Em palestra no ICB, professor Attico Chassot alerta quanto aos cuidados do meio ambiente
Por Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom Ufam
Promovida pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas (ICB/Ufam), a palestra “Assestando óculos para olhar o mundo” teve como objetivo estabelecer alguns padrões e objetos para olhar o mundo. O evento, que integra a programação de acolhida dos alunos para o ano letivo de 2020, ocorreu na tarde desta terça-feira, 10, no auditório do ICB, localizado no setor Sul, do Campus Universitário.
O professor Attico Chassot disse que, desde 2019, realiza apresentações com essa temática em importantes universidades brasileiras e, nos últimos tempos, inseriu um prelúdio e um posfácio a alguns excertos da Encíclica do Papa Francisco, Laudato si, que significa 'Louvado sejas', na qual critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas.
Ele ressaltou que, mesmo numa Universidade laica, não faz proselitismo religioso, apenas afirma que a Encíclica publicada em 18 de junho de 2015 é o melhor documento sobre o cuidado da nossa casa comum, o planeta Terra. A Encíclica papal é uma resposta às expectativas das comunidades religiosas, ambientais e científicas internacionais, bem como de lideranças políticas, econômicas e dos meios de comunicação social, acerca da crise representada pelas mudanças climáticas. Para o professor, a degradação do meio ambiente é um caso muito sério, ainda mais diante as atuais políticas contra as terras indígenas, a liberação de agrotóxicos e a exploração indiscriminada da Amazônia. Ele alerta para que se crie um antídoto contra essas políticas governamentais.
Nesse sentido, Attico Chassot enfatiza que a Encíclica papal é referência contra a problemática enfrentada na atualidade, e cita também o sociólogo, filosofo e educador, Edgar Morin, quanto aos cuidados para com o planeta Terra. Ele exemplifica o caso de desrespeito ocorrido no sul do Pará, quanto ao envenenamento de terras dos índios Xikrin, realizado pela Companhia de Mineração Vale, é um dos fatores de aculturamento daquela comunidade, e consequentemente, seu extermínio.
O docente aponta o alcoolismo como um grande problema de desestabilidade social, comparando o fato ao período colonial, quando a Igreja Católica vendia indulgência para que o cristão alcançasse seu lugar no paraíso. Em tempos atuais, o professor faz uma analogia com o fato de o capital explorar os povos tradicionais com interesse na exploração da terra pertencente a esses povos.
"A valorização do conhecimento tradicional nos permite compreender e ser consciente dessa realidade que perpassa como instrumento de resistência aos interesses do capital, possibilitando um novo pensar que alia a natureza e nos garante a sobrevivência como espécie humana", disse o professor. Nesse aspecto, o pesquisador dá prioridade as orientações tanto do mestrado quanto no doutorado, falou sobre a valorização dos saberes escolares. Ele exemplificou com a atividade de produção de farinha pelas comunidades tradicionais, quando uma orientanda de doutorado no município de Parintins (AM) colocou em prática a compreensão nas aulas de Química, em escola pública, quanto aos procedimentos de elaboração, resgatando essa atividade milenar no âmbito escolar.
Segundo o professor, é preciso resgatar e se apropriar os saberes tradicionais para que eles possam ser ensinados em sala de aula, destacando seis maneiras de olhar o mundo∶ Senso comum, pensamento mágico, saberes primevos, mitos, religiões e ciência. Para ele, com os seis óculos apresentados, é possível enxergar o mundo de forma diferenciada. Quem olha o mundo sob a perspectiva da religião, vê diferente de quem escolheu óculos da ciência.
O professor assegurou que nenhum deles é o melhor, mas cada um escolhe o óculos que achar conveniente ou de acordo com suas vivências. Durante sua fala, o professor destacou dois universos importantes entre si: os óculos da religião e o da ciência. Ele finalizou contando que as crenças dadas pela religião são compreendidas pela fé. Por outro lado, em vez de acreditar, a ciência entende que com o uso da razão apresenta uma outra perspectiva.
Sobre o palestrante
Attico Chassot, professor desde março de 1961, é licenciado em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/1965), mestre em Educação (UFRGS/1976), doutor em Ciências Humanas (UFRGS/1994) e pós-doutorado pela Universidade Complutense de Madrid, em 2002. É professor Titular (aposentado) do Instituto de Química da UFRGS. Foi professor da PUC-RS, da Ulbra, da Faculdade Portoalegrense, da Unisinos (coordenador do Programa de Pós-Graduação Educação), da Unilasalle, na URI de Frederico Westphalen e do Centro Universitário Metodista ? IPA.
Foi professor visitante da Alborg Universitete, Dinamarca e na Universidade de Lanus, na Argentina. Foi orientador em regime de co-tutela na Lyon 2, na França. Atualmente é professor e pesquisador Orientador de doutorado na REAMEC- Rede Amazônica Ensino de Ciência e Professor visitante Sênior da UNIFESSPA/Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará com atividades no PPGECM/ Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática Enquanto professor já esteve para cursos e/ou palestras em todos estados do Brasil e em alguns países.
Autor entre outros de A ciência através dos tempos (MODERNA, 1994; 28ª ed. 2018); Alfabetização científica: questões e desafios para a educação (EdUNIJUÍ, 2000; 8ªed. 2018); Educação conSciência (2003, 1ª ed. EdUNISC; 3ª ed, 2010). Para que(m) é útil o ensino? (1995; 4ªed, UNIJUÍ, 2018) A Ciência é masculina? (EdUNISINOS 2003, 9ªed, 2019); Sete escritos sobre Educação e Ciências (Cortez 2008); Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto (Editora Unijuí, 2012) e Das disciplinas à Indisciplina (Editora Appris, 2016). Mais detalhes em www.professorchassot.pro.br.
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