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Promoção funcional - Professora Heloísa Helena Corrêa da Silva ascende à professora titular da Ufam

Publicado: Terça, 14 de Junho de 2022, 16h03 | Última atualização em Terça, 14 de Junho de 2022, 16h05 | Acessos: 1264

Quero destacar a importância da educação pública. Sou fruto dela e, logicamente, componho o quadro dos poucos que conseguem chegar ao patamar de titularidade em que me encontro,  conquistado por mérito”, destacou a professora, após a defesa de seu Memorial

Por Márcia Grana

Equipe Ascom Ufam

Na manhã desta terça-feira, 14, a professora do Departamento Social da Universidade Federal do Amazonas, Heloísa Helena Corrêa da Silva, defendeu seu Memorial, requisito para a ascensão funcional a professor titular do Magistério Superior, titulação máxima concedida a docentes pelas Universidades Federais.

Trajetória intelectual 

Durante os 60 minutos da defesa de sua trajetória acadêmica, científica e cultural, a professora Heloísa Helena destacou as sociedades científicas das quais é participante, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Museu da Amazônia (Musa), da Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas e Quilombolas (Rede PROINQUI) e do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), além das atividades de pesquisa e de extensão universitária nas quais se envolveu. “Emocionalmente, esses rituais de passagem mexem conosco. Ao longo de minha vida profissional, a parte mais ligada à caridade das práticas assistenciais passou a ser compreendida por mim como necessária, a ser desenvolvida como a possibilidade de garantia de direitos sociais a quem necessite. Nessa trajetória, tive a oportunidade de elaborar o primeiro projeto de extensão voltado para a preparação pré-vestibular a estudantes do bairro da Compensa, na área periférica de Manaus; contribuí para a instalação do curso de Antropologia na região do Alto Solimões; idealizei e realizei as várias edições do Encontro de Políticas Públicas para a Pan-Amazônia e Caribe, sempre zelando pelo compromisso de pensar o Brasil e a Amazônia em sua complexidade”, afirmou a professora Heloísa Helena.

Obras

A nova professora titular da Ufam é docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas há 32 anos. Tem cerca de 30 artigos publicados; já orientou  20 dissertações e 6 teses; é autora da obra “Expressões da Assistência Social no Médio Juruá-Amazonas e organizadora de obras como “A implantação do curso de Antropologia na região do alto Solimões” e “Traços culturais, tecnológicos e cooperativistas da Economia solidária no Estado do Amazonas”. Ela também tem participação em capítulos de oito livros, entre os quais “La questión indígena en las cidades de las Américas”, no qual contribui com um artigo sobre a questão social no Alto Solimões e “Condiciones de vida, procesos de discriminación e identificación y lucha por la ciudadanía étnica”, no qual colabora com um artigo sobre Proteção social na tríplice fronteira.

Nomadismo acadêmico

Membro da banca de avaliação do Memorial, a professora Aldaíza de Oliveira Sposati, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/ SP), destacou o nomadismo acadêmico da professora Heloísa Helena, condição que considera o diferencial da trajetória intelectual da pesquisadora. “O interessante é que você, Heloísa, desenvolve a preocupação com a pesquisa, ao mesmo tempo em que mergulha concretamente na realidade. É muito rica a sua trajetória. Os limites, as fronteiras para você parecem não existir, pois você tem nomadismo acadêmico, uma entrega emocionante. E por não ser uma pesquisadora sedentária, construiu uma história de extrema coerência com a multiplicidade da realidade amazônica, essa multiplicidade na qual você mergulha e traz para os seus alunos e para o debate na academia. Admiro sua trajetória”, elogiou a componente da banca de avaliação do Memorial apresentado pela professora Heloísa Helena.

Diálogo interdisciplinar

A professora Maria Antônia Cardoso do Nascimento, da Universidade Federal do Pará (UFPA), ressaltou que a trajetória da professora Heloísa Helena chama atenção pelo permanente diálogo interdisciplinar. “Toda a trajetória dela é marcada pela proximidade com as outras áreas das Ciências Sociais. Essa particularidade está nos eventos que organiza, nos artigos que publica. Seu currículo desafia e expressa essa perspectiva de não temer de se inserir em uma interlocução permanente com outras áreas”, declarou.

Lado a lado

O professor Antônio Carlos Maciel, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), relembrou as lutas nos movimentos sociais ao lado da professora Heloísa Helena nos tempos de faculdade e ressaltou que o Memorial dela reflete o compromisso da pesquisadora com o conhecimento. “Eu e a professora Heloísa Helena participamos, lado a lado, de lutas memoráveis quando a Universidade era engajada, concretamente, nas lutas sociais. Lutamos, por exemplo, pela meia passagem. Considerando as condições adversas que, nós, pesquisadores, passamos na Amazônia, é até constangedor ser avaliador, pois a professora Heloísa tem um sólido compromisso com o conhecimento e só por isso já seria merecedora do maior título de docente, que é o de professor titular do Magistério Superior. Também me considero um pesquisador fora das gavetas. Minha formação começa com uma graduação em Filosofia e culmina em um doutorado em Economia Rural. Fiquei muito feliz de ler sua trajetória, Heloísa, pois memoriais possibilitam mostrar, por dentro, quem somos. Que continuemos trabalhando em nosso compromisso com a Amazônia, com a Democracia e com a felicidade, pois existe um lado subjetivo pelo qual também devemos lutar”, disse o avaliador.

Momento acadêmico e político

A presidente da comissão de avaliação, professora Amélia Regina Nogueira, destacou que além de um momento acadêmico, a defesa de um Memorial é um momento político no qual a Universidade mostra suas contribuições para a sociedade. “Entendo esse momento como um momento político de resistência, mostrando as contribuições da Universidade para a sociedade. Percebi nas falas de todos os que estão aqui o papel simbólico da resistência universitária. Como pesquisadores das Ciências Humanas, nossas falas se conectam, temos afinidade teórica e lutamos lado a lado por uma sociedade do bem-viver na Amazônia, que está sendo espoliada, queimada. É um momento acadêmico, sim, mas também é um momento político de resistência”, pronunciou-se a presidente da Comissão avaliadora.

Perfil

Confira, a seguir, o perfil da nova professora titular da Universidade Federal do Amazonas. A professora Heloísa Helena Corrêa da Silva possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), mestrado, doutorado e pós-doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É professora Associada 4 na Ufam, no Departamento de Serviço Social – DSS e no Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia – PPGSCA. Tem experiência nas áreas de Serviço Social e Interdisciplinar, com pesquisas concluídas sobre políticas públicas: da assistência social, da saúde, dos direitos sociais, dos processos de conhecimentos, sociais históricos e culturais de populações tradicionais. É membro do GT – Indígenas em Contexto Urbano nas cidades das Américas do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais – CLACSO/México e pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Assistência e Seguridade Social NEPSAS/PUC-SP, além de pesquisadora na Rede PROINQUI sobre Promoção de Direitos dos Povos Indígenas e Quilombolas.

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