Coletânea “Entre o passado e o futuro” repensa a Amazônia a partir de sua história e lança perspectivas de desenvolvimento para a região
Por Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom/Ufam
Apresentando 5 livros, a coletânea reúne pesquisadores e intelectuais que imprimem uma visão de mundo da intelligentsia amazônida brasileira
As Editoras da Universidade Federal do Amazonas (Edua) e Valer lançaram na noite desta quarta-feira, 11, a coleção “Entre o passado e o futuro: um estudo da produção científica da inteligência universitária na Amazônia brasileira”, organizado pelo professor Antônio Carlos Witksoki do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCasa). O lançamento ocorreu no auditório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), Setor Sul do campus universitário.
Antes do lançamento, foi apresentado um vídeo documentário que exibiu problemas socioeconômicos, políticos e culturais fundamentais do presente, em conexão direta e indireta com o presente do passado, abrindo as janelas do presente do futuro às presentes e futuras gerações que moram, trabalham e vivem na Amazônia – nas Amazônias – tecendo outros possíveis futuros. Em seguida, ocorreu o pronunciamento do organizador da obra e de representantes de instituições envolvidas na publicação. Já, na etapa final, teve sessão de autógrafos.
Em pronunciamento, a reitora em exercício, professora Therezinha Fraxe, apresentou o idealizador da coletânea, professor Antônio Carlos Witksoki, que acredita que a obra em questão é a mais sustentável lançada nos últimos tempos. Ela destaca o ex-reitor, professor Marcos Barros, pela liderança e pela manutenção da vida na Amazônia, assim como outros pesquisadores presentes no lançamento.
“A coletânea para a Universidade Federal do Amazonas é uma obra que representa a própria sustentabilidade da Ciência e que servirá a todas gerações futuras”, expôs a reitora em exercício que disse também quanto a contribuição que ela irá impactar no país.
O reitor, professor Sylvio Puga, participou da cerimônia de lançamento da obra e disse que “todos que assistiram ao vídeo documentário tiveram uma rica e detalhada aula magna sobre a nossa Amazônia. Puga sugeriu que o vídeo documentário e a coletânea possam estar disponíveis na página da Ufam para que mais pessoas tenham acesso, no sentido de conhecer as reflexões e o conteúdo profundo sobre a nossa região.
Na ocasião, Witksoki estabeleceu um roteiro de sua fala e agradeceu a todos que participaram direta e indiretamente na construção do projeto de elaboração da obra que também vem acompanhado com o vídeo documento através do QRcode impresso em cada edição. Ele que se considera um paranaense manauara estabelecido, justificável pelos mais de 30 anos, apaixonou-se pela Amazônia, o qual faz uma analogia a uma ‘mulher sensível’, que com o passar do tempo apaixona-se de forma incondicional.
Ele lembrou que a obra teve sua gênese no momento que estava realizando o seu pós-doutorado em Portugal e, justificou que o título da coletânea teve inspiração em um texto da filósofa Hanna Arendt.
O professor conta que foram realizadas 20 entrevistas que traz entre outras coisas, uma trajetória de vida de cada autor. E, no final, Witksoki agradeceu a todos os intelectuais que participaram da pesquisa quem, segundo o organizador, sem eles, o trabalho não teria sido realizado.
Sobre a coletânea
“Os livros direcionam-se para um público intelectualmente diverso e dividem-se em duas grandes partes: a primeira aborda as trajetórias de vida Intelligentsia amazônida brasileira – o que nos permitiu compreender não somente a gênese e a formação do habitus científico de cada pesquisador, ao longo de sua vida, mas também as influências políticas, culturais e intelectuais que configuraram (e ainda configuram), seu pensamento social”, expôs o organizador da coletânea.
A segunda parte, informa o professor, está intrinsecamente relacionada com a primeira e investiga três tempos históricos da formação social amazônica. “1º [tempo] - Procura revelar a visão de mundo da intelligentsia amazônida brasileira sobre o modo de vida material e simbólico dos ameríndios da Amazônia antes do contato com a ‘civilização’ europeia – o que nos aciona o presente do passado como memória –, e mostra o etnoepistemicídio praticado pelo projeto colonial ibérico sobre as populações ameríndias e os desdobramentos para a vida contemporânea desses povos”, relata o docente. “2º [tempo] - Ancorado no presente do presente busca evidenciar a visão de mundo da intelligentsia amazônida brasileira dos grandes projetos que estruturaram e ainda estruturam a formação social amazônica, procurando indicar a sua força e/ou influência na vida dos moradores de Manaus, do Estado do Amazonas e da Amazônia, não deixando de evidenciar os obstáculos e/ou entraves na construção de formas de desenvolvimento inclusiva, ética e sustentável; por fim, mas não menos importante”, pontua. “3º [tempo] - Objetiva expor a visão de mundo da intelligentsia amazônida brasileira num olhar prospectivo, noutras palavras, mobilizar o presente do futuro, dos possíveis futuros para a Amazônia, ou Amazônias, apoiado nos dois tempos históricos antes considerados, transformando o substantivo feminino esperança no verbo esperançar, como cultivava Paulo Freire, com o objetivo de preservar e/ou conservar a Amazônia para os que aqui e agora moram, trabalham e vivem e, consequentemente, a vida na Terra, lugar da morada de todos os seres, todos os seres!”, completa.
A coletânea teve o aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas.
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