Em Presidente Figueiredo, "Diálogos Amazônicos" abre programação discutindo geodiversidade e futuro do Geoparque Cachoeiras do Amazonas

A primeira edição dos Diálogos Amazônicos: Plano de Ação da Geodiversidade (PAG), abriu oficialmente, nesta terça-feira (18), no município de Presidente Figueiredo. O evento reuniu pesquisadores, lideranças indígenas, representantes comunitários e autoridades para discutir o futuro da geodiversidade amazônica e fortalecer a candidatura do Geoparque Cachoeiras do Amazonas à chancela da Unesco.
A cerimônia de abertura ocorreu no auditório da Prefeitura de Presidente Figueiredo e contou com a presença de autoridades federais, estaduais e municipais. Participaram da mesa o professor Humberto Lima, coordenador do evento e docente do ICE/Ufam; as lideranças indígenas atroari Imada Janilson Atroari e Karabana Emiliano Atroari, representando 91 lideranças de 91 aldeias indígenas; o superintendente do Patrimônio da União no Amazonas (SPU/AM), Mauro Leno Rodrigues de Souza; o secretário municipal de Meio Ambiente, Olavo Angiolis; o secretário estadual de Energia, Mineração e Gás (Semig), Ronney César Campos Peixoto; e o prefeito de Presidente Figueiredo, Fernando Vieira.
Em sua fala de abertura, o professor Humberto destacou a importância estratégica do encontro. “Foi uma honra e uma alegria recebê-los na abertura do nosso evento. Deixo meu abraço especial a todos os presentes, pesquisadores, lideranças indígenas e comunitárias e todos que acreditam que o futuro da Amazônia se constrói com conversa, ciência e ação. Nos próximos dois dias teremos discussões fundamentais sobre a geodiversidade amazônica. Essa iniciativa buscou fortalecer as políticas públicas do município e contribuir diretamente para a proposta da candidatura do Geoparque Cachoeiras do Amazonas à chancela da Unesco”, afirmou.

Durante a abertura, também foi ressaltada a importância da participação comunitária e indígena no processo de construção do PAG. Para o mestrando em Geociências da Ufam, Lael Martins Queiroz, ouvir as demandas de quem vive no território é essencial para a concepção do geoparque. “Os Waimiri Atroari são historicamente os mais impactados pela infraestrutura que chegou à região. A proposta do geoparque abrange seu território original, por isso é fundamental que participem desse processo. Geodiversidade não é só fauna e flora, é também cuidar das grutas, das cachoeiras e do patrimônio natural que faz parte da vida das comunidades. O GeoParque Cachoeiras da Amazônia é inédito na região Norte e pode gerar grande impacto econômico para a cidade”, disse.

Conferência de abertura
Logo após a cerimônia, às 10h45, o geólogo José Brilha, da Universidade do Minho (Portugal), ministrou uma conferência sobre o Programa Internacional Geociência e Geoparques da Unesco. A apresentação contextualizou a importância global da geodiversidade e destacou o potencial científico, turístico e cultural de Presidente Figueiredo no cenário internacional.
Povos Originários e Território
Os Diálogos Amazônicos I começaram às 14h, reunindo representantes indígenas e comunitários para discutir proteção territorial, gestão participativa e desafios socioambientais. Durante a mesa, o consultor do Programa Waimiri Atroari, Walter Blos, fez uma apresentação especial sobre a origem e a história do povo Waimiri Atroari, destacando seu processo de resistência, os impactos sofridos ao longo das décadas e o papel das comunidades na defesa do território tradicional.
Geodiversidade e Gestão Ambiental
À tarde, o professor Humberto Lima também realizou a apresentação “Plano de Ação da Geodiversidade como Ferramenta para Geoconservação e Gestão Sustentável na Região Amazônica: estudo em Presidente Figueiredo (AM)”, detalhando resultados preliminares, perspectivas de pesquisa e a importância de integrar geodiversidade, biodiversidade e participação social no planejamento territorial.

Participação e aprendizagem social
A professora Vânia Maria Nunes dos Santos (PPGEHCT/Unicamp) apresentou a conferência “Geoconservação, Participação e Aprendizagem Social: contribuições ao Plano de Ação da Geodiversidade”, abordando os eixos de Educação, Aprendizagem Social e Governança Ambiental. A pesquisadora destacou como processos formativos e a participação comunitária são fundamentais para a construção de políticas públicas sólidas, capazes de integrar geoconservação, gestão territorial e desenvolvimento sustentável em Presidente Figueiredo.

Plano de Ação
A programação seguiu com a apresentação “Plano de Ação da Reserva da Biosfera da Amazônia Central: metodologia e resultados”, ministrada por João Rodrigo L. dos Reis (IPAAM).
Encerrando as atividades acadêmicas do dia, às 18h, o público participou da Mostra Fotográfica e Cultural “Pela lente do Cientista Cidadão: Geodiversidade e Cultura de Presidente Figueiredo”, coordenada por Vilma T. Araujo (ENS–UEA) e realizada na Praça da Cultura.
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