Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social realiza “Workshop Antropologias Ribeirinhas: conhecimentos, políticas e criatividades” entre os dias 8 e 10 de outubro
Revisão Rozana Soares
Entre os dias 08 e 10 de outubro de 2024, o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Ufam sediará o “Workshop Antropologias Ribeirinhas: conhecimentos, políticas e criatividades”. O evento busca reunir pesquisadores ribeirinhos, ou que trabalham com populações ribeirinhas, para construir diálogos variados sobre conhecimentos ribeirinhos, seus modos de habitar as paisagens, suas habilidades e ecologias políticas. As inscrições para apresentação de trabalho nas três sessões que irão compor o workshop (mais informações abaixo) vão até o dia 16/09, e podem ser feitas pelo formulário a seguir: https://forms.gle/geMcMLywu9DKuXqv7.
O Workshop será um espaço de reflexão, diálogo e colaboração entre pesquisadores, estudantes, comunidades locais e demais interessados, visando fortalecer o conhecimento e o reconhecimento das múltiplas formas de vida e saberes ribeirinhos. O evento também busca refletir sobre como esses saberes têm adentrado os ambientes universitários e contribuído para novos modos de produzir e fazer ciência antropológica, por pesquisadores e pesquisadoras que emergem destas comunidades.
O pontapé para o workshop veio do seminário temático sobre Antropologias Ribeirinhas na última edição da Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia (ReACT). Para um dos organizadores do evento, Igor Luiz Rodrigues, doutor em Antropologia Social e pesquisador ribeirinho/ribeirinho pesquisador, “o workshop traz em sua essência formativa as contribuições dos povos ribeirinhos para ampliar ainda mais o debate sobre as novas concepções que a antropologia tanto almeja, concepções ontológicas, concepções decoloniais, concepções de práticas e percepções sobre meio ambiente, sobre mudanças climáticas, sobre a importância dos saberes e fazeres de povos e comunidades tradicionais”.
No mesmo sentido, Thiago Mota Cardoso, atual coordenador do PPGAS/Ufam, diz que o evento “nos brinda com a possibilidade de nos conectarmos com os conhecimentos dos povos ribeirinhos da Amazônia e de outras beiras de rios brasileiros, como o São Francisco, numa conexão mais simétrica, pois o encontro não os trata como objetos de pesquisa, mas sim reúne acadêmicos, lideranças ribeirinhas e pesquisadores que se aliam a seus saberes, para pensar juntos os modos criativos de pesquisar, de saber, de viver e lutar em seus territórios. Um encontro único, que amplia os horizontes da Ufam e dos centros de pesquisas que se querem plurais e inclusivos."
Com esse intuito, a programação do evento contará com duas mesas redondas, uma exposição audiovisual com obras artísticas ligadas ao mundo ribeirinho e três sessões do workshop, para as quais os interessados poderão mandar resumos até o dia 16/09. As sessões serão:
- Escritas e poéticas ribeirinhas. Modos particulares de expressar pesquisas e vivências ribeirinhas. Poéticas ribeirinhas. Etnografias e autoetnografias. Escrevivências. Outras grafias: visuais, audiovisuais, sonoras. Outros sentidos.
- Epistemologias, cosmologias, ontologias ribeirinhas Sistemas de conhecimento e práticas tradicionais ribeirinhas. Relações com outros seres na paisagem, incluindo animais, plantas, espíritos, orixás, santos, mães e donos, etc. Práticas de cura, encantarias, benzeções.
- Cosmopolíticas ribeirinhas. Lutas em defesa dos territórios e das formas ribeirinhas de habitá-los. Relações com Estado. Grandes empreendimentos, hidrelétricas, barragens, mineração industrial. Garimpo. Conflitos sócio-ambientais. Movimentos sociais. Alianças pragmáticas. Políticas afirmativas para populações ribeirinhas.
A inscrição de obras para a exposição (audio)visual poderá ser feita por esse formulário: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScE0dwf1FUwrsV9ad9p7aixqpEO5MbF9JU9rgxNq7kfGKqH0A/viewform. Entendendo as propostas visuais como espaços de diálogos e leituras da vida ribeirinha, a exposição se concentra em dois principais eixos:
- Existências em beira d’água: Etimologicamente a palavra “ribeirinho” significa “aquele ou aquela que vive às margens de um curso de água”, ou seja, a palavra dá conta de resumir inícios da trajetória de uma identidade, que ao longo do caminho torna-se complexa. Esse eixo se propõe a reunir obras que dialoguem a relação da vida ribeirinha com as águas e não só, mas com todos os elementos do cotidiano dessas comunidades.
- Movimentações de banzeiros: Banzeiro é o nome dado aos movimentos de perturbações físicas nas águas, pode ser causada pelos movimentos das embarcações ou pelas correntes de ventos, e que sempre alcançam as margens. Esse eixo se propõe a reunir obras que dialoguem com os atuais movimentos políticos encabeçados por ribeirinhos em situações de disputas por direitos básicos como território, saúde, educação, arte e outros. São corpos-banzeiros provocando movimentações importantes nas águas políticas de suas comunidades.
A curadoria da exposição será realizada por Gilberto Oliveira, discente do PPGAS/Ufam, artista visual e ativista, e Rafael Devos, docente da UFSC e pesquisador do NAVI.
O Workshop faz parte do Projeto PROEXT-PG Ufam “Conhecimento e formação: A pós-graduação e a extensão para o desenvolvimento do Amazonas”, e têm recursos da CAPES/PROAP/PROEXT, da FAPEAM/POSGRAD e do CNPq e FAPESC. O evento é organizado pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, pelo Laboratório de Antropologia da Vida, Ecologia e Política (CoLAR/Ufam), pelo Coletivo de Estudos em Ambientes, Percepções e Práticas (CANOA/UFSC) e pelo Instituto Brasil Plural (IBP).
Mais informações em nosso Instagram: https://instagram.com/antropologiasribeirinhas
Link do formulário de inscrição para o workshop: https://forms.gle/geMcMLywu9DKuXqv7.
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