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Parque das Tribos - Oficinas de jornalismo indígena têm início com 20 etnias

Publicado: Segunda, 10 de Outubro de 2022, 15h24 | Última atualização em Segunda, 10 de Outubro de 2022, 15h29 | Acessos: 800

Até o dia do lançamento, na última sexta-feira, sete de outubro, o projeto já tinha 58 inscrições de indígenas

 
Texto: Gustavo Jordam Silveira de Medeiros/Jornalismo Indígena/Mediação-Ufam
Fotos: Camila Barbosa Oliveira/Jornalismo Indígena/Mediação-Ufam                           
Editado por Irina Coelho
Equipe Ascom/Ufam
 

A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Comunidade Parque das Tribos deram início, na última sexta-feira, sete de outubro, às oficinas do projeto de extensão “Jornalismo Indígena” no Parque das Tribos, primeiro bairro indígena do Estado do Amazonas que está localizado no Tarumã Açu, zona oeste de Manaus. Até o dia do lançamento, o Projeto já tinha recebido 58 inscrições de indígenas de 20 etnias diferentes.

O lançamento das oficinas foi feito pelo cacique Ismael Franklin Gonçalves Filho, da etnia Munduruku, na Oca dos Povos Indígenas, no Parque das Tribos, com a participação da coordenadora do projeto, professora e jornalista Mirna Feitoza Pereira, do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/Ufam), e do professor Matheus Coimbra Oliveira, do curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras (Flet/Ufam), que coordena o projeto de extensão “Oficinas para revitalização de línguas indígenas no Parque das Tribos”.

Durante a abertura, a professora Mirna Feitoza Pereira destacou as motivações e os objetivos das oficinas do projeto “Jornalismo Indígena”. Segundo ela, o projeto surgiu para atender a demanda da comunidade e foi concebido em conjunto com lideranças indígenas. “São 15 pessoas envolvidas na equipe, entre indígenas, professores, jornalistas e estudantes. Será uma partilha de mão dupla, onde aprenderemos mutuamente sobre o jornalismo na visão dos indígenas”, disse ela.

O professor Matheus Coimbra Oliveira falou sobre o projeto de revitalização das línguas indígenas. Conforme ele, o projeto será realizado por meio de oficinas que visam apoiar os moradores com procedimentos para registro, catalogação e revitalização da diversidade linguística da área. “Trata-se de uma ação com vistas a permitir uma autonomia cada vez maior dos grupos indígenas que vivem nos ou nas proximidades dos grandes centros urbanos”, disse ele.

Ainda durante a abertura, a professora Mirna pediu a Isael Franklin Gonçalves, da etnia Munduruku, e Danielle Delgado Gonçalves, da etnia Baré, lideranças indígenas do Parque das Tribos, para compartilharem suas experiências pessoais com o jornalismo, as quais motivaram a concepção do projeto “Jornalismo Indígena”. Entre os anos 2010 e 2012, ambos produziram o jornal impresso comunitário “Folha Ouro Verde” e o programa “Vida de Índio”, produzido para o Youtube e veiculado pela TV Cidade. O jornal era semanal e abordava pautas de interesse do bairro do Coroado, onde moravam, e o programa “Vida de Índio”, enfocava a vida dos indígenas que moravam na cidade de Manaus.

“O jornal tinha mil impressões, 24 patrocinadores e era vendido a um real. Noticiava buraco, rua alagada, a vida das pessoas do bairro e comentários sobre assuntos de repercussão local, nacional e internacional. Dávamos a nossa versão. Eu saía para fazer as reportagens, e a Danielle fazia as páginas. Às vezes, acabava a tinta, e não tinha como imprimir”, relembrou Isael Munduruku.

Primeira oficina: Comunicação e Perspectivismo Indígena

Após a abertura, teve início a primeira das oito oficinas previstas no projeto “Jornalismo Indígena, intitulada “Comunicação e Perspectivismo indígena”, ministrada pela docente Ivânia Maria Carneiro Vieira e pela jornalista Renata de Lima da TV UFAM.

Na primeira parte, a professora e jornalista Ivânia Vieira reafirmou a importância de compartilhar o conhecimento com a comunidade como sendo uma das principais missões da Universidade. Em seguida, a comunidade foi convidada a debater e refletir sobre o significado das palavras: “comunicação”, “comunidade”, “comum” e “informação”. Depois, os participantes da oficina foram convidados a avaliar a importância dessas palavras, escolhendo da mais importante a menos importante. “Comunicação” e “informação” foram escolhidas as palavras de maior importância. Os resultados do primeiro dia da oficina darão base para os trabalhos dos próximos encontros, nos dias 21 de outubro e 4 de novembro.

Sobre o projeto Jornalismo Indígena

Vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão (PIBEX/Proext/Ufam), o projeto “Jornalismo Indígena” será realizado no Parque das Tribos até julho de 2023, tendo a discente Camila Barbosa Oliveira como bolsista. A equipe é composta por 15 pessoas, entre lideranças indígenas, professores, estudantes e jornalistas egressos do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/Ufam), além de professores e professoras da Faculdade de Letras e Faculdade de Educação e de uma docente e estudantes do curso de Design da Faculdade Martha Falcão.

Dois projetos de iniciação científica estão vinculados ao projeto de extensão “Jornalismo Indígena”: “Diário de campo das oficinas de jornalismo indígena no Parque das Tribos”, desenvolvido pelo discente-pesquisador Gustavo Jordam Silveira de Medeiros, e “Mapeamento das experiências de jornalismo indígena no Brasil”, desenvolvido pela discente pesquisadora Milena Monteiro Soares, ambos selecionados pelo Programa de Iniciação Científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufam, sob a coordenação da professora Mirna Feitoza Pereira. Na Ufam, o Projeto é liderado pelo Mediação - Grupo de Pesquisa em Comunicação, Complexidade e Culturas, da Faculdade de Informação e Comunicação, com o apoio do Laboratório de Análise e Criação Multimídia da Faculdade de Letras.

O Parque das Tribos é o primeiro bairro indígena do Estado do Amazonas. Localizado na zona oeste da capital, no Tarumã Açu, ramal do Bancrevea, foi oficializado pela Prefeitura de Manaus no ano de 2014. Estima-se que cerca de quatro mil pessoas morem no bairro, divididas em 700 famílias e 35 etnias, entre as quais Apurinã, Baniwa, Bara, Barassana, Baré, Dessana, Hupda, Kambeba, Karapãno, Kokama, Kuripako, Marubo, Miranha, Miriti Tapuio, Munduruku, Mura, Piratapuia, Sateré Mawé, Tariano, Tikuna, Tukano, Tuyuka, Yurupari tapuio, Wanano.

 

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