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Unesco promoveu Seminário sobre gestão de recursos hídricos

  • Publicado: Sexta, 09 de Agosto de 2019, 15h01
  • Última atualização em Sexta, 09 de Agosto de 2019, 16h55
  • Acessos: 1317

Por Juscelino Simões
Equipe Ascom Ufam
 

Com representantes de organizações indígenas, comunidades, profissionais de inúmeras áreas e pessoas diretamente ligadas a instituições governamentais de gestão de recursos hídricos, a representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil realizou, nesta quinta e sexta-feira, em Manaus, dias 8 e 9, no Comfort Hotel Manaus, o seminário "Conhecimento Indígena para a gestão integrada da água na América Latina e Caribe". O evento promoveu o debate acerca da governança e da gestão de recursos hídricos a partir de práticas e visões de mundo dos povos indígenas da América Latina e do Caribe em suas relações com a água.

O evento buscou identificar formas de fortalecer a governança e a gestão da água com base em conhecimentos indígenas por meio de relatos e debates de experiências dos povos nativos.

Além de representantes de comunidades e organizações indígenas, também participaram do evento pessoas diretamente envolvidas na governança e na gestão da água nos níveis regional, nacional, estadual ou de bacia hidrográfica;  profissionais de hidrologia, hidráulica, biologia, ecologia, agronomia; especialistas em ciências sociais e áreas correlatas, que desempenham atividades relacionadas à gestão da água ou que atuam nas comunidades indígenas; e demais interessados no assunto.   

O Seminário promoveu o diálogo sobre os aspectos técnicos, jurídicos, socioculturais, econômicos e políticos embutidos nas práticas e nas visões de mundo dos povos indígenas da América Latina e do Caribe em suas vivências com as águas. As discussões sobre começaram ainda no 8º Fórum Mundial da água, sediado no Brasil em 2018, quando o Programa Hidrológico Internacional (PHI) da Unesco realizou a Sessão Especial ‘Cultura de água dos povos indígenas da América Latina’.

O coordenador da área de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Fábio Eon, afirmou que é um evento coletivo organizado por aquela entidade internacional, pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). “A ideia do evento aqui em Manaus foi trazer um pouco deste simbolismo do tema (relação da água com os povos indígenas). Estamos no meio do ‘Ano Internacional das Línguas Indígenas’, e hoje, é o ‘Dia Internacional dos Povos Indígenas’, um momento de celebração. Manaus representa um pouco a proposta do evento de promover o encontro de diversas etnias pra trocarem suas experiências sobre como trabalham o tema da água. Esse recurso natural tem sido tratado numa perspectiva ocidental, eurocêntrica, e por isso queremos dar voz aos povos indígenas que tem uma relação ancestral, espiritual com a água e que as grandes reservas de água doce da América do Sul estão na área onde vivem estes povos. Temos muito o que aprender com eles”, afirmou o coordenador da Unesco.

Povos indígenas

A líder do povo Waranka de nacionalidade Kichwa, do Equador, Mikaela Yumbay, destacou a importância de sua participação como membro de um povo indígena para poder compartilhar as experiências de como seu povo trata do tema. “É importante a participação no Seminário porque podemos trocar experiências sobre a nossa experiência com os recursos hídricos nas comunidades em cada país. Temos que caminhar juntos na questão da preservação da água. Neste encontro, escutei dos companheiros do México o tema da espiritualidade da água. Temos que tratar a água como algo espiritual para darmos importância e tomarmos consciência do que estamos fazendo e do que não estamos fazendo. Somos uma sociedade tão consumista que estamos contaminando nossos rios e mares”, destacou a indígena Waranka.

O cacique da etnia Konkama (Tabatinga), Natalino Gonçalves, ressaltou a importância das apresentações. “O Seminário teve apresentações importantes relacionados à preservação das águas. Os povos indígenas têm sua existência ameaçada pela contaminação dos rios, e o evento promoveu um debate relacionado à experiência de comunidades na preservação desses recursos. O mercúrio usado por garimpeiros está contaminando nossos rios e afetando a saúde das comunidades indígenas”, ressaltou o cacique.

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