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Ufam nas alturas: pesquisadora Mayara Fraeda revela processos de formação do Pico da Neblina  

Publicado: Quinta, 16 de Janeiro de 2025, 16h05 | Última atualização em Quinta, 16 de Janeiro de 2025, 18h10 | Acessos: 341

Subir no Pico da Neblina não é para qualquer um. Mas, a professora Mayara Fraesa Barbosa Teixeira, do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas realizou essa façanha subindo a montanha mais alto do Brasil. O objetivo foi investigar a formação de montanhas na Amazônia – uma região chave para compreender processos tectônicos, tornando-a a primeira pesquisadora da Universidade a explorar um ambiente dessa magnitude.

Por Sebastião de Oliveira, equipe Ascom

Tudo se inicia quando a pesquisadora atende a chamada do Instituto Serrapilheira, que promoveu o projeto aprovado da pesquisadora ao Pico da Neblina, localizado no norte do estado do Amazonas, na serra do Imeri, é considerado o ponto mais alto do Brasil com 2.995 metros de altitude, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo de pesquisa teve o intuito de realizar o mapeamento geológico, coletar dados e compreender os processos de formação do Pico da Neblina.

Compreensão Geológica

De acordo com a docente, essa foi uma conquista significativa, assim como para a Universidade, que destaca como a primeira pesquisadora do Departamento de Geociências a integrar uma expedição desse porte. “Esse trabalho não apenas fortalece o papel da universidade em liderar estudos em regiões remotas, mas também, contribui com dados que irão ampliar a compreensão da geologia da Amazônia”, afirmou a pesquisadora.

“Iniciativas como essa são fundamentais e devem ser amplamente apoiadas por instituições de ensino e pelas agências de fomento, devido à importância da região para geologia dos terrenos mais antigos da terra, dos desafios logísticos e ao alto custo de pesquisas em áreas de difícil acesso”, completou Mayara Fraeda.

Oportunidade

Ela lembra que a oportunidade surgiu graças ao geólogo Gilmar Honorato, do Serviço Geológico do Brasil, que compartilhou um vídeo sobre o seu trabalho junto ao ICMBio. A partir daí, foi convidada a integrar uma equipe multidisciplinar que realizou a expedição ao Pico da Neblina, tendo o ICMBio promotor de toda a logística. “Enquanto Gilmar Honorato e Joana Sanchez, ambos geólogos, eram responsáveis pela avaliação de risco geológico, minha contribuição foi focada no mapeamento da trilha”, conta a pesquisadora.

Expedição técnico-científica  

A expedição técnico-científica ao Pico da Neblina foi organizada e financiada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com base em São Gabriel da Cachoeira, em parceria com a Associação Yanomami do Rio Cauaburi e Afluentes (AYRCA), por meio do Projeto Yaripo: Ecoturismo Yanomami que tinham pesquisadores, além do ICMBio, da Ufam, Instituto Federal do Amazonas (IFAM), campus São Gabriel da Cachoeira), da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e do Instituto Socioambiental (ISA). Na logística, a expedição contou também com a equipe Yanomami, envolvendo 17 colaboradores, incluindo 2 condutores especializados para alcançar o cume, 2 cozinheiras e vários carregadores para suporte logístico.

Trajetória

A expedição começou em São Gabriel da Cachoeira (AM), seguindo a Maturacá que, após uma noite de descanso, a equipe percorreu 45 km de voadeira até o início da trilha que leva ao Pico da Neblina. “A subida ao cume levou 9 dias, com caminhadas diárias de 5 a 8 horas. Ao longo do percurso, pernoitamos em acampamentos estrategicamente distribuídos na trilha, culminando no acampamento-base, de onde partimos para o ataque ao cume. Foram 5 dias de caminhada até o topo, com 1 dia adicional dedicado ao mapeamento e à análise de risco geológico, seguido de 3 dias de descida”, expôs a pesquisadora.

“A jornada foi extenuante. Enfrentamos subidas íngremes, trechos escorregadios e chuvas constantes que tornavam a trilha ainda mais desafiadora, especialmente nas proximidades do acampamento-base e do cume. A lama e o terreno acidentado testaram nossos limites físicos e mentais. No entanto, a floresta parecia nos oferecer suporte em cada galho de árvore, e cada bloco de rocha que segurávamos para impulsionar o corpo”, ressaltou.

Superação

Mayara Fraesda relata que quando chegaram no cume da montanha, as emoções tomaram conta – as lágrimas vieram naturalmente diante da paisagem, da sensação de superação e o privilégio de estar no topo do Yaripo (nome Yanomami para o Pico da Neblina).

“Além de proporcionar uma experiência pessoal profundamente transformadora, a expedição foi marcada por um intercâmbio de conhecimentos científicos e tradicionais. Os dados geológicos inéditos que foram obtidos a partir dessa expedição irão trazer novas interpretações sobre a formação do Pico da Neblina, ampliando nossa compreensão sobre a geologia da Amazônia Ocidental e servindo de base para trabalhos futuros. Além disso, os resultados também terão aplicação prática para a comunidade Yanomami, contribuindo para o aprimoramento de suas expedições turísticas e fortalecendo iniciativas de Geoturismo”, concluiu a pesquisadora.

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