Ufam celebra conquista histórica com a formação de mestrandos indígenas de seis etnias em São Gabriel da Cachoeira
A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) celebra uma vitória institucional sem precedentes: a formação da primeira turma de mestrandos indígenas do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), no município de São Gabriel da Cachoeira (SGC). São 16 pesquisadores indígenas, representantes de seis etnias distintas do Alto Rio Negro, que concluem sua formação acadêmica, levando os saberes tradicionais de seus povos para os espaços da ciência, da educação e da formulação de políticas públicas.
Esta conquista é celebrada no II Seminário de Direitos Humanos, Estado e Cidadania: Formação Indígena e Desafios da/para Cidadania, que ocorre entre os dias 26 e 30 de maio, reunindo lideranças indígenas, autoridades governamentais, representantes acadêmicos, militares e de órgãos federais. O evento reconhece e valoriza o protagonismo dos povos originários na produção de conhecimento, reafirmando que o território também é espaço de ciência, resistência e futuro.
Presenças de destaque e reconhecimento nacional e internacional
A Mesa de Abertura contará com a presença histórica de Joênia Wapichana, presidenta da FUNAI e primeira mulher indígena eleita deputada federal no Brasil, além de Dadá Baniwa, coordenadora regional da FUNAI no Rio Negro e uma das mais importantes lideranças femininas da Amazônia. Também participam o prefeito de São Gabriel da Cachoeira, Egmar Saldanha, representantes das Forças Armadas, do Ministério da Educação, da FOIRN e da CAPES, além de acadêmicos e cientistas indígenas reconhecidos internacionalmente, como Prof. Dr. Altair Seabra de Farias (Kambeba), o premiado Prof. Dr. João Paulo Barreto (Tukano) e Prof. Dr. Silvio Sanches Barreto (Bará), os últimos vinculados ao BRAZIL-LAB de Princeton University, nos Estados Unidos.
O seminário também conta com a presença do Prof. Dr. Pedro Diaz Peralta, pesquisador internacional da Universidad Complutense de Madrid, especialista em saúde pública e em políticas de proteção dos conhecimentos tradicionais, que introduziu no Brasil os debates sobre o Protocolo de Nagoya, fundamental para assegurar os direitos dos povos sobre seus saberes relacionados a plantas medicinais, práticas de cuidado e biodiversidade, temas que estão diretamente presentes em diversas dissertações desta turma de mestrandos indígenas.
O evento é mais do que uma cerimônia de defesa de dissertações; é um marco para a valorização das epistemologias indígenas como base legítima de ciência, cultura e educação, conectando gerações e fortalecendo a autonomia dos povos originários no coração da Amazônia.
Ufam avança: novo campus em São Gabriel da Cachoeira autorizado
Este momento de celebração também é fortalecido por uma grande notícia institucional: a autorização federal para a implantação do novo campus da Ufam em São Gabriel da Cachoeira. A instalação do campus é uma demanda histórica da região e consolida o compromisso da universidade com a interiorização do ensino superior, a valorização dos saberes tradicionais e a formação de quadros acadêmicos diretamente nos territórios indígenas.
O novo campus da Ufam em SGC representará uma mudança estrutural na educação superior da região, promovendo acesso, desenvolvimento, inclusão e soberania intelectual para os povos do Alto Rio Negro e de toda a Amazônia.
Cultura e celebração
No encerramento da abertura do evento, no dia 26 de maio às 18h15, haverá uma apresentação cultural do Grupo Triunfo do Colégio Dom Bosco de São Gabriel da Cachoeira, sob a coordenação da professora e coreógrafa Mestre do PPGSCA Marielza Martins Peinado, celebrando a diversidade cultural e a força dos povos da região. Este é um marco histórico para a Ufam, para o Amazonas e para o Brasil. É a ciência que nasce do território, feita por mãos indígenas, construindo um futuro mais justo, plural e sustentável.
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