Tese defendida na Ufam destaca importância das plataformas digitais na formação continuada de professores no Amazonas
As potencialidades das tecnologias de comunicação digital e sua implicação na educação, nos modos de comunicação e organização de conteúdos em plataformas digitais é um resumo da tese de doutorado sob o título “Geopedagogia da Imanência Digital. Uma Outra Ambiência de Formação Continuada de Professores no Amazonas”, defendida, na última quarta-feira, 22, pela doutoranda Maria Ione Feitosa Dolzane, on-line, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Faculdade de Educação (Faced) Universidade Federal do Amazonas (Ufam), coroando, de forma significativa, as comemorações dos 15 anos de implantação do Centro de Formação Continuada de Professores no Amazonas (CEFORT).
Sob a orientação da professora doutora Zeina Rebouças Corrêa Thomé, a banca, que aprovou a tese com recomendação para publicação, teve como membros as professoras e professores doutores Beatriz Helena Dal Molin, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioest), Crediné Silva de Menezes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luíza Maria Bessa Rebelo, da Faculdade Martha Falcão (MF/PPSP), Alberto Nogueira de Castro Junior, do Icomp/Ufam e Antônia Silva de Lima (Ufam).
A pesquisa desenvolvida por Ione Dolzane mostrou que, a partir da implantação do CEFORT-AM, foi impressa uma nova geografia singular às práticas de formação continuada de Professores no Amazonas, repercutindo e modificando o trabalho docente, requerendo novos procedimentos subjetivos adequados a essa nova emergência. Desenvolvida por meio de uma construção conceitual filosófica no contexto pós-estruturalista de uma filosofia contemporânea traçada num estudo cartográfico, a pesquisa requereu o acompanhamento de processos pela intervenção, possível a partir do CEFORT.
“Novos espaços do conhecimento neste estudo estão para aqueles que se definem abertos, constantes, em fluxo, não-lineares e que podem se renovar de acordo com o contexto no qual cada personagem de uma subjetivação exerce, não só um espaço singular, como também evolutivo muito diferente da posição linear e estrutural de um pensamento representacional”, explicou Dolzane, destacando que, diferente do mundo cartesiano, este espaço abriga a vida, o conhecimento coletivo e cooperativo, os afetos e perceptos que dão possibilidades à invenção, a recomposição do e no mundo.
De acordo com a pesquisadora, “esse novo contexto não apresenta apenas as novas tecnologias, traz junto novos pensamentos e pensadores carregando o frescor da crítica àquilo que não funciona mais no contexto atual, dando lugar a uma nova geografia do pensamento e consequentemente das práticas pedagógicas”, destacando Gilles Deleuze, Félix Guattari e Pierre Lévy como os teóricos desse contexto que traz novos conceitos como: diferença, repetição, virtual, atual, singularidade, multiplicidade, territorialização/desterritorialização/reterritorialização, subjetividade, inteligência coletiva, inteligência artificial, cibercultura, tecnologia da inteligência, o coletivo pensante, dentre muitos outros.
A tese analisa, entre outros movimentos, a existência de um território construído pela subjetivação de práticas coletivas no Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), executado a partir do CEFORT, cujas ações são desenvolvidas por professores pesquisadores, técnicos e estudantes de graduação, mestrado e doutorado que envolvem elaboração e desenvolvimento de materiais didáticos e tecnológicos (livros, vídeos, softwares, ambientes virtuais, criação iconográficas/infográficas de imagens, metodologias aplicáveis aos ambientes virtuais), materializados em programa de cursos, ateliês de atividades pedagógicas, eventos, metodologias aplicáveis aos ambientes virtuais), materializados em programa de cursos, ateliês de atividades pedagógicas, eventos etc.
O CEFORT-AM, explicou a pesquisadora, vem contribuindo com os sistemas de ensino e, particularmente, com a formação continuada de professores como sujeitos do processo educativo, entendendo que o investimento na formação docente, inicial e continuada, de forma que essa formação contemple a tematização de saberes e práticas num contexto de desenvolvimento permanente, implicando na contribuição com a melhoria do processo educativo na educação básica nos municípios do Estado do Amazonas, cujo acesso em cerca de 90% deles só é possível por via aérea ou fluvial.
“Esse modo de trabalho que envolveu diferentes parcerias resultou numa outra geografia de práticas, desenhando um mapa de outros modos de pensar a formação, gerando mudanças significativas nas redes de formação da cidade de Manaus e dos 62 municípios do Estado do Amazonas”, finaliza Ione Dolzane.
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