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Após anúncio de novo campus, reitor é recebido em São Gabriel da Cachoeira por lideranças indígenas

Publicado: Quarta, 10 de Julho de 2024, 16h30 | Última atualização em Quinta, 11 de Julho de 2024, 15h31 | Acessos: 1056

 

Por Carla Santos

Futura sede do mais novo campus da Universidade Federal do Amazonas, a cidade de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Estado, com a maior população indígena do País, recebeu na última segunda-feira (8), após o anúncio oficial do Ministério da Educação (MEC), a visita do reitor, professor Sylvio Puga.

Com o futuro campus de São Gabriel da Cachoeira, a Ufam passará a contar, assim, com seis unidades fora da sede além de Manaus: o Instituto de Natureza e Cultura (INC), em Benjamin Constant, o Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), em Coari, o Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), em Humaitá, o Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ), em Parintins e o Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet), em Itacoatiara. 

Na agenda, o reitor, que esteve acompanhado da diretora do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), professora Iraildes Caldas Torres, líderanças indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), mestrandos locais do  programa de mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia, além de alunos de graduação das Licenciaturas Indígenas, tanto do IFCHS, como da Faculdade de Educação (Faced), visitou a área onde será erguido o complexo do novo campus Leia a matéria do anúncio aqui

Com base no documento que descreve as características topográficas, o imóvel está localizado na estrada da Cachoeirinha, ramal I, assentamento Teotônio Ferreira, medindo 57.979,93 m². Ainda que classificado como propriedade em área rural, já há um número considerável de propriedades e pequenos empreendimentos no entorno, já podendo ser considerado como área de um ambiente já povoado. 

Na sede da Foirn, a comitiva da Ufam e comunidade interessada se reuniram para conversar sobre pontos de pauta. O reitor rememorou acontecimentos históricos até o anúncio do Ministério da Educação para o município, ao passo que também respondia a dúvidas. 

"A Ufam chegou aqui por meio do curso de Filosofia, por força de mobilização do professor Paulo Monte (in memorian) que atuou junto a outros professores e ajudou a Ufam a formar sua primeira turma de graduação em Filosofia aqui no município. Após essa semeadura, ficou aberta a porta para outros desafios na Ufam, e em 1998 nós tínhamos as turmas de Ciências Sociais e Geografia. Depois, o governo do Estado, em parceria com a Ufam criou também umas  que ofereceram Licenciaturas, Letras, História, Geografia, Matemática, Biologia, Química, Física, Pedagogia. E de 2001 até 2010 a Ufam trabalhou no regime do sistema das turmas especiais, formação docente com foco na licenciatura. O governo federal entendeu que essa era uma experiência importante e precisava ser unificada, porque em cada estado havia um método de levar conhecimento. O governo federal então criou o "Parfor", que é o programa de formação voltado às Licenciaturas, só que nacionalizado. Ao longo desses anos, todas as vivências culminaram em experiências", disse. 

Licenciaturas indígenas e Mestrado em São Gabriel da Cachoeira 

"Houve todo um trabalho, uma luta, e na liderança da professora Iraildes que coordenava então o mestrado na sede Manaus conseguimos aprovar também o mestrado em programa de sociedade e cultura para cá. O mestrado nos fortaleceu para que convencêssemos nossas autoridades superiores do MEC a confiar o projeto a esse município. O que São Gabriel da Cachoeira conseguiu não é uma tarefa fácil, porque tem demanda nesse sentido de toda ordem. Portanto, termos Licenciaturas Indígenas bem avaliadas e um mestrado bem avaliado são fundamentais", reiterou o reitor. 

Simultâneamente à decisão, o MEC realizará audiências no Amazonas para discutir a universidade indígena. Há datas firmadas para debates públicos em São Gabriel, em Manaus e em Tabatinga. 

O novo diretor-presidente da Foirn, Dário Baniwa, considerou o anúncio do MEC para o novo campus um marco. "Essa conquista representa mais de 32 anos de luta das lideranças indígenas da região, que muito reivindicavam um espaço dedicado ao ensino superior, acessível e inclusivo. Agradecemos a presença da comitiva da Ufam, na pessoa do reitor, que reforça uma parceria com a educação diferenciada nesse estado para nosso povo. Essas ações  refletem o compromisso da universidade em estabelecer laços estreitos conosco", frisou.

Também à mesa, a diretora do IFCHS também se pronunciou. "Nós realmente precisamos celebrar esse momento, que é de institucionalização, expansão e colheita de tudo o que a Universidade já fez até aqui. Uma universidade precisa ter âncoras e precisa ter movimento, protagonismo, precisa democratizar espaços. Quando o reitor fala que a turma de mestrado tem a ver com isso, é porque de fato tem, pois tomaram posse disso, vocês foram os elementos protagônicos importantíssimos nessa conquista. À Administração Superior também que há décadas acredita nessa missão também se faz necessário fazer o reconhecimento", falou. 

 

Sobre a construção e recursos

Por causa da questão ambiental, o modelo de estrutura do prédio será similar ao da sede e unidades acadêmicas fora da sede Manaus. Vai ser um prédio de quatro andares. A parte legal de empenho de recurso vem por Brasília, como todas as dotações referentes à Universidade. Os recursos previstos para a criação dos novos campi (o de São Gabriel da Cachoeira é uma dos 10 anunciados) é da ordem de R$ 5,5 bilhões, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Educação para a consolidação e expansão da educação superior no País. Para a região Norte, só em obras novas estão previstos R$ 271 milhões. 


 

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