Terceiro volume da coleção ‘Quarentenas Amazônicas’ traz a relação entre Ciência e a espiritualidade
Por Irina Coelho
Equipe Ascom Ufam
A coleção ‘Quarentenas Amazônicas’, produzida pelos docentes Renan Albuquerque e Gerson André Ferreira, ligados ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ambientes Amazônicos (Nepam/Ufam), na última sexta-feira, 29, disponibilizou o terceiro volume da publicação. O ebook, publicado pelas editoras da Ufam (Edua) e Alexa Cultural, aborda a espiritualidade como categoria de investigação e a relaciona com o contexto de pandemia.
Os artigos, referentes às coletas realizadas entre os dias 11 a 26 de maio, propõem um diálogo entre dois engajamentos espirituais positivos, a espiritualidade branca (da Primeira Igreja Batista/PIB) e a cosmologia indígena de base clânica (dos Sateré-Mawé), e a Ciência no enfrentamento da covid-19. O primeiro deles, intitulado ‘Trabalho social e afetivo no combate ao novo coronavírus’, dos autores Elisângela Silva Oliveira Lessa, Patrícia Regina de Lima Silva e Phelipe Marques Reis, refere-se ao trabalho feito durante a pandemia pela Primeira Igreja Batista, localizada em Parintins.
Em ‘Os Sateré-Mawé, suas espiritualidades e o retrato da vida em meio à peste’, os autores Josias Sateré e Renan Albuquerque relatam o diálogo entre o mundo acadêmico e o mundo dos saberes ancestrais. O texto é dividido em duas partes e fica aparente que os Sateré-Mawé possuem um jeito bem particular e estratégico de se comunicarem e cuidarem de sua gente. São modos tradicionais que cultivam e protegem a saúde de uma população inteira, com base em suas espiritualidades e cosmopolíticas.
O terceiro volume conta ainda com o texto ‘Ciência aberta e a comunicação científica no novo normal’ assinado por Célia Simonetti Barbalho e Danielly Inomata e com o poema ‘Amazônia: do desolamento ao isolamento’ de Snidem. De acordo com um dos organizadores da publicação, docente Renan Albuquerque, todas as publicações ‘Quarentenas Amazônicas’, incluindo o quarto volume previsto para ser publicado dia 5 de junho, foram pensados e produzidos durante a primeira fase da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Em toda a Amazônia Legal, hoje, o Ministério da Saúde (MS) contabiliza mais de 120 mil casos de infectados com a covid-19. Entretanto, estudos da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com Imperial College London, apontam entre 650 e 880 mil pessoas com o vírus. Dentre as capitais, Manaus é a cidade com maior incidência da covid-19 na Amazônia, além de ter realizado, em abril e maio, mais de 5 mil sepultamentos e cremações, representando três vezes mais do que a média histórica de sepultamentos. É nesse contexto controverso que o poder público local planeja a reabertura gradual das atividades. Temos instituições como Universidade Harvard, Agrupamento Episcopal dos Bispos da Pan-amazônia e Médicos Sem Fronteiras que consideram a Amazônia brasileira em situação de crise humanitária. A região enfrenta uma crise silenciosa e que atinge populações invisíveis. Refletir sobre esse caos sanitário na nossa região foi o desafio dos quatro volumes da ‘Quarentenas Amazônicas’, finaliza.
Acesse também os volumes um e dois da ‘Quarentenas Amazônicas’.
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