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Reitor encerra 17ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de Itacoatiara, realizada no Icet/Ufam

Publicado: Segunda, 09 de Dezembro de 2024, 11h57 | Última atualização em Segunda, 09 de Dezembro de 2024, 13h37 | Acessos: 222

Foram quase 700 participantes, com 166 autores de trabalhos. A programação teve oito minicursos, cinco conferências, cinco palestras, duas mostras e uma oficina, somando 56 horas de atividades

Revisão: Rozana Soares, equipe Ascom

No último dia da 17ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) de Itacoatiara, o Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Icet/Ufam) realizou, entre os dias 2 e 6 de dezembro de 2024, programação relacionada ao tema central do evento, “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Na tarde de sexta-feira, 6, o reitor, professor Sylvio Puga, prestigiou o encerramento da 17ª SNCT no auditório do Campus I daquele Instituto. Durante a SNCT de Itacoatiara, a comunidade itacoatiarense foi recebida para conhecer os laboratórios do Instituto, iniciativa intitulada “De Portas Abertas”.

O reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, realizou o encerramento das atividades, o que ocorreu no auditório Mineharu Yoshidome, localizado no Campus I do Icet. Após acompanhar a conferência final, proferida pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e docente da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), Henrique Pereira, o reitor parabenizou sobretudo a equipe de coordenadores do evento, por promover a ciência e a tecnologia para os acadêmicos e para a sociedade itacoatiarense. “Temos orgulho de estar aqui para prestigiar um evento que traz tanto aprendizado aos nossos alunos, e também tem o mérito de levar a Universidade Federal do Amazonas para mais perto das pessoas, com muita responsabilidade e competência do professor Hidelbrando Ferreira e toda a equipe”, afirmou o reitor.

Os resultados da iniciativa puderam ser mensurados tanto pelo quantitativo de ações integradas à 17ª SNCT de Itacoatiara quanto pela adesão de ouvintes e expositores. Como coordenador geral da Semana, o professor Hidelbrando Ferreira apresentou, ao fim do evento, uma síntese de seu alcance. “Ficamos muito satisfeitos em ver que, num curto intervalo de tempo, obtivemos números significativos. Foram exatos 694 participantes, dentre os quais 166 autores. Recebemos 38 resumos, 20 artigos completos e 12 resumos expandidos, totalizando 70 trabalhos”, elencou o coordenador.

Considerando a disponibilização de atividades para esse público total, os números são estes: oito minicursos, cinco conferências, cinco palestras, duas mostras e uma oficina. “Para contemplar essa programação, foram realizadas 56 horas de atividades, com uma média de 20 pessoas cada. O maior público registrado em apenas uma atividade foi de 50 participantes”, complementou o professor Hidelbrando, que concretizou o evento ao lado da vice coordenadora da 1ª SNCT, professora Silvina Gomez, e do presidente do Comitê Científico, professor Marco Cruz. Segundo informaram, todos os trabalhos aprovados terão o ISSN referente aos anais do evento, processo que já ocorre há quatro edições e torna a publicação apta a ser contabilizada no âmbito acadêmico.

Física: substantivo feminino

A 17ª SNCT de Itacoatiara agregou outro evento já tradicional no Instituto, que é o VII Seminário de Matemática e Física do Icet. Essa parte da programação foi encerrada com a palestra “Mulheres em Ciência e Tecnologia: as origens históricas da inversão de gênero”, proferida pela doutoranda em Física Computacional do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), Júlia Marcolan. Ela é graduada em Física Computacional pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre pelo IFSC/USP nessa mesma área. A pesquisadora se apaixonou pelas ciências ainda quando cursava o ensino fundamental, quando teve contato com experimentos e métodos científicos apresentados pelo professor da disciplina.

Após indicar algumas das cientistas foram invisibilizadas ao longo da História e como esse processo afasta as mulheres da atuação em ciências exatas e tecnologia, a palestrante Júlia Marcolan apontou alguns caminhos profícuos para se avançar nesse caminho de atrair, formar e manter as mulheres na ciência. “Criar projetos em ciência e tecnologia voltados especificamente para mulheres e propor políticas públicas afirmativas indo além do PPI [pretos, pardos e indígenas], fomentando o ingresso de mulheres na graduação ou pós-graduação. Isso já é realidade no IFSC”, indicou ela.

O primeiro código de programação, por exemplo, foi escrito por Ada Lovelace. Ela não apenas escreveu esse código, como também produziu as noções de programação que são utilizadas até hoje. Já Grace Hopper, entre os anos 1940 e 1950, criou o primeiro compilador da História, capaz de traduzir o que o ser humano programa para o que o computador traduziria na linguagem criada por ela, o Cobbol. Foi também Hopper que criou o termo “bug”, muito utilizado hoje para indicar um problema desconhecido que interrompe o funcionamento adequado do computador.

Segundo a palestrante, disparidade de gênero na ciência e tecnologia é um tema para ser problematizado. “Uma pesquisa da Microsoft apontou que mulheres manifestam interesse por ciência até os 11 anos, naquela fase da curiosidade infantil. Depois disso, grande parte acaba se desinteressando por conta da ausência de modelos femininos como cientistas. Em segundo lugar, pela ausência da experiência prática no início da vida escolar. Por fim, existe a noção de que as mulheres não terão remuneração equivalente à dos homens. Da perspectiva da divisão social do trabalho, as tarefas atribuídas às mulheres são em geral relativas aos cuidados, por exemplo, professoras de anos iniciais ou cuidadoras de familiares doentes”, concluiu a doutoranda.

“Bioma Amazônia”

Tendo como plano geral o tema da Semana, que foi “Biomas do Brasil: diversidades, saberes e tecnologias sociais”, a conferência de encerramento ficou a cargo do diretor do Inpa e docente da Ufam, Henrique Pereira. O tema “Bioma Amazônia: Mudanças ambientais e políticas públicas de gestão para a conservação e o desenvolvimento sustentável” foi apresentado pelo pesquisador, que compartilhou dados históricos e condições atuais para ilustrar a questão climática e suas implicações no referido bioma, que é o mais extenso do Brasil, embora não se restrinja a ele.

Além da Amazônia, existe o Cerrado, segundo maior bioma do País e que tem sofrido um processo mais acelerado de transformação, em decorrência do qual já perdeu a maior parte de sua vegetação nativa. Há ainda a Mata Atlântica, que hoje é o nosso bioma mais degradado; a Caatinga, destacada por ser o único bioma exclusivamente brasileiro (só ocorre aqui); o Pantanal e o Pampa, estes dois com as menores áreas. A fala do agrônomo e pesquisador foi centrada em duas agendas mais recentes: o clima e a biodiversidade, embora também esteja em destaque o tema da desertificação.

Nesse contexto sociopolítico global, a Amazônia surge com protagonismo nos debates tanto internamente quanto em eventos como as Conferências do Clima (COPs). “Com relação à soberania científica brasileira, cada país com o seu respectivo instituto e que se dedica ao bioma amazônico.  Para atuar nessa questão, há a Red Bioamazonia, que se trata de um grupo composto por várias entidades representes dos países onde está presente o bioma Amazônia”, disse ele. Henrique alertou, todavia, que ainda não há, no grupo, representantes da Venezuela, da Guiana, da Guiana Francesa e do Suriname.

O primeiro momento da conferência foi dedicado a traçar um breve e completo diagnóstico da condição climática e ambiental na Pan-Amazônia, formada por Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guianas, Suriname e Brasil. Ele trouxe dados sobre as grandes estiagens nos séculos XX e XXI, explicando que “a floresta amazônica é mais resiliente à seca porque possui mais áreas de lençol freático superficial. Ou seja, mesmo que não chova bastante, as plantas têm acesso à agua que fica mais próxima”. Antes, era possível a recuperação porque uma grande estiagem era seguida de verão menos seco, produzindo certo equilíbrio. No entanto, 2024 foi um ano atípico, isso porque houve a vazante extrema após um ano já muito seco, com altas taxas de mortandade de peixes e botos, proliferação de algas e superpopulação de aves aquáticas e jacarés (por indisponibilidade de áreas alagadas), entre outras consequências.

Ao amarrar os temas, o conferencista frisou dois pontos a serem contemplados. O primeiro deles é a saúde do bioma amazônico, que pode ser observada a partir das taxas de desmatamento e o número de focos de incêndio, identificados pelo monitoramento contínuo por satélites, e o nível de resiliência da floresta às secas, por exemplo. Por outro lado, as políticas públicas são essenciais para manter a saúde do bioma, a exemplo da instituição e do controle de áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas, e a retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que funciona como estratégia para o alcance da meta de zero desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.

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