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Estudo da Ufam aponta que microvespa tem potencial para promover o controle biológico de pragas do abacaxi

  • Publicado: Quinta, 19 de Agosto de 2021, 12h03
  • Última atualização em Quinta, 19 de Agosto de 2021, 12h08
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Por Agência Rhisa
Fotos: Carliza Luz e Willian Maciel

Um estudo realizado pelo laboratório de Entomologia Agrícola da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA/Ufam tem revelado que duas espécies de microvespas (parasitoides) possuem um expressivo potencial capaz de reduzir a infestação do percevejo-do-abacaxi (Thlastocoris laetus Mayr), a praga mais combatida pelos produtores de abacaxi do Amazonas, um dos frutos mais apreciados na região pela sua doçura e refrescância.

Os resultados das pesquisas revelaram que duas espécies de parasitoides possuem taxas de parasitismo consideráveis, o que despertou a atenção dos pesquisadores. Uma das espécies apresentou uma taxa em torno de 23%, considerada mediana, enquanto a outra alcançou valor mais alto, próximo a 46%.

O coordenador da pesquisa, o professor da Ufam, Neliton Marques da Silva, explica que durante os estudos, verificou-se que as microvespas conseguiam depositar seus ovos dentro dos ovos do percevejo do abacaxi, iniciando o processo de controle biológico natural.

“Com isso, ao invés de emergir o percevejo, emerge o parasitoide, o que abre uma perspectiva de um controle biológico no contexto do manejo integrado. Essa é a grande novidade do estudo, porque até então nós não tínhamos o registro da presença desse parasitoide nos cultivos de abacaxi”, comemorou.

Neliton afirma que a iniciativa se deu pelo fato de haver poucas pesquisas em torno do percevejo do abacaxi. "Atualmente, o controle do percevejo do abacaxi é feito a partir do uso de agrotóxicos não cadastrados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), no sistema Agrofit, por isso, o controle biológico é importante, sem o uso de agrotóxico”, destacou.

Mesmo comemorando a descoberta, Neliton chama atenção para o fato de que ainda não é possível anunciar para o agricultor que é possível manipular a microvespa para ter o controle biológico efetivo do abacaxi.

"Estamos numa fase preliminar, visto que é necessário desenvolver mais estudos que deverão resultar em tecnologias para o controle biológico clássico, o qual implica na manipulação e testes de efetividade desses parasitoides em ambiente de laboratório e campo, podendo futuramente ser produzido em larga escala em biofábrica, para que esses parasitoides sejam liberados, por meio do processo de liberação inundativa, e assim cumprir com o seu papel de controlador biológico específico dessa praga”, explicou.

Redução de agrotóxicos

Além da possibilidade da microvespa se tornar uma aliada no combate ao percevejo do abacaxi, Neliton destaca que é necessário que os agricultores comecem a reduzir o uso de agrotóxico para aumentar a eficiência do parasitismo natural e não comprometer a ação de inimigos naturais.

E foi justamente pela dificuldade de aumentar a eficiência do parasitismo nos frutos cultivados no Distrito de Novo Remanso, no município de Itacoatiara (distante 270 quilômetros de Manaus), um dos principais polos produtores de abacaxi do País, que a pesquisa teve de ser transferida para a Fazenda Experimental da UFAM, na altura do quilômetro 30 da BR 174. “Lá não conseguíamos evitar que o fruto não sofresse a ação dos agrotóxicos, por isso fomos para dentro da Fazenda onde conseguimos fazer o controle biológico”, afirmou o pesquisador.

O próximo passo da pesquisa é a publicação do estudo de ocorrência do parasitoide no Amazonas em revista indexada e avançar na investigação da efetividade do parasitismo para identificar se ele pode ser produzido em grande escala e controlar efetivamente o percevejo do abacaxi.

As espécies de parasitoides somente poderão ser divulgadas, a partir da publicação científica do estudo, o que deve ocorrer em breve.

Além de Neliton, participam dessa fase da pesquisa os estudantes de iniciação científica Fábio Ortiz e Carliza Luz, o mestrando Willian Maciel, compondo também a equipe Silvana Pimentel (egressa do doutorado do PPGATR/Ufam) e a mestranda Stefane Andrade da ESAL/USP.

A pesquisa e os bolsistas de iniciação científica contam com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

 

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