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Produtos circulares: aluna de pós-graduação em Engenharia de Produção desenvolve novos produtos a partir de resíduos de lápis de cor

Publicado: Sexta, 21 de Fevereiro de 2025, 16h19 | Última atualização em Sexta, 21 de Fevereiro de 2025, 16h23 | Acessos: 203

A pesquisa de mestrado da discente Laura Lima da Rocha, sob orientação do professor Marcelo Albuquerque de Oliveira e ligada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Amazonas (PPGEP/Ufam), propõe a fabricação de produtos a partir de descartes de uma indústria do Polo Industrial de Manaus (PIM). Trata-se do desenvolvimento de assentos de bancos, a partir de resíduos de lápis de cor, corroborando com os preceitos da Economia Circular e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), além de trazer soluções de problemas ambientais no Amazonas. 

O projeto, registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) sob o número BR 20 2023 000408 9, volta-se para a redução dos impactos de uma Economia Linear para reinserir um novo produto, com valor agregado àquele material, que seria descartado nos aterros. “Diante das diversas problemáticas ambientais que enfrentamos, uma delas é a quantidade de lixo que é produzido e descartado nos aterros sanitários rotineiramente. Essa prática é muito danosa ao meio ambiente, pois há a contaminação da área, além de causar riscos aos animais, emite gases de efeito estufa, entre outras adversidades”, explicou a pesquisadora. 

Para o orientador e coordenador do PPGEP, professor Marcelo Albuquerque de Oliveira, o trabalho exemplifica como a Engenharia de Produção pode contribuir de forma significativa para a sociedade, transformando desafios em oportunidades de inovação. “De maneira geral, tanto o setor produtivo como o setor de serviços possuem desafios de tratar os resíduos gerados pelos seus processos, e aqui, não estamos explorando neste momento os impactos dos produtos e serviços que ofertam para a sociedade (o uso diário e o pós uso). Nesse contexto, quando estas organizações decidem implementar processos de reaproveitamento de resíduos, estes incidem na redução dos seus custos e, para além disso, acabam por ser um estímulo à inovação no tratamento de efluentes industriais, fluxos e processos mais eficientes, que serão  um diferencial competitivo, além de aumentar a lucratividade”, destacou o orientador.

Parceria com o Polo Industrial de Manaus

A discente de pós-graduação relembrou também sobre como surgiu a pesquisa. “Durante uma roda de conversa, o meu orientador foi informado de que lápis de cor de uma fábrica do Polo Industrial de Manaus (PIM) que eram considerados como “scrap” por ter algum problema de qualidade são descartados no lixo. Esse fato nos deu alerta de que esse tipo de “scrap”, que é composto por plásticos, é totalmente valioso e pode ser reinserido na economia na forma de outros produtos”, contou.

O orientador falou ainda que pesquisas que estabelecem a parceria desenvolvida entre a empresa do PIM e o PPGEP demonstram como estas instituições podem colaborar para buscar soluções que resultem na redução e/ou eliminação de impactos, sendo benéfica para todo o sistema sócio-ambiental. “Na busca pelo equilíbrio sustentável e promovendo ações circulares, estas organizações precisam observar os impactos dos seus processos produtivos, assim como dos seus produtos/serviços no seio da sociedade, naquilo que denominamos de Pegada Ambiental do Processo, ou seja, todos os resíduos gerados e recursos naturais usados durante a transformação de matéria-prima em produto, e da Pegada Ambiental do Produto, que é a vida do produto em nossas mãos e o impacto destes durante o uso e seu descarte”, disse.

As ações existem de forma isolada, mas ainda são pouco fomentadas pela falta de incentivos e políticas públicas. “Isso dá margem para o surgimento de práticas como o greenwashing, onde empresas afirmam serem sustentáveis sem adotar práticas sustentáveis. De toda sorte, reaproveitar resíduos não se limita apenas ao que ocorre no processo, mas de olhar a cadeia completa, do suprimento de matéria-prima até o consumidor, e práticas como a logística reversa verde é um dos exemplos”, ressaltou o docente.

Análise de confiabilidade 

A dissertação foca em fazer uma análise de confiabilidade do produto para saber o quão durável ele é, podendo ser substituído por produtos feitos com matéria-prima virgem. Segundo Laura Lima da Rocha, a confiabilidade, que é uma técnica que surgiu a partir da engenharia da manutenção, é empregada para obter uma estimativa do período de tempo em que um produto, componente, equipamento ou sistema funcione de modo que não apresente nenhum tipo de falha. 

“Essa técnica foi escolhida para esta pesquisa devido ao fato de que temos um produto reciclado feito de um material que já foi processado, portanto, há o senso comum de que esse tipo de produto possua uma qualidade inferior. De modo a provar a hipótese de que esse produto, feito por resíduos de lápis de cores, tem uma boa qualidade, a análise da confiabilidade foi empregada”, explicou.

O professor e coordenador do PPGEP, docente Marcelo Albuquerque de Oliveira, trouxe que estudos mais recentes apontam para o que é denominado de 5º Revolução Industrial e Indústria 5.0 seguem premissas das fábricas inteligentes, mas engloba novas tecnologias que permitirão que essas organizações funcionem bem e de maneira sustentável. 

“Assim, o principal diferencial dessa nova revolução é o fator humano, com foco na Sustentabilidade Social, Ambiental e Econômica, além da Qualidade de Vida. As organizações possuem grandes alternativas de melhorar seus processos organizacionais na medida em que buscam soluções que se refletirão na melhoria do seu desempenho, com ações de curto, médio e longo prazos. Algumas destas práticas, mas não limitadas à elas, podem ser a Produção Sustentável, Produção Limpa, Produção Mais Limpa, Eco-Parques Industriais, Ecologia Industrial, dentre outras, que se constituem numa ampla possibilidade de desenvolvimento de ações e parcerias em busca de pesquisas para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, onde a maior beneficiada  será a Sociedade”, destacou o coordenador do PPGEP.

Próximos passos

Futuramente, o objetivo é fazer o restante do produto com madeira reciclada em parceria como uma marcenaria sustentável para seguir com precisão os fundamentos da Economia Circular. Laura Lima da Rocha afirma que a ideia é captar recursos para expandir o nosso portfólio de produtos, a partir do investimento em maquinários, que viabilizem outros processos de fabricação com esse resíduo plástico. 

“Além de fazer um estudo do nível de degradação do material para identificar a sua capacidade de ciclos de reciclagem. Quando se trata de economia circular é importante pensar em meios de inserir o que é considerado como “lixo” de volta à economia”, contou. 

O docente da Ufam, Marcelo Albuquerque de Oliveira, finalizou relembrando que o projeto desenvolvido na Ufam atua em uma pequena parte, que é o resíduo e a ponta do lápis, mas a maior parte do produto está nas nossas casas, escolas e escritórios. “Isso nos convida a refletir sobre como estamos tratando tais resíduos e para onde eles vão. Temos um caminho sustentável a percorrer”.

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