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Docente da Ufam participa da ‘Conference ‘Long-Term Processes in Human History: A Tribute to Johan Goudsblom', Amsterdam, 17-19 March 2022

  • Publicado: Quarta, 09 de Março de 2022, 16h04
  • Última atualização em Quarta, 09 de Março de 2022, 16h04
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Por Juscelino Simões
Equipe Ascom


O docente da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gláucio Campos Gomes de Matos, com objetivo de contribuir para o pensamento social na Amazônia, profere palestra na ‘Conference 'Long-Term Processes in Human History: A Tribute to Johan Goudsblom', Amsterdam, 17-19 March 2022’, no dia 18 de março, às 5h (horário de Manaus), no formato híbrido.

O professor Gláucio Campos participa de evento internacional na próxima semana, dia 18, onde fará uma apresentação para a comunidade científica internacional por meio da palestra intitulada “O processo civilizador ocidental na Amazônia Brasileira”. O evento é híbrido e a apresentação é uma busca de contribuir para pensamento social na Amazônia Brasileira.

Com doutorado na Unicamp, o docente defendeu sua tese com base na Sociologia processual/figuracional de Norbert Elias, que posteriormente, foi transformado em livro, intitulado ‘Ethos e Figurações na Hirtelândia Amazônica’. Credenciado no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia/PPGSCA, passou a difundir a Sociologia do pensador alemão para estudos amazônicos. Com a contribuição de mestrandos e doutorandos do PPGSCA/IFCHS/Ufam, organizou os primeiros trabalhos sustentados na sociologia de Norbert Elias e publicados na Somanlu, Revista de Estudos Amazônicos no ano de 2016. Em 2020, organiza e lança o livro ‘Estudos a partir da teoria de Norbert Elias’. Líder do Grupo de Pesquisa Processos Civilizadores na PanAmazônia/CNPq, organizou e coordenou com o grupo o ‘Simpósio Processos Civilizadores na PanAmazônia (2018 e 2021)’. Em 2020, publicou o trabalho intitulado Norbert Elias para o pensamento social e a compreensão do processo civilizador ocidental na Amazônia/Amazonas.

Nessa empreitada acadêmica, vem intensificando seus estudos sobre os processos civilizadores na Amazônia Brasileira e figura, na página da Fundação Norbert Elias, com sede em Amsterdã, compondo o corpo de pesquisadores brasileiros e único representante do Norte, a conduzir seus trabalhos com base na sociologia do pensador. Na busca de contribuir para o pensamento social na Amazônia, o docente, lança-se ao desafio de apresentar à comunidade científica internacional suas reflexões sobre o processo civilizador ocidental na Amazônia Brasileira, na ‘Conference 'Long-Term Processes in Human History: A Tribute to Johan Goudsblom', Amsterdam, 17-19 March 2022’.

O processo civilizador ocidental na Amazônia Brasileira

O artigo se propõe a destacar o processo de civilização originalmente europeu que está em curso na Amazônia brasileira. A ocupação colonial desta região ocorreu por volta de 1615, mais de um século após a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500. Para evitar maiores embates entre Portugal e Espanha, foi assinado o Tratado de Tordesilhas (1494) o qual delimitava os territórios dos dois países. Porém, o avanço dos portugueses sobre os limites territoriais estabelecidos, houve necessidade de novos acordos. É assinado o Tratado de Madrid (1750), redimensionando o novo território geopolítico brasileiro, no qual a Amazônia Legal está inclusa e que pertencia à Espanha. A propagação dos padrões ocidentais da civilização aos povos do mundo novo foi provocada pela opinião do colonizador que estes povos eram primitivos e selvagens. Diferentemente da Europa, no Brasil, o projeto civilizatório ocidental foi intencional e em boa medida se deu por meio da educação iniciada e ministrada pelos sacerdotes da Companhia de Jesus, criadores das primeiras escolas do Brasil, que catequizavam os indígenas, os ensinavam a ler e escrever, e introduziam padrões de comportamento ocidental. Na extensa terra descoberta houve conflitos sangrentos entre os povos autóctones em defesa de sua região contra os interesses econômicos e políticos dos colonizadores, entretanto o modelo civilizatório continuou avançando. Com a saída dos jesuítas do Brasil, foi implementado o Diretório Indígena (1757), que prescreve, entre outros objetivos, a continuidade à civilização dos povos indígenas no padrão ocidental, atingindo a Amazônia. À medida que a integração progredia, com a exploração e ocupação da Amazônia no século XVI, seus habitantes começaram conviver e a absorver os novos modelos ocidentais e padrões civilizatórios que diferiam de seus padrões tradicionais. Em 1808, chega ao Brasil a família real e em sua bagagem, o manual de civilidade. Em 1822, ocorre a Independência do Brasil de Portugal e a educação assume um viés classista, destinada às classes superiores. No início o modelo educacional proposto pelo Estado estava direcionado à elite e muito depois, para a população. Os fatos históricos contribuíram para incrementar o processo civilizatório ocidental na Amazônia, incidindo sobre povos indígenas e não indígenas, como as imigrações, as diásporas, a escravização, desencadeando a miscigenação. Analisar o processo civilizador no modelo ocidental que vigora na Amazônia e, em particular no Amazonas, é imprescindível dar atenção ao projeto intencional desencadeado pela chegada do colonizador no Novo Mundo e o modelo Europeu. Não há um processo civilizador exclusivo pairando sobre os habitantes da região Amazônica. Ele não saiu da floresta, penetrou para a hinterlândia. Ele não é homogêneo por razão da dinâmica cultural ocasionado pelas diásporas, as migrações e os povos originários da região, porém o modelo ocidental prevalece e está em marcha.

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