Ufam lamenta morte do poeta Thiago de Mello
Ícone da literatura amazonense de projeção internacional e doutor honoris causa da Universidade Federal do Amazonas, o poeta e tradutor Thiago de Mello faleceu na madrugada desta sexta-feira, 14, aos 95 anos
Por Márcia Grana
Equipe Ascom Ufam
A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) manifesta profundo pesar pelo falecimento do poeta e tradutor Thiago de Mello. Doutor honoris causa da Ufam - título concedido ao intelectual em 1996, pelo Conselho Universitário da Universidade - ele faleceu na madrugada desta sexta-feira, 14 de janeiro, aos 95 anos.
A reitora em exercício da Universidade Federal do Amazonas, professora Terezinha Fraxe, declarou que a morte do poeta é uma enorme perda para a Ufam e para o mundo. “Hoje o Amazonas, a Amazônia, o Brasil e o planeta perdem o poeta Thiago de Mello. A homenagem da gestão superior da Ufam relembra o Estatuto do Homem, que ele escreveu, um texto, uma poesia que vem do coração de todos nós, homens e mulheres amazônicos e amazônidas e que remete à liberdade, à sinceridade, à confiança nos seres humanos, no vento, no ar, nas águas, nos rios amazônicos, no azul do céu. Ele é imortal para nós. Seremos sempre homens e mulheres livres, segundo Thiago de Mello. A Ufam hoje está de luto pela partida desse grande poeta, desse grande ser humano, do grande cientista Thiago de Mello, declarou a gestora.
O diretor da Faculdade de Letras, professor Robert Langlady Lira Rosas, também lamentou a morte do poeta. “Uma grande perda para a literatura de expressão amazonense. Fica o conforto de uma rica produção literária, que eu resumiria no verso ‘Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar’. Luto na Faculdade de Letras (Flet/Ufam)”, discursou o diretor da Flet.
Livros
Ícone da literatura regional, Amadeu Thiago de Mello tem, entre suas obras, os livros Os Estatutos do Homem, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco; Faz Escuro mas eu canto, cujos poemas embasaram composição sinfônica do maestro Cláudio Santoro, a qual foi executada na abertura da Assembléia Nacional Constituinte, realizada na Praça dos Três Poderes, em Brasília; Amazonas: no coração encantado da floresta, obra infanto-juvenil e Mamirauá, resultado de um projeto da Sociedade Civil Mamirauá.
Traduções
Entre as obras traduzidas por Thiago de Mello estão: A Terra Devastada e os Homens Ocos, escrito por T.S. Eliot (1888 - 1965); Salmos, de autoria do poeta nicaraguense Ernesto Cardenal (1925); A Vida no Amor, também de Ernesto Cardenal; Sóngoro Cosongos e Outros Poemas, do poeta cubano Nicolás Guillén (1902 - 1989); Debaixo dos Astros, do poeta cubano Eliseo Diego (1920 - 1994) e Versos do Capitão, de Pablo Neruda.
Obras de Thiago de Mello na Ufam
A Universidade Federal do Amazonas adquiriu, em 2009, parte do acervo do poeta e tradutor. Inicialmente, o acervo foi tratado pela Biblioteca Central da Universidade. Atualmente, o acervo está sob a guarda do Museu Amazônico, órgão suplementar da Ufam.
O professor do departamento de Arquivologia, Leandro de Aguiar, acrescenta que, em 2019, o Laboratório de Pesquisa em Arquivologia, História e Patrimônio conseguiu recurso, junto à Fapeam, para fazer o tratamento arquivístico do acervo do poeta Thiago de Mello. “O trabalho consiste na higienização, no acondicionamento correto, na criação de um catálogo e na digitalização do acervo para disponibilizar na Internet. A Ufam reconhece a importância do Thiago de Melo como um intelectual ativo do Amazonas e esse acervo que está sendo tratado reflete esse reconhecimento a toda essa trajetória relevante e expressiva do poeta”, declarou o docente.
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