configurou nos anos 1970 em razão, principalmente, do movimento político em defesa da democracia e dos direitos estudantis na Instituição.

Em 1978 um grupo de estudantes, já atuando anteriormente no movimento político e estudantil, criou o Centro Universitário e Cultural de Agronomia (CUCA) para lutar por direitos dos graduandos do curso, como também de todos os discentes da Ufam.  Foi o primeiro centro acadêmico a ser constituído na Ufam (3 de março de 1978) e que já nasceu com esse objetivo de defender direitos, mas também na defesa da democracia na época. O grupo fundador, o primeiro presidente e um dos fundadores foi o professor do curso de Ciências Agrárias, Eron Bezerra, atual diretor do Centro de Ciências do Ambiente da Ufam (CCA/Ufam), pensou em criar formalmente uma entidade que representasse os estudantes da Agronomia.

A partir disso, o CUCA foi criado com esse objetivo na “Universidade do Amazonas (UA)”, na época o nome da Ufam, mas o governo militar influenciou para que ocorresse a cassação do registro oficial do Centro Universitário. Por meio do Conselho Universitário da antiga UA, foi cassado o registro do CUCA, mas os estudantes reagiram e decidiram ignorar a portaria que determinou a clandestinidade da entidade. A partir daí o movimento estudantil cresceu na UA e a luta por mais direitos foi ganhando corpo até eclodir no funcionamento do restaurante universitário, a meia passagem, o festival universitário de música, entre outros direitos que hoje muitos não sabem.

Segundo o professor Eron Bezerra, criador e primeiro presidente do Centro Universitário e Cultural de Agronomia (CUCA), o movimento estudantil deu um salto na luta por melhores condições na antiga UA e que até hoje tem seus reflexos positivos para os estudantes. “Nós começamos a organizar o CUCA no segundo semestre de 1976, logo que entrei na Universidade. O ato formal de publicação que registramos em cartório é de 1977, mas nós começamos na prática a organizar o CUCA logo que entramos, eu sou da 1ª turma de Agronomia que ingressou no segundo semestre de 76, em um vestibular especial, altamente concorrido, porque era um vestibular do meio do ano, para criar três novos cursos (Agronomia, Geologia e Estatística). Claro que já tinha uma visão mais ampla da questão política daquele momento e entendia a necessidade de lutar contra o governo militar e nós começamos a juntar os estudantes e a criar uma forma mais adequada de enfrentar o regime. Por que o nome Centro Universitário e Cultural de Agronomia? Na época havia um decreto-lei da ditadura militar (477) que proibia a organização de centros acadêmicos nas universidades do País, então o nome CUCA, com o termo ‘cultural’, era uma tentativa de burlar a legislação e nos deixar em paz. Não resolveu nada porque o Conselho Universitário (na época era uma coisa muito solene, os conselheiros reuniam-se de beca) nos colocou na clandestinidade. Reunimos os estudantes pra saber o que íamos fazer e foi unânime a decisão de descumprir a portaria do Consuni.  Portanto, o CUCA surgiu como uma subversão da ordem burocrática, ditatorial estabelecida. Foi assim que começamos e ajudamos a criar os outros centros acadêmicos com a mesma finalidade como o da Comunicação Social (Cucos), da Filosofia (Centro Acadêmico Filosófico Cultural do Amazonas - CAFCA), o da Medicina (se chamava CECUM), da Pedagogia, Letras, Serviço Social, fomos ajudando todos que tinham interesse de construir organizações pra lutar. Lutar pela meia passagem, para ter o restaurante universitário, fomos nós que construímos o primeiro (fizemos um grande ato com prato de papelão exigindo comida), o reitor da época, professor Octávio Mourão (1977-1984) foi ao ato e falou que estávamos protestando, mas cobrou um projeto. Como eu já tinha um pronto apresentei a ele. No dia seguinte fomos ao MEC e a partir daí teve comida no RU. Depois lutamos por laboratórios, por contratação de professores qualificados, por todas essas bandeiras democráticas e populares. Depois organizamos também a parte cultural, criamos o festival universitário de música da Ufam, organizamos o campeonato universitário, fomos pra UNE pra organizar a entidade, entre outras atividades. Os direitos que hoje são consagrados, relacionados aos estudantes da Ufam, foi resultado do movimento ocorrido na época”, destacou o professor.

“E hoje os desafios continuam. Em 2022, quando completa 10 anos da Lei de cotas, seguimos lutando pela garantia de direitos ao ingresso na universidade pública, à permanência com o Programa Nacional de Assistência Estudantil, o combate a todo tipo de assédio dentro e fora da universidade, o respeito irrestrito à diversidade e a garantia de educação gratuita e de qualidade. Sou egressa da Ufam, agradeço pela educação que recebi e busco diariamente dar condições aos nossos alunos para que tenham a melhor educação possível. O RU tem sido nossa luta incessante, a segurança alimentar é pauta prioritária, principalmente pelo fato de estarmos atravessando uma pandemia e crise econômica concomitantemente. Apoio aos alunos indígenas e quilombolas, reconhecimento e fortalecimento de sua cultura. Garantia de direitos aos discentes do interior do Amazonas, buscando apoiar na medida das suas dificuldades.Temos hoje mais de 60 centros acadêmicos na Ufam aliados às representações discentes nos conselhos superiores. Damos vez e voz aos alunos e alunas, precisamos cada vez mais da nossa comunidade para que juntos possamos construir uma sociedade justa”, destacou a diretora do Departamento de Assistência Estudantil da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Dest/Progesp/Ufam), professora Karime Bentes.     

A atual presidente do CUCA, Carliza Luz, afirmou que a entidade busca envolver os discentes em questões acadêmicas, políticas, culturais, entre outras atividades. “Hoje o CUCA é uma entidade que traz representatividade para o curso de Agronomia, que busca envolver os discentes em questões acadêmicas, interpessoais, culturais, esportivas e políticas. Além de acolher esses discentes para que estes se sintam pertencentes ao curso, estabelecendo vínculos tanto com docentes quanto com outras entidades dentro da Universidade”, afirmou.

O egresso do curso de Comunicação Social e Biblioteconomia, Miguel Pacheco, foi o primeiro presidente do sexo masculino do Centro Acadêmico de Biblioteconomia do Amazonas (CABAM). Depois foi eleito presidente do Centro Acadêmico de Comunicação Social. Talvez ele seja o único egresso que atuou em dois centros acadêmicos nos anos 1980. “Em 1982 fui eleito o primeiro presidente do sexo masculino do CABAM. Eu era um dos poucos homens da minha turma de Biblioteconomia. Como ocorreu a eleição para o Centro Acadêmico me candidatei e fui eleito presidente. Já em 1987 já cursava Jornalismo e aí também teve a eleição e acabei sendo eleito presidentes do CUCOS. Também fui presidente da casa do estudante da Universidade do Amazonas. Foi marcante minha passagem neste Centro Acadêmico porque a partir da minha gestão os alunos passaram a participar de congressos de Jornalismo, encontros, reuniões, entre outras atividades, fora do Estado. Também criamos um movimento de ‘caronas amigas’ onde colocamos uma identificação em frente ao ICHL (placa) para os alunos ficarem no local e pegar uma carona até a saída do campus, como também na entrada do campus. Foi uma experiência bem legal que tive na minha vida de estudante”, afirmou.

 

                      

      

  

    

 

 

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