PPGCASA tem primeira doutora com dupla titulação
“A natureza mudou: alterações climáticas e transformações nos modos de vida da população no Baixo Rio Negro, Amazonas”, este é o título da tese defendida na manhã de sexta-feira, 21, e que concede à sua autora, Mônica Vasconcelos, a dupla titulação como doutora pela Universidade Federal do Amazonas e pela Universidade de Aveiro. É a primeira dupla titulação de um estudante do Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA), ao qual Mônica está vinculada.
Transmitida pela Youtube, a defesa teve como membros da Banca Examinadora os professores Sandra Rafael (Titular - Universidade de Aveiro/Portugal), Jose Augusto Paixão Veiga (Titular - UEA), Suzy Cristina Pedroza da Silva (Titular – Tribunal de Contas do Estado/AM) e Tiago da Silva Jacauna - Ciências Sociais (Titular – Ufam).
O intercâmbio de um ano em Portugal, na Universidade de Aveiro, permitiu que Mônica experimentasse diversas situações que enriqueceram seu doutorado do ponto de vista acadêmico e pessoal, foi graças a esse momento que surgiu a oportunidade para a dupla titulação. “Saber que no final tive aprovação no doutorado e, ainda por cima, com dupla titulação, mostra que o meu investimento e o das duas universidades e da Capes valeu a pena e que agora é buscar colher os frutos desse trabalho”, comemora Mônica. “Acredito que o intercâmbio cultural e acadêmico é sempre algo muito enriquecedor entre instituições de países diferentes, e que a Ufam e a Universidade de Aveiro possam contribuir cada vez mais com a educação de qualidade para os alunos que buscam por essa oportunidade. Eu estou muito feliz e muito honrada por ser a primeira doutoranda do PPGCASA a lograr esse feito da dupla titulação", completa.
Principal orientador do trabalho avaliado na sexta-feira, o professor Henrique dos Santos Pereira destaca o significado da dupla titulação para as duas instituições de ensino, em especial para o PPGCASA. "Com essa primeira defesa com dupla titulação do PPGCASA, consolidamos a nossa parceria acadêmica com o Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, e fortalecemos a Rede de Estudos Ambientais dos Países de Língua Portuguesa da qual ambas universidades são membros fundadoras. Essa dupla titulação foi possível graças ao Programa Nacional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da CAPES, que nos garantiu em 2018, quatro bolsas. Monica Alves, uma das bolsistas, que cursou um ano de disciplinas em Aveiro, conclui agora seu doutoramento com este seminário público e o julgamento por banca composta por membros da Universidade de Aveiro, da Universidade Federal do Amazonas e da Universidade do Estado do Amazonas, todos externos ao programa”, expôs.
A professora Myriam Lopes, da Universidade de Aveiro e coorientadora da pesquisa, destacou também o sucesso na parceria entre as duas universidades. “A conclusão do doutoramento em cotutela de Mônica Alves de Vasconcelos, em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas e em Ciências e Engenharia do Ambiente pela Universidade de Aveiro é um marco para estas duas instituições de ensino superior. Com laços estabelecidos há mais de 20 anos, através da criação da Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa (mais tarde REALP), o sucesso deste doutoramento vem consolidar a cooperação ao nível do ensino e investigação que são as bases desta rede, abrindo portas para uma maior internacionalização destas instituições e de outras da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Acresce ainda o facto deste trabalho se debruçar sobre desafios sociais da maior importância e atualidade”, comentou.
Mudanças Hidroclimáticas
Financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a pesquisa apresenta o relato de ribeirinhos que vivem em comunidades na região do baixo rio Negro sobre a percepção ou não das mudanças hidroclimáticas na sua realidade. De acordo com o trabalho feito, os comunitários observaram alterações no comportamento da natureza nas últimas décadas e vêm criando estratégias para se ajustar a elas desde então.
Sobre a diferenças percebidas na natureza, a pesquisa averiguou que os consultados atribuem à religião as alterações, o que indica a forte influência religiosa sobre a visão do ribeirinho.
Segundo o trabalho, as grandes cheias e secas e o aumento da temperatura têm modificado a forma de vida dessas populações afetando, por exemplo, o seu modo de trabalho, uma vez alteram o horário e o tempo de dedicação ao trabalho em razão do calor do dia.
Mônica Vasconcelos apresenta os desafios a serem enfrentados pelos comunitários pesquisados. De acordo com a tese, as comunidades sofrem em relação ao trabalho, à energia elétrica, à educação, drogas e segurança, saúde, entre outros problemas.
Após as arguições e comentários dos membros da Banca Examinadora, a tese de Mônica Vasconcelos foi aprovada por unanimidade.
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