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LIOP apresenta o projeto Forest Fisher  

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O Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira – LIOP realizou no último dia 20 de julho, em Humaitá, Amazonas, o Primeiro Encontro de Diálogos e Narrativas da Pesca no Interflúvio Purus-Madeira, através do projeto Forest Fisher, para apresentação à comunidade.

Participaram do encontro a Dra. Carolina Rodrigues da Costa Doria - Professora e pesquisadora da Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Dra. Maria Madalena Cavalcante, professora da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Geografia e Ordenamento de Território da Amazônia (GOT-Amazônia); Guillermo Estupinan da WCS Brasil; Noêmia Oliveira Santos da Secretaria de Educação do Município de Humaitá (SEMED); Bosco Reis do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) de Humaitá e o Sr.Raimundo Nonato, pescador da Comunidade Puruzinho; também participaram de forma online, Cíntia Portela do IBAMA; Tatiane Rodrigues Lima, Samuel dos Santos Nienow e Maria Luiza Appoloni Zambom do ICMBio.

Para o coordenador do LIOP, Dr. Marcelo Rodrigues dos Anjos, é de fundamental importância a participação dos pescadores na pesquisa. Em comum objetivo com a Rede Ciência Cidadã para Amazônia, parceira do projeto, o empoderamento de cientistas cidadãos para geração de conhecimento sobre os peixes e ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica, compõe uma etapa essencial da proposta em andamento. De acordo com o coordenador, é muito importante que haja esse diálogo entre os atores locais, centros de pesquisa e órgãos regulatórios, pois trata-se de um primeiro passo para a avaliação/criação de políticas públicas em torno da pesca. 

“É fundamental a participação do pescador no desenvolvimento da pesquisa, porque ele deixa de ser um sujeito beneficiário e passa a protagonizar na coleta e interpretação dos dados. Inclusive a gente tem percebido que com a participação dos pescadores, é possível captar de maneira mais eficiente as mudanças no cenário do pescado na região”, ressalta o coordenador.

A doutora Maria Madalena, diretora de Pós-graduação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – que lidera um grupo de pesquisa em Geografia e Ordenamento do Território (GOT-Amazônia), também ressalta a relevância do projeto, especialmente, por trazer a interação entre a academia e comunidade de pescadores.

“Esse projeto tem uma importância singular, porque ele envolve não só a academia, mas outras instituições parceiras; e o mais importante, ele envolve a comunidade de pescadores e integra os alunos. Então é um projeto de pesquisa importante que vai contribuir, não só na formação dos alunos, mas para o desenvolvimento da pesca na região, promovendo um diálogo integrado entre a Universidade e a comunidade. A Universidade Federal de Rondônia, como parceira, está à disposição para contribuir no que for necessário para o desenvolvimento deste projeto, sobretudo na parte da cartografia envolvendo os pescadores”.

Já para a doutora Carolina Doria, também da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), coordenadora do Laboratório de Ictiologia e Pesca, que trabalha com o monitoramento da atividade pesqueira na bacia do médio Madeira e faz parte do projeto Forest Fisher, o evento traz uma proposta muito interessante para a comunidade de Humaitá, fundamental para a implementação do projeto.

 “A nossa proposta é discutir com eles o impacto do desmatamento, em especial, os “peixes frugívoros”, e depois tentar buscar alternativas de ordenamento para diminuir os impactos sobre o pescado e a pesca na região. É importante ressaltar o valor da parceria entre os pescadores comerciais, pescadores de subsistência e ribeirinhos e a participação deles no projeto, para que a gente consiga obter dados mais consistentes, mais robustos, para de fato, demonstrar o que vem acontecendo na pesca, tanto do Madeira quanto do Purus”, complementa a pesquisadora.

A participação dos pescadores no processo de coleta de dados é feita através do aplicativo  Ictio para celular, desenvolvido pela WCS para o monitoramento da pesca na região, juntamente com o protocolo TSBCAPA - Tecnologia Social de Baixo Custo Aplicado ao Monitoramento da Pesca Artesanal, desenvolvido e aplicado pelo LIOP desde 2018 no sudoeste da Amazônia.

Nessa troca de experiência, pode-se observar que as mudanças na região são notórias. Guillermo Estupinan da WCS Brasil, por exemplo, ressalta que com o passar dos anos foram necessárias medidas para proteger a atividade da pesca, principalmente por questões de conflito entre pescadores, além de outras ameaças que surgiram com a construção das hidrelétricas e outros empreendimentos, como a mineração, ações antrópicas que causam alterações em ambientes de suma importância para os peixes e seu ciclo de vida.

O pescador Sr. Raimundo Nonato, também concorda que as grandes construções causaram mudanças no ambiente, principalmente, com o controle da água feita pelas usinas, que interferem na produção do pescado na região. E hoje, diante de todas as mudanças, o pescador lembra das primeiras pesquisas realizadas na comunidade, e reconhece a importância dos resultados para a manutenção da pesca para a comunidade, e se diz feliz em poder ajudar.

“Quando os professores e alunos chegaram à comunidade e pediram amostra de terra, água e do pescado, a gente não fazia ideia do que se tratava; mas agora, sabendo que a pesquisa pode ajudar a melhorar a vida dos moradores, através de políticas públicas, estou feliz em participar da pesquisa”, afirma.

Esse é o primeiro encontro do projeto Forest Fisher realizado com os pescadores de Humaitá, mas logo será ampliado para o município de Lábrea, também no Amazonas.

 O projeto Forest Fisher foi desenvolvido pelo LIOP, em parceria com instituições nacionais e internacionais, para realizar modelagens das áreas prioritárias identificadas para os anos vindouros, a fim de garantir a sustentabilidade da pesca, e garantir os ciclos de renovação das florestas realizadas pelos peixes frugívoros na região estudada.

 

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