Ufam outorga grau a 43 professores indígenas em Tefé
Por Carla Santos
Equipe Ascom Ufam
A licenciatura indígena tem 43 novos profissionais a partir da outorga de grau realizada no último dia 21, pela Universidade Federal do Amazonas, no município de Tefé, a 522 quilômetros de Manaus. Em solenidade presidida pelo reitor, professor Sylvio Puga, na presença do vice-diretor da Faculdade de Educação (Faced), Cláudio Gomes da Victoria, familiares e amigos dos formandos, foram entregues à sociedade três cursos: 13 formandos do curso com ênfase nas Ciências Humanas e Sociais, outros 15 do curso que destaca as Exatas e Biológicas e mais 15, oriundos do curso que enfatiza as Letras e as Artes.
Relatada em português e na língua tukano, a oradora lembrou os vários desafios vivenciados ao longo da formação. "Nos deslocamos de nossas aldeias e municípios, sem energia, sem água, sem alimentação...mais recentemente, a pandemia e todas restrições e perdas que tivemos. Esses desafios nos motivaram para voltarmos às nossas comunidades e aplicarmos a educação escolar indígena com o viés da pluralidade étnica. Somamos oito povos distintos e aprendemos juntos. Nesta despedida, certamente sabemos que a vida poderá nos separar, mas a memória permanecerá", discursou. Paraninfa da turma, a professora Jonise Nunes Santos avaliou a trajetória acadêmica das turmas. "Ao término do curso, deparamo-nos com trabalhos belíssimos. A formação é isso, não fazemos sozinhos, nós professores também aprendemos e vocês apreendem juntos. Eu estimo que essa coletividade continue e que vocês vivam a docência dentro e fora da sala de aula. Lembrem-se também, que o diploma é por causa de um povo. O diploma é um instrumento para levar o conhecimento ao povo e eles têm direito de receber o que vocês experimentaram pela sua passagem pela universidade", frisou.
O professor Gersem Baniwa, patrono e coordenador do curso, chamou atenção, em sua fala, da consciência que os novos profissionais têm quanto à valorização e fortalecimento de suas origens. "A universidade acolheu o curso, acolheu vocês. As suas comunidades fizeram o mesmo, confiaram e confiam em vocês e, mesmo assim, vocês enfrentaram todas essas dificuldades as quais vocês já sabem que viveram. Na vida, nada é fácil e se somos indígenas, é mais difícil ainda. E assim permanecerá. Quero que leiam, releiam e jamais o esqueçam. o juramento que fizeram perante os seus, com a comunidade, com as instituições, com os povos indígenas. Vocês serão cobrados e, garanto, depois de cinco anos, estão preparados", afirmou.
O vice-diretor da Faculdade de Educação, professor Cláudio Gomes da Victoria, falou em nome da diretora da Faced, professora Silvia Conde. "A universidade jamais seria a mesma depois de experimentar o convívio e a troca de saberes com os povos indígenas. Nós nos reconhecemos no nosso papel. Por isso, importante nunca esquecermos de olhar para o lado, para a comunidade e fortalecer a nossa luta. Que outros municípios cheguem a viver esse momento que estão vivendo, afinal somos o estado mais indígena do País e sabemos, a demanda existe. Por último, tenham sempre em mente, a conquista de vocês é pessoal, mas, também, coletiva", observou.
Encerrando os pronunciamentos, o reitor Sylvio Puga, parabenizou os formandos e, institucionalmente, lembrou dos avanços da Ufam para garantir que ela seja mais inclusiva e estruturalmente preparada.
"A Fazenda Experimental, mencionada aqui, com carinho por vocês, alunos e professores, por ter sido o primeiro ambiente universitário com o qual certamente tiveram o primeiro contato, é hoje, um espaço de pesquisa cada vez mais forte. Além de receber projetos científicos, ser um ambiente para a extensão, também é onde se aprende. Mas, vocês sabem, lá atrás, quando vocês pisaram na Fazenda, tiveram dificuldade de acesso a ela, já que não era asfaltada. Hoje, ela está. Faça chuva ou sol, ela tem condições de receber a comunidade plenamente. Assim vamos trabalhando, queremos ver todos os amazônidas que assim desejarem, preparados e próximos da Ufam", vislumbrou o reitor.
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