Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica sobre alfabetização de alunos surdos recebe menção honrosa no ‘XXlX Conic 2020’
Por Juscelino Simões
Equipe Ascom
O projeto de pesquisa “Lendo e escrevendo em Língua Brasileira de Sinais”, da estudante do curso de Licenciatura em Letras Libras da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (Flet/Ufam), Susan Karoline Barbosa Soares Xavier, sob a orientação da professora da Faculdade de Letras, do curso de Língua Japonesa, Joana Angélica Ferreira Monteiro Cabral Stoller, recebeu a menção honrosa no XXlX Congresso de Iniciação Científica da Ufam (XXlX Conic 2020) que aconteceu na semana passada em formato online.
O projeto também se destaca pelo fato de que a orientadora é Surda. A orientadora é lotada na Faculdade de Letras no curso de Letras e Literatura em Língua Japonesa, e atua na orientação da Iniciação Científica desde 2017, com pesquisas na área da Linguística da Língua Brasileira de Sinais; Educação de Surdos e Educação Inclusiva.
Na edição do PIBIC/PAIC 2019/2020, a professora Joana Angélica Ferreira Stoller, orientou duas discentes do curso de Licenciatura em Letras Libras, as quais desenvolveram pesquisas sobre alfabetização e letramento. A discente Susan Karoline Barbosa Soares Xavier obteve menção honrosa ao desenvolver pesquisa sobre alfabetização de alunos surdos em série iniciais, com o título “Lendo e escrevendo em Língua Brasileira de Sinais”.
A pesquisa tem como proposta investigar e desenvolver metodologia de alfabetização e letramento em Escrita de Sinais, com alunos surdos de série inicial do Ensino Fundamental 1, com o objetivo de proporcionar melhorias na qualidade da educação de surdos através de metodologia em Língua Brasileira de Sinais. No Brasil, o conhecimento sobre a Escrita de Sinais é muito novo, mesmo havendo diversas pesquisas realizadas sobre a escrita da Língua. Embora o aluno surdo tenha contato com a LIBRAS, é necessário o aprendizado da Escrita de Sinais como L1, para uma aprendizagem significativa, levando em consideração a diferença linguística e cultural dos sujeitos surdos, dessa forma, a Escrita de Sinais será trabalhada no sentido de uma escrita de língua viso-espacial, pensada como caminho que levará a alfabetização e letramento em Língua Brasileira de Sinais como L1.
Vale ressaltar, no entanto, que a Escrita de Sinais não está prevista nas políticas educacionais e nem nas propostas de educação de surdos. Porém, neste sistema de escrita que dentro do ensino de Libras e em Libras, a Escrita de Sinais está diretamente envolvida no processo de aprendizagem dos sujeitos surdos.
A prática refletida no projeto está juntamente com algumas fundamentações consideradas relevantes como leituras de Stumpf (2005) e do sentimento de estar em comunidade abordado por Bauman (2001). Os autores apontam a necessidade do sujeito surdo apropriar-se da escrita de sua língua, possibilitando a produção de sentidos, visualizando de maneira significativa a relação da sinalização com a escrita de sinais. A pesquisa torna-se necessária, e será desenvolvida em caráter exploratório de natureza qualitativa, seu delineamento se constituirá em levantamento de dados, análise e desenvolvimento de metodologia.
"Honra-me sobremaneira como surda e, docente do Magistério Superior da Faculdade de Letras, continuar o protagonismo surdo na iniciação científica, junto a Instituição. Protagonizar tem geralmente a posição de quem apresenta ou introduz, apoiado em sua capacidade, competência, e em conhecimento, e assim, apresentar a pluralidade reunida em um mesmo espaço físico da Universidade", destacou a professora Joana Stoller.
A professora ainda ressalta a importância da pesquisa na construção de conhecimento, como também na formação da mão de obra na área. “A pesquisa relacionada à Língua Brasileira de Sinais, ainda encontra obstáculos no que concerne às questões linguísticas, por não constar na grade Curricular de Ensino na Educação Básica, mesmo tendo a lei 10.436 e o decreto 5.626, no entanto, o que consta são projetos voltados ao ensino de Libras apenas de forma vocabular e não de estrutura linguística e gramatical. Assim, a pesquisa acadêmico-científica relacionada à Língua Brasileira de Sinais é de suma relevância no que tange ao ensino de língua a alunos surdos da educação básica no Amazonas, contribuindo também para a formação do discente-pesquisador, na perspectiva de futuros profissionais na educação com alunos surdos. De igual modo as contribuições estendem-se às demais graduação da Universidade, em contextos interdisciplinares. Assim, a produção científica de diferentes áreas e domínios, tem sido objeto de pesquisa em Língua Brasileira de Sinais, buscando resultados que contribuem com a educação de Surdos no Amazonas, como parte de todo o processo de construção de conhecimento", afirmou a professora.
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