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Museu Amazônico promove palestra ‘Reflexividades Indígenas’, de pesquisadores Tukano

  • Publicado: Segunda, 29 de Julho de 2019, 17h17
  • Última atualização em Terça, 30 de Julho de 2019, 09h37
  • Acessos: 1017

Por Sebastião de Oliveira

Equipe Ascom Ufam

 

João Paulo Lima Barreto, João Rivelino Rezende e Gabriel Sodré Maia foram os palestrantes que tiveram como base referencial suas obras da coleção ‘Reflexividades Indígenas’, resultado de teses em Antropologia Social. O evento ocorreu na última quinta-feira, 25, no Museu Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

De acordo com Lilian Lima, coordenadora do projeto 'Quinta Antropológica no Museu', essa é uma atividade inaugural que tem por finalidade discutir questões antropológicas, trazidas por pesquisadores para debater diversas temáticas apresentadas a um público amplo e diversificado. O projeto está vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (Proext). As quatro obras da coleção são frutos das respectivas teses defendidas junto aos Programas de Antropologia Social das Universidades Federais do Amazonas e de Santa Catarina, os quais estão ligados ao Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI).

A Palestra

Na ordem de apresentações, João Paulo Lima Barreto foi o primeiro a desenvolver parte da discussão que envolveu o Sistema de Conhecimento da Sociedade Indígena Tukano. Para o pesquisador, a intenção de desenvolver esse conhecimento é trazer o debate para dentro da Universidade, discutindo-o para além daquela compreensão convencionada ao longo de nossa história sobre mitologia, pajé, maloca, espírito, alma, dentre outras, a partir de conceitos e concepções, propriamente indígena.

Autor do livro ‘Waimahsã: peixes e humanos’,  Barreto  entende que o discurso é trazer para a Universidade o tema que pode sair de uma linguagem comum para a acadêmica. Ele conta que há 5 anos ficou pesquisando todo o conhecimento de seu povo que está fundamentado no tripé, assim distribuído: Kihti-ukuse, Bahsesse e Bahsamori, que estão relacionados à biologia e lendas, modelo de construção das relações  sociais e dos espaços dos humanos e não humanos, lições e regras, origem das doenças, práticas sociais,  formação do pajé e outros fatores relacionados.

Em seguida, João Rivelino Rezende disse que com a publicação da coleção percebe-se que o conhecimento indígena está começando a se ajustar no âmbito da antropologia a partir da epistemologia indígena, sob a visão Tukano. “Nós estamos mostrando uma das metodologias”, completou Rezende que disse que a indicação dessa nova proposta de investigação está baseada no trabalho que vem desenvolvendo desde a graduação, Curso de Filosofia com continuação no doutorado realizado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Santa Catarina (PPGAS/UFSC).

Ele disse que na obra de sua autoria ‘Formação e transformação de coletivos indígenas no noroeste amazônico: do mito à sociologia das comunidades’ que no seu ponto de vista, a coleção não contempla a totalidade do conhecimento Tukano. De acordo com ele, durante o doutorado, apresentou conceitos de etnologia e etnografia a partir da convivência familiar e em grupo.

Mediante isso, as dificuldades de concretizar uma pesquisa que envolva o individual ao coletivo fugiram da antropologia tradicional na qual se baseia em pesquisar o outro. “Ou seja, para se entender o outro, se tem que entender a si mesmo. A partir daí, está toda a minha descrição”, completou Rivelino.           

Finalizando as discussões, Gabriel Sodré Maia, autor da obra ‘‘Bahsamori: o tempo, estações e as etiquetas sociais dos Ye´pamahsã’,  disse que o encontro tem o sentido de desconstruir a imagem do índio visto pelo homem branco, disponibilizando na prática os usos e costumes tradicionais repassados pelo seu pai. A partir da pesquisa descrita no livro, o público terá acesso sobre a história e teorias construídas pelo povo Tukano que na prática são narradas de forma oral, sob um Sistema Hierárquico Organizacional bastante denso que envolve políticas Tukano.  No ponto de vista desse sistema, o tratamento dado ao outro é denominado de ‘irmão maior ou menor’, de acordo com a representação social, comentou Gabriel Maia.

“Ser Tukano, não significa apenas conhecer a cultura Tukano, mas estudá-la com mais frequência”, finalizou o doutor em Antropologia Social.             

 

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