Inédito - Ufam tem dois projetos aprovados na sétima chamada pública de apoio à ciência do Instituto Serrapilheira
Por Irina Coelho
Equipe Ascom
O edital recebeu 487 propostas e selecionou apenas 20 projetos
Os projetos “Como as cadeias de montanhas se formaram na Amazônia há 2 bilhões de anos e como elas estavam relacionadas a um Supercontinente?” e “Como aprender leis de controle para sistemas dinâmicos complexos a partir de dados com garantias de segurança? dos docentes Mayara Fraeda Barbosa Teixeira e Iury Bessa, respectivamente, foram aprovados na sétima chamada pública de apoio à ciência do Instituto Serrapilheira. O edital recebeu 487 propostas, selecionou apenas 20 projetos, sendo dois deles ligados à Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Segundo o docente Iury Bessa, vinculado ao Departamento de Eletricidade da Faculdade de Tecnologia (FT), e um dos selecionados, editais externos são excelentes oportunidades para que os pesquisadores da Ufam consigam recursos adicionais que podem ser utilizados para o fortalecimento das atividades de pesquisa e desenvolvimento. “Em particular, o apoio de um instituto privado como o Serrapilheira traz consigo diversas vantagens, como desburocratização na execução do orçamento, apoio da equipe do instituto e diversas ações de formação e comunicação que visam desenvolver os pesquisadores e amplificar o impacto dos seus trabalhos. Quanto ao fomento público, atualmente diversos editais também estão sendo publicados (CNPq, CAPES e FAPEAM, por exemplo). Acho que precisamos aproveitar essas oportunidades para obter recursos e suporte a nossa pesquisa e para revitalizar e ampliar nossa estrutura”, enfatiza.
A professora Mayara Fraeda Barbosa Teixeira, pertencente ao Departamento de Geociências (DEGEO) do Instituto de Ciências Exatas (ICE), também selecionada, explica que o Instituto Serrapilheira investe em projetos que sejam ousados e originais. “Além do apoio financeiro o Instituto investe na independência e criatividade científica do pesquisador em responder a sua “grande pergunta fundamental”, dando a oportunidade desenvolver pesquisas científicas de base e flexibilidade na gestão de projetos de forma mais dinâmica”, conta.
Os projetos têm duração de até cinco anos e implementação imediata.
Cadeias de Montanhas na Amazônia
Intitulada “Como as cadeias de montanhas se formaram na Amazônia há 2 bilhões de anos e como elas estavam relacionadas a um Supercontinente?”, a pesquisa da professora Mayara Fraeda Barbosa Teixeira, busca evidências da formação de grandes cadeias de montanhas na região Amazônica há dois bilhões de anos, e como essas cadeias de montanhas estavam conectadas com outros continentes, formando um Supercontinente chamado Columbia.
A discente explica que o substrato rochoso da Amazônia constitui a unidade chamada de Cráton Amazônico, é um dos mais antigos do planeta (3.2 bilhões de anos), e preserva informações cruciais para o entendimento da Tectônica de Placas. “Esse projeto irá obter dados que nos ajudarão a contar essa história de relevância global. Além disso, quando os continentes se combinam para formar grandes supercontinentes e depois se dividem novamente em blocos continentais menores, grandes pulsos de nutrientes entram na biosfera e permitem que os organismos proliferam. Então, esse projeto tem implicações para outras ciências além da Geologia, como a Paleoclimatologia, Geofísica e a Evolução da Vida”, destaca.
A professora acrescenta ainda que para a região Norte, além do desenvolvimento científico, o projeto vai fomentar a formação de recursos humanos qualificados, da graduação ao Pós-Doutorado, a ampliação e divulgação das Geociências, e do papel do Departamento de Geociências e do Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGGEO) da Ufam na Geologia da Amazônia Ocidental. Mayara Fraeda Barbosa Teixeira vai liderar uma equipe de pesquisa composta por acadêmicos brasileiros de diferentes regiões e instituições do país, sendo três professores do DEGEO/Ufam, um pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de pesquisadores internacionais da Colômbia (Serviço Geológico da Colômbia), França (Universidade de Montpellier) e Australia (Curtin University). A professora destaca ainda que a equipe é caracterizada pela sua diversidade, composta principalmente por jovens pesquisadores de diversas origens, raças e gêneros, estando alinhada com os valores do Serrapilheira, e trará a oportunidade de bolsas para estudantes de grupos sub-representados nas geociências.
O projeto será dividido em três etapas para atividades de campo dentro das áreas de estudo e os resultados serão divulgados por meio de eventos envolvendo apresentações online (webinars) e palestras presenciais, seminários, workshops, e cursos de curta duração para públicos diversos. Além da participação em eventos e treinamentos promovidos pelo Serrapilheira. “É a primeira vez que se propõe no Brasil uma abordagem multi-proxy para construir um modelo Paleogeográfico para a Amazônia há dois bilhões de anos atrás. Isso vai situar as geociências da Ufam no cenário internacional de reconstruções paleogeográficas, além de possibilitar publicações em periódicos internacionais e de alto impacto”, destaca.
Leis de controle para sistemas dinâmicos complexos
Com o objetivo de investigar novas abordagens para o projeto de sistemas de controle baseados em dados e a certificação de segurança, a pesquisa“Como aprender leis de controle para sistemas dinâmicos complexos a partir de dados com garantias de segurança?”, do docente Iury Bessa, combina conhecimentos de teoria de controle, verificação formal e inteligência artificial de forma a extrair informações consistentes para o projeto de sistemas de controle, a partir de grandes massas de dados e sem perder de vista os requisitos de segurança, para aproveitar de forma plena as tecnologias relacionadas a Indústria 4.0 e 5.0. Serão desenvolvidas técnicas de processamento de dados, inteligência artificial e controle automático que tenham garantias de qualidade, desempenho e segurança.
A proposta é explorar a abundância de dados para lidar com a tarefa de projetar sistemas de controle confiáveis para sistemas ciberfísicos. Para isso, serão desenvolvidas técnicas de certificação de propriedades de segurança, as quais desempenharão um papel relevante na confiabilidade dos métodos baseados em dados e inteligência artificial.O pesquisador explica que os sistemas de controle que atuam como elementos reguladores e automatizadores estão na base (muitas vezes oculta) dos sistemas ciberfísicos, que por sua vez são modelos fundamentais para representar o contexto que emergiu do uso intenso de tecnologias de comunicação e computação e dos novos processos de manufatura baseados nas tecnologias e conceitos relacionados à Indústria 4.0 e Indústria 5.0.
“Neste contexto, fica claro que a sociedade e a economia se tornam cada vez mais dependentes das tecnologias, o que aumenta significativamente os requisitos de segurança e confiabilidade. De fato, o uso das novas tecnologias de comunicação e computação dinamiza e flexibiliza bastante esses processos, além de disponibilizar uma grande quantidade de dados que podem ser explorados para compensar a inerente complexidade resultante dessa integração”, elucida.
O projeto será executado pelo grupo de pesquisa e-Controls, ligado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFAM (PPGEE/Ufam) e ao Centro de P&D em Tecnologia Eletrônica da Informação (CETELI). Ao todo, o grupo é composto por 16 professores dos Departamentos de Eletricidade, Eletrônica e Computação e Petróleo e Gás, incluindo colaboradores da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O professor Bessa explica também que além desses docentes, a expectativa é envolver pelo menos 10 alunos de doutorado, mestrado e graduação.
“Em particular, o projeto prevê a concessão de bolsas para muitos desses alunos, beneficiando diretamente os discentes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e dos cursos de Engenharia Elétrica e da Computação da Ufam. Vale salientar que alinhado aos valores da Ufam e do Instituto Serrapilheira, que apoia a diversidade na ciência e a integração e formação de grupos sub-representados, o projeto buscará práticas de estímulo à diversidade e inclusão de grupos historicamente sub-representados nas ciências exatas e engenharias”, relembra.
A pesquisa contribuirá para produzir e multiplicar no Brasil conhecimentos que fortaleçam e aumentem a competitividade dos setores produtivos. “Nesse contexto, o Polo Industrial de Manaus é potencialmente um grande beneficiário, uma vez que, cada vez mais, as empresas investem na incorporação de inteligência artificial aos sistemas de controle e automação para aprimoramento de suas linhas produtivas. Portanto, o próximo passo natural é prover garantias para essas linhas aprimoradas, que se beneficiam da disponibilidade de dados e das novas tecnologias de computação e comunicação” finaliza.
Confira a lista dos 20 projetos aprovados AQUI
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