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Inicia Seminário “Duzentos anos de Brasil e a Amazônia: para onde vamos?”

Publicado: Segunda, 18 de Julho de 2022, 12h13 | Última atualização em Segunda, 18 de Julho de 2022, 12h20 | Acessos: 546

Abordando a independência tardia na região amazônica,  os  professores Marilene Correa (Ufam), Everaldo Andrade (USP) e Eliana Ramos Ferreira (UFPA) foram os palestrantes da abertura do evento

Por Márcia Grana

Equipe Ascom Ufam

Teve início, na manhã desta segunda-feira, 18, o Seminário “Duzentos anos de Brasil e a Amazônia: para onde vamos?”. Organizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Fundação Perseu Abramo e demais instituições de ensino e de pesquisa, o evento é voltado a favorecer o diálogo em torno da temática independência do Brasil, refletir sobre os problemas sociais vivenciados na atualidade e os desafios para o futuro.

Pioneirismo do IFCHS

Durante seu pronunciamento, o reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor Sylvio Puga, destacou o pioneirismo do IFCHS em se deslocar ao interior do Estado para a formação de populações indígenas. “ No último sábado eu estava no município de Santa Isabel do Rio Negro, onde realizamos a colação de grau de 38 formandos indígenas. No próximo dia 30 de julho, estaremos em São Gabriel da Cachoeira para realizar mais uma solenidade de outorga de grau a estudantes indígenas e isso tem tudo a ver com este seminário, realizado no Instituto de Ciências Humanas e Sociais, o instituto pioneiro em se deslocar ao interior do Estado para a formação de populações indígenas. Embora falar de uma colação indígena ainda não seja corriqueiro, dada ao injusto processo histórico pelo qual os indígenas passaram, lutamos para que as colações de grau de estudantes indígenas se torne algo cotidiano. Nesse sentido, desejo agradecer aos organizadores por fazerem nossa universidade ser, em mais esta oportunidade, o palco da reflexão crítica”, declarou.

 Projeto para a Amazônia

A diretora do Instituto de Ciências Humanas e Letras (IFCHS), professora Iraildes Caldas Torres, ressaltou que o Seminário é importante por trazer debates que podem culminar  na construção de uma projeto para a Amazônia. “Este seminário é da maior importância. Espero que, a partir dos debates neste espaço, saiamos fortalecidos, com a ideia de uma Amazônia que é nossa, que é dos povos originários, uma Amazônia que queremos construir e, mais do que nunca, reconstruir uma relação republicana com o governo, com os poderes constituídos. São duzentos anos de resistência, então, que possamos expandir as ideias discutidas aqui para a construção de um projeto para a Amazônia”, discursou.

Ufam de resistência

A diretora da Fundação Perseu Abramo no Amazonas, Jéssica Taloema, agradeceu a Ufam por receber o Seminário organizado pela mencionada fundação. “Gostaríamos de agradecer a Ufam por receber este seminário  e agradecer também a série de parcerias que abraçaram essa atividade, a qual tem o objetivo de trazer uma reflexão sobre o cenário político e social do nosso estado. Temos mais de dois milhões de pessoas passando fome neste momento em nosso Estado e precisamos refletir sobre o cenário social, o cenário econômico e sobre as lutas populares da nossa região e a Ufam, por ser um símbolo de resistência em nosso Estado, deve ser parabenizada, pela permanente luta de seus docentes e discentes”, afirmou.

 Palestrantes

Durante a palestra de abertura, intitulada “A independência tardia na região amazônica”, a professora Marilene Corrêa destacou a singularidade do processo de independência na Amazônia. “O que é singular na independência da Amazônia é o fato de ela ter lutado para não ser Brasil, para não fazer parte da unidade nacional. Uma dessas forças eram os brasileiros filhos de portugueses já nascidos aqui, que queriam ter independência econômica e jurídica. Mas também tinham as forças mais avançadas, que queriam o fim da escravidão e outro regime político, no caso, a República e isso era muito ousado. Com o desenvolvimento da Cabanagem, que teve força de rua e de armas, nós nos separamos do Brasil e compusemos o governo cabano. Tivemos três governadores cabanos. Para agora temos a reflexão acerca  do que restou dessa formação social, como a estrutura agrária, toda a estrutura das leis, o racismo, as diferenças, a problemática indígena, ou seja, a Amazônia brasileira que foi recebida da Amazônia portuguesa. Temos que pensar no que fazer com essa Amazônia que restou, que é, na verdade,um anti-Brasil”.

O professor Everaldo Andrade, da Universidade de São Paulo (USP), disse que o processo de independência sempre foi marcado por intensas lutas, principalmente para as camadas populares. “Este encontro não é um seminário só de História, abrange muitas outras áreas. Embora nesses duzentos anos tenhamos muito a comemorar, também temos muitos desafios para o futuro do nosso país. Segundo o historiador Varnhagen, o processo de independência no Brasil foi pacífico, tranquilo. Talvez para os escravocratas tenha sido, mas para o povo, a maioria composta por trabalhadores escravos, que eram acorrentados, não foi nada pacífico. Foi um processo de intensas lutas que até hoje são um desafio para as camadas populares. Outros projetos de país foram construídos e que não estão no poder hoje e penso que é momento de pensarmos projetos de emancipação de nosso país”.

Durante sua apresentação, a professora Eliana Ramos Ferreira, da Universidade Federal do Pará (UFPA) ressaltou a relação da Cabanagem com a independência tardia na Amazônia. “Continuamos na periferia não só do Brasil, mas da nossa própria história. A historiografia nacional tentou deixar a Cabanagem no limbo, mas estamos aqui para ressaltar que ela foi a maior revolução social do país, que foi um  movimento revolucionário e questionador das estruturas de poder da sua época”.

 Luz sobre questões

Participante do evento, a estudante do quarto período do curso de História, Luanda Melo, disse que as exposições dos palestrantes colocou luz sobre algumas questões para as quais não dava tanta atenção antes. “As palestras foram importantes porque trouxeram algumas questões para as quais eu não dava tanta atenção, enquanto estudante de história, principalmente quanto à carência de documentos historiográficos, menos de 40 documentos a respeito da Amazônia, o que me remeteu a uma pergunta: Até quando a Amazônia vai aceitar ter sua história e sociedade deturpada pelo resto do país?”, questionou a graduanda.

 Programação

Mais tarde, às 18h, a programação continua com a mesa redonda “As lutas populares nos 200 anos de Brasil”, que conta com a participação dos palestrantes Nelson Tomelin (Ufam), Kátia Cilene Couto (Ufam) e Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro (Ufam). Na terça-feira, o evento continua com as mesas redondas “A educação, a ciência e a democracia”, às 9 h, e “A floresta e o meio ambiente, a soberania e os desafios para o futuro da região”, às 18h.

 

O evento é realizado no auditório Rio Solimões do Instituto de Ciências Humanas e Letras (IFCHS)

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