Encapsulamento de compostos bioativos de plantas nativas da Amazônia podem combater os radicais livres, diz pesquisa
Por Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom Ufam
Este é o resultado da dissertação apresentado em dois artigos pela pesquisadora Josiana Moreira Mar do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Amazonas (PPGCEM/Ufam), os quais foram apresentados ainda neste ano, pelas revistas Powder Technology e LWT - Food Science and Techonology. A pesquisadora teve orientação do professor Edgar Sanches, coordenador do Laboratório de Polímeros Nanoestruturados.
As revistas internacionais conceituadas como A1 no novo qualisCAPES, são importantes na área de alimentos e tecnologia dos pós encapsulados. Elas estão disponíveis no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Amazonas (Sistebib) e na página do Programa: www.ppgcem.ufam.edu.br.
De acordo com Josiana Mar, ambos os trabalhos abordam o encapsulamento de compostos bioativos contidos em Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) da Amazônia. As pesquisas têm importância quando diz respeito à qualidade de vida das pessoas. Segundo ela, “é justamente a possibilidade de trazer para as pessoas, por meio das plantas que são pouco conhecidas, porém, facilmente encontradas na região. São fontes naturais de alto potencial antioxidante em suas alimentações, uma vez que é uma alimentação rica em vegetais e é a melhor opção para se proteger e combater os radicais livres. Somos expostos constantemente em exposição acumulada em nossos organismos, seu excesso acaba danificando as células, e, consequentemente, dá importância aos antioxidantes por serem moléculas com carga positiva que se combinam com os radicais livres, tornando-os inofensivos”.
Dentre 15 plantas selecionadas para estudo, somente três possibilitaram a resultado satisfatório, como os frutos de Buxixus (Clidemia hirta e Clidemia japurensis) e folhas de Vinagreira (Hibiscusacetosella). Outras espécies chamaram sua atenção, quanto ao alto potencial antioxidante. De acordo com ela, os compostos bioativos desempenham diferentes papéis como atividade antioxidante, equilíbrio do nível hormonal, antibacteriana e antiviral. Prova disso, são os estudos com fenólicos, carotenoides e ácido ascórbico, presentes nos alimentos, exercem influência na redução do risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, inflamações, doenças cardiovasculares e outras.
A pesquisadora conta que as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), após higienizadas são secadas pelos métodos de liofilização e spray dryer, obtêm-se chás e sucos. “Após esse processo foi realizado o encapsulamento dos compostos bioativos das matrizes e avaliação das partículas obtidas através de diferentes métodos como: MEV, atividade de água, ressonância magnética nuclear, ICP-OES, termogravimetria, potencial antioxidante, dentre outras”, argumento a pesquisadora.
“Atualmente, a população está cada vez mais propícia às doenças radicalares e os alimentos antioxidantes provenientes de fontes naturais, possuem uma extrema importância devido ao seu valor nutricional, uma vez que exercem uma significativa atividade biológica. As Panc são constituídas por compostos químicos que podem gerar diversos benefícios à saúde humana. São os chamados compostos bioativos, e justamente a procura da sociedade por uma melhor qualidade de vida está diretamente ligada à sua alimentação e isso tem gerado um aumento na demanda por alimentos que, além de cumprirem suas funções nutricionais básicas, oferecem maiores benefícios à saúde e são espécies mais próximas da população amazônica e futuramente mundial”, completou Josiana Mar.
Os artigos
Na primeira publicação, o artigo Bioactive compounds-rich powders: Influence of different carriersand dryingtechniques on the chemical stability of the Hibiscusacetosellaextract, publicado pela revista Powder Technology, foi avaliado os efeitos de diferentesmétodos de secagem (liofilização ou spray drying) e carreadores (goma arábica ou inulina)na estabilidade dos compostos bioativos do extrato de Hibiscusacetosella (HAE). Durante estocagem, mostrou que os compostos bioativos encapsulados por goma arábica e produzidos pelo processo de liofilização foram melhores protegidos e retidos no interior das partículas. Segundo o orientador, professor Edgar Sanches, “este tema de pesquisa é de extrema importância, pois contempla “a identificação de compostos bioativos de plantas alimentícias não convencionais da Amazônia, permite o desenvolvimento de carreadores específicos para o seu encapsulamento e proteção, além da avaliação da estabilidade dos sistemas”.
Já a segunda publicação do artigo Encapsulation of AmazonianBlueberry juices: Evaluation of bioactive compounds and stability, publicado pela revista LWT - Food Science and Technology, relata o encapsulamento de compostos bioativos contidos nos sucos de Clidemiajapurensis e Clidemia hirta(espécies conhecidas como blueberries da Amazônia) emmaltodextrina com diferentes concentrações de dextrose. As micropartículas contendo os sucos encapsulados foram obtidas pelo processo de liofilização. A estabilidade doscompostos bioativos encapsulados foi avaliada sob diferentes umidades relativas (UR = 22 ou 77%). Os resultados mostraram que os compostos bioativos apresentaram maior proteção sendo encapsulados em carreadores contendo a menor DE (equivalente dextrose) e armazenados em UR = 22%. Esses resultados representam uma possibilidade interessantede aplicação desses produtos na indústria de alimentos.
Parcerias
É importante ressaltar que as pesquisas envolveram centros de pesquisas da Ufam, como: NMRLab, Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), além do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Laboratório de Biosciências e Espectrometria de Massas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
As pesquisas também contaram com colaboração direta dos docentes Pedro H. Campelo (Ufam), Valdely Kinupp (Ifam) e Jaqueline de Araújo Bezerra (Ifam), coorientadora da egressa do Programa.
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