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Tese do PPGAS é a melhor da área de Antropologia e Arqueologia, segundo a Capes

Publicado: Sexta, 12 de Agosto de 2022, 12h27 | Última atualização em Sexta, 12 de Agosto de 2022, 14h10 | Acessos: 2384

Pesquisa aborda a visão indígena sobre os conceitos de corpo

Por Sandra Siqueira
Equipe Ascom Ufam

A pesquisa intitulada “Kumuã na kahtiroti-ukuse: uma ‘teoria’ sobre o corpo e o conhecimento-prático dos especialistas indígenas do Alto Rio Negro”, de autoria de João Paulo Lima Barreto, egresso do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), é escolhida como melhor tese da área de Antropologia e Arqueologia de 2022 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O resultado foi divulgado na quarta-feira, 10, na página da instituição.

Todos os anos, a Capes lança o edital de seleção dos trabalhos que irão concorrer ao Prêmio Capes de Tese. As teses são inscritas em uma das mais de 40 áreas de avaliação. Além disso, há também o reconhecimento a pesquisas destaques por meio de menções honrosas. João Paulo Barreto fez a defesa da tese em fevereiro de 2021, obtendo a aprovação da banca avaliadora. A submissão ao Edital nº 11/2022 ocorreu em março, após a divulgação pela Capes. 

“O meu trabalho trata de conceitos indígenas, sobretudo de conceitos sobre o corpo. Porque os nossos especialistas indígenas, chamados de pajés, eles têm práticas de cuidar da saúde que muitas vezes é entendido a partir da chave da religião. Então, a partir dessa inquietação que eu tive, eu fui buscar entender o que está por trás das práticas, dos cuidados da saúde. Eu trago essa discussão sobre o que é o corpo do ponto de vista indígena”, revelou o autor da tese. 

Orientador da tese vencedora, o professor Gilton Mendes dos Santos expõe as razões que, na sua opinião, fizeram dele o destaque em sua categoria. “O que sobressai no trabalho do João Paulo é a inovação no campo da Antropologia. Os alunos indígenas quando chegam na pós-graduação trazem já uma bagagem do conhecimento científico. Não é isso que queremos. A gente quer que você busque no seu universo, com os seus teóricos nativos, os velhos, os reconhecidos detentores de conhecimentos do seu povo indígena, que você traga esse conhecimento, que não são exatamente como os nossos, os da ciência, para que eles tomem lugar e tomem reconhecimento. Então, esse é um esforço gigantesco ”, explicou o professor Gilton. “E o João Paulo foi uma pessoa que suportou esse mergulho, digamos assim”, completou.

Para a coordenadora do PPGAS, professora Flávia Melo, o reconhecimento da Capes mostra a qualidade do trabalho feito pelas equipes docente e discente do PPG. “Essa conquista pro PPGAS tem vários significados: o programa sendo reconhecido como um programa de referência bastante importante no cenário da Antropologia brasileira e temos outros dois elementos dos quais esse programa não abre mão: o João Paulo Lima Barreto é um pesquisador indígena, tukano, da região do Alto Rio Negro, como ele insiste em  dizer, ele se orgulha em ser das políticas de ações afirmativas, e nós também nos orgulhamos muito porque o reconhecimento da tese do João Paulo coroa um esforço que o PPGAS realiza há mais de 10 anos, e elas nos dão também a possibilidade de abertura para outras epistemologias. Outros modos de produzir conhecimento”, defendeu Flávia Melo. 

 A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, professora Selma Baçal, afirma que o resultado da premiação da Capes comprova o êxito da Universidade em praticar a política de ações afirmativas. “Para a Ufam, é motivo de alegria. É o coroamento de um trabalho sério que vem sendo realizado na pós-graduação, especialmente com os colegas que atuam no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, e também demonstra a importância das ações afirmativas, do acolhimento dos indígenas nos cursos de mestrado e doutorado da nossa Universidade. Nós temos um grande quantitativo de estudantes indígenas e agora, claro, isso toma maior visibilidade com a premiação recebida, então, nós estamos em festa, comemorando essa vitória do João Paulo Barreto”, declarou, ao informar que, em 2021, a Ufam tinha 187 estudantes indígenas em seus cursos de pós-graduação lato e stricto sensu.

Agora, a tese de João Paulo Barreto concorrerá com as demais da área de ciências humanas. O resultado será divulgado em dezembro, conforme o cronograma do edital do concurso. No dia 8 de dezembro será realizada a solenidade de entrega do prêmio aos agraciados de 2022.

Para aprender mais sobre a melhor tese de Antropologia do Brasil, assista à defesa de João Paulo Barreto disponível no Youtube.

Banca de Defesa: João Paulo Lima Barreto (Tukano) 

 

 

 

 

 

 

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