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Professor Renato Brandão, da Faartes, defende tese autobiográfica sobre cegueira e superação 

  • Publicado: Segunda, 05 de Agosto de 2019, 15h52
  • Última atualização em Segunda, 05 de Agosto de 2019, 15h52
  • Acessos: 1814

Por Sebastião de Oliveira

Equipe Ascom/Ufam

Confrontar a visão pedagógica existente em nossa atualidade, visando a oportunizar e dar voz Acadêmica aos deficientes visuais numa  percepção diferente do mundo é o objetivo da tese intitulada “O visual do invisível: a complexidade das categorias entre a música e a cegueira”, de Renato Brandão, defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), na tarde da última sexta-feira, 2, no laboratório audiovisual do Centro de Educação a Distância da Universidade Federal do Amazonas (CED/Ufam), localizado no Setor Sul do Campus Universitário.

A diretora da Faculdade de Artes, professora Rosemara Staub, presidiu a Comissão Examinadora, que foi composta pelos membros: professora Regina Finck Schambeck, da Universidade Estadual de Santa Catarina (que avaliou por vídeoconferência) e  professores Odenei de Souza Ribeiro, Maria Almerinda de Souza Matos e Thais Chaves de Castro, os três da Ufam.

Objeto de investigação 

Agora doutor pelo PPGSCA, Renato Brandão disse que foi acometido pela Sindrome de Stargardt e desde a infância enfrentou essa  problemática. Somente descobriu anos depois e entende que, a partir da concepção sobre a doença, a pessoa portadora tem outra percepção do mundo, assim como um novo discurso. De acordo com ele, a Síndrome tem por definição a pessoa que apresenta degeneração macular juvenil de perda progressiva das células fotoreceptoras da mácula, gerando a redução da visão central, mas preservando a visão periférica do olho. O sintoma aparece entre os 7 e 20 anos, com progressão  variada de pessoa a pessoa, podendo se agravar após os 50 anos.

“Então, eu tenho essa realidade e é uma coisa com a qual sempre caminhei”, relatou o professor, que acredita que o Programa oportunizou externar essa condição real que, para ele, foi necessário participar ao mundo. "Para tanto, é preciso que as pessoas conheçam com propriedade e profundidade as idiossincrasias das relações interpessoais e outros comportamentos recorrentes na sociedade", afirmou o professor.

Autobiografia

Ele relatou que a pesquisa autobiográfica foi definida a partir da exame de qualificação que, até então, encontrara resistência. No entanto, após a aceitação da proposta, foi possível dar continuidade com mais liberdade para inserir métodos específicos no processo de investigação. Com isso, foi possível dialogar com outros autores, permitindo perceber o “que é ou não é verdade”. “A Academia se preocupa muito com terminologias (educação inclusiva, especial etc.) e, na verdade, não estamos preocupados com isso, mas com a mudança de mentalidade, uma abertura, uma percepção sensível para dizermos quem somos nós somos de fato”, completou o pesquisador.

Dentre as dificuldades enfrentadas na trajetória de pesquisa, o docente aponta a leitura como principal obstáculo para quem não tem a visão como a maioria das pessoas e falou que essa é a base primordial no processo de investigação. "Sem uma boa visão, o pesquisador que apresenta essa realidade enfrentará uma série de dificuldades para desenvolver a pesquisa. Por outro lado, não temos livros acessíveis e, quando estão disponíveis, a aquisição do conhecimento não chega a ser comparável a uma pessoa com a visão completa. Então, para quem tem essa síndrome é um tempo especial, porque a própria condição imprime força de trabalho”, recordou o docente.

Metodologia

“Analise de conteúdos, levantamento de material, ferramentas, tipos de abordagens, pontos característicos da pesquisa científica foram utilizados na investigação, enquanto outros métodos surgiram no desenvolvimento, sendo agregados”, assegurou Brandão, ao compartilhar que, inicialmente,  se sentia insatisfeito justamente pelo fato de que suas impressões pessoais não estavam presentes no processo. “Após o exame de qualificação, senti mais liberdade de prosseguir, o que possibilitou descrever minha autobiografia de narrativas, ficando mais confortável pela mudança no processo metodológico, compreendendo que poderia me colocar mais ao longo do trabalho”, completou o docente.

Importância

Ele considerou relevante a temática, mesmo não tendo mensurado ainda o impacto que ela poderá ter junto à comunidade científica. "Acho prematuro fazer qualquer avaliação, pois não sei de que forma isso poderá se frutificar no meu campo de investigação", disse ele.. “Do ponto de vista, da descrição e do testemunho, sendo uma pessoa que sofre a problemática e registrá-la, existe aí a relevância da utilização da narrativa”, finalizou o professor Renato Brandão.

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